Sinto minha respiração ficar ainda mais pesada; as lágrimas já escorriam pelo meu rosto. Eu não sabia o que fazer; meus pensamentos estão se embaralhando, não consigo me acalmar e nem pensar direito. Escuto o Douglas me chamar, fazendo com que eu volte à realidade.
— Olha pra mim...
— Eu não quero que me vejam assim — falo pro Douglas.
— Tenta se acalmar, respirar devagarinho; tô aqui com você.
Começo a fazer o que ele disse, controlo a respiração e vou tentando respirar devagar. Vou fazendo isso até voltar ao normal. Nunca tinha conseguido controlar uma crise assim; sempre esperava ela passar sozinha.
Quando ele vê que estou calmo, ele chega perto de mim e me abraça.
— Obrigado — falo, ainda sendo abraçado por ele.
— Não precisa agradecer; tô aqui pra você.
— Onde aprendeu isso de controlar a respiração?
— No Boxe, tem que manter a respiração calma pra não cansar de pressa. Agora, se você tiver outra crise e eu não tiver por perto, você já sabe como fazer.
— Espero não precisar.
— Eu também espero que você não precise — Ele fala isso e me dá um beijo na cabeça.
— Vamos pra um lugar mais tranquilo?
— Onde?
— A sala do meu pai. Fica no último andar.
Vamos até o elevador que estava próximo dali, aperto o botão e logo ele se abre. Entramos, e eu aperto o botão do último andar. Enquanto o elevador sobe, Douglas volta a me abraçar; o abraço de volta com um pouco mais de força. Ficar assim abraçado com ele faz eu me sentir seguro.
Logo, a porta do elevador se abre, e saímos na recepção. Ele segura minha mão e me leva até o escritório do meu pai. Abre a porta pra conferir se não tem ninguém e entramos. Vou até o sofá que fica no canto da parede e me sento nele. Eu já estou bem melhor, só um pouco triste.
Eu e meu pai não falamos sobre o acidente; falamos de vez em quando sobre ela, mas não do acidente. Escutar sobre aquele dia de novo me fez reviver memórias que gostaria de esquecer de vez.
— Você tá bem? Tá conseguindo respirar direito?
— Tô sim — falo, dando um sorriso pequeno.
— Você quer conversar sobre isso ou você prefere esquecer?
— Eu não sei.
— Eu tô aqui pra você; tá bom? Se quiser conversar, eu tô aqui; ou se quiser ir pra casa, eu te levo. Você que sabe.
— Não falo muito sobre isso, mas acho que conversar um pouco vai ser bom.
— Fala no seu tempo; estou aqui pra te ouvir.
Ele fala, sentando-se ao meu lado no sofá.
— Vai fazer três meses que a minha mãe faleceu; eu a amava... que dizer, ainda amo muito ela. Tínhamos uma relação ótima. O nome dela era Júlia.
Parei de falar quando senti uma vontade imensa de chorar se aproximando. Sinto a mão dele na minha coxa, em uma forma de me acalmar. Respiro fundo e continuo:
— Era o último jogo da temporada naquele dia; eu tava muito animado, já que não foi fácil chegar na final. Falei que ela não precisava ir; meus pais sempre foram aos meus jogos, mas eu sabia que naquele dia os dois estavam bem ocupados. Só que ela insistiu que queria me ver jogar, perto do horário de começar o jogo. Ela me mandou mensagem, falando que tava indo e disse que meu pai não ia poder ir, já que não conseguia adiar a reunião que tinha. Porém, tinha me desejado boa sorte.
Quando o jogo começou, ela ainda não avia chegado, mas eu só descobri no final o porquê daquilo. No caminho pro lugar onde seria o jogo daquele dia, ela tinha parado o carro em um sinal vermelho e, quando ele ficou verde, ela acelerou... e por falta de atenção de um cara, ele não percebeu que o sinal na frente dele estava vermelho; ele também acelerou e bateu na lateral do carro dela, justamente no lado do motorista. Falaram que, como o impacto foi inteiro do lado dela, ela morreu na hora, e eu só soube no final do jogo, quando meu pai me ligou. Eu tava junto com o Daniel na hora, e ele me levou ao hospital, onde ela tava; meu pai já estava lá, e eu só fiz abraçar ele e chorar.
Quando terminei de contar, eu já estava soluçando de tanto chorar. Ele me puxou pra perto, encostou minha cabeça no peito dele e me abraçou.
— Eu sinto muito, Theo.
Ele falou isso e me abraçou ainda mais forte. Ficamos assim por um tempo; aos poucos, fui parando de chorar e me acalmando por inteiro.
— Você quer água ou alguma outra coisa?
— Quero água; tô com um pouco de sede.
— Vou lá embaixo pegar pra você; vai ficar bem aqui?
— Vou sim; só volta logo.
— Certo.
Vejo ele levantar e sair da sala; então, tiro meus sapatos e o terno, ficando só com a parte de dentro da camisa. Me deitei no sofá e, aos poucos, fui caindo no sono.
DOUGLAS
Desci até o andar da festa, fui até o bar e pedi duas garrafas de água ao barman. Ele logo trouxe e me entregou. Quando tava voltando pro elevador, escuto o pai dele me chamar:
— Me falaram que viram o Theo e você subindo; tá tudo bem?
— Agora tá; estávamos conversando no bar, e teve um dos amigos do senhor que veio falar com ele pra dar os pêsames sobre sua esposa. Sem querer, ele falou sobre o acidente, o que fez com que o Theo tivesse uma crise. Ajudei ele a se acalmar, e quando ele tava melhor, ele quis subir até a sua sala.
Vi que ele não falou nada; então, continuo:
— Ele me contou sobre o acidente... Ele tá bem não precisa se preocupar, vim aqui embaixo porque ele falou que tava com sede, então vim buscar água.
— Ele tem sorte de ter você na vida dele; muito obrigado por ter o ajudado.
— Não precisa agradecer, senhor; eu gosto muito do seu filho e quero ver ele bem. Eu é que tenho sorte de ter ele na minha vida.
— Se ele precisar de alguma coisa, você me fala, tá bom?
— Certo, senhor; e pode ficar tranquilo que vou cuidar dele e levá-lo pra casa.
— Muito obrigado.
Só faço um sinal com a cabeça e volto pro elevador. Quando entro no escritório de novo, vejo ele deitado no sofá, dormindo, e parece estar muito tranquilo.
THEO
Aos pouquinhos, eu vou acordando e lembrando onde estou; abro meus olhos e vejo o Douglas admirando a vista da sala do meu pai. A vista é realmente bem linda; atrás da mesa são só janelas de vidro que permitem ver a cidade; é realmente bem bonito.
— Que horas são? pergunto, fazendo Douglas virar pra mim. Ele pega uma garrafa de água e vem até mim.
— Dez e meia; você não dormiu muito.
— Vem; vou levar você pra casa — ele fala.
Então, levanto, pego minhas coisas e saímos do escritório.
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Já Posso Falar Que Te Amo?
RomanceÉle não perder tempo e me beija era um beijo devagar só que ao mesmo tempo bem intenso ele explora minha boca com sua língua e faço o mesmo com a dele quando paramos o beijo ele tá com o negócio completamente duro e se já era grande normal imagina d...