Encarei a imensa janela, admirando a paisagem enquanto tomava meu café. O dia estava nublado e chuvoso, e eu amava dias assim.
Já se passaram uma semana desde aquela bendita festa, e não consegui tirar Torrance da cabeça. O filho, não o pai. O que me deixa com os nervos aflorados, já que deveria ser o contrário. Não podia me distrair, nunca perdi um alvo em seis anos, não será essa a primeira vez. A campainha tocou e rapidamente agarrei minha arma de cima do balcão, enfiando no cós da calça nas costas. Caminhei em alerta até a entrada, abrindo apenas uma fresta da porta. Minha mão suava ao redor da maçaneta e a outra segurava firme o cabo da Glock. Relaxei instantaneamente quando vi que era apenas um entregador.
Ele esticou um buquê de rosas negras em minha direção e pisquei algumas vezes.
— Tem certeza que é o endereço correto?
Ele olhou para o tablet em sua mão.
— Senhorita Helena Andrade?
Apenas confirmei com a cabeça, peguei o buquê e fechei a porta. Analisei as flores caras e exóticas, percebendo um pequeno cartão entre elas.
“Eu realmente gostaria de vê-la novamente, viúva negra!”
Como diabos Damon me encontrou?
Bom, espero que o apelido seja referente ao filme, porque se for pela aranha, porra, ficarei muito brava. Eu detestava aranhas!
Em todo caso, odiei o apelido,mas adorei as flores, realmente são a minha cara!
***
Estava tentando consertar a torneira da cozinha que eu mesma quebrei. Entre jatos de água e movimentos desesperados, minha correntinha se enroscou em alguma coisa e acabou arrebentando.
Filha da puta! Que dia do caralho!
A corrente era a única lembrança da minha mãe. Ela me deu de presente no meu aniversário de seis anos, e não tirei do pescoço desde então.
Desisti da torneira e subi para trocar a roupa molhada, guardei a jóia no bolso da calça, desci e peguei a chave da moto, decidida a procurar um lugar que consertasse a corrente.
Estacionei em frente a uma joalheria, notando as peças de bom gosto na vitrine, mas não permaneci por muito tempo lá dentro, já que o responsável pelo conserto não se encontrava na loja.
Cidade pequena é o caralho mesmo.
Já era final de tarde e eu estava fazendo meu caminho de volta para casa, quando decidi que estava entediada demais e precisava me distrair. Quem sabe com músicas e uma quantidade duvidosa de álcool? Gostei.
Deitando a moto até quase tocar meu joelho no asfalto, fiz o retorno no meio da rua mesmo, ouvindo buzinas e reclamações atrás de mim.
Sorri embaixo do capacete.
Virei a cabeça de um lado para o outro, e então, um lugar em especial chamou minha atenção.
Sticks.
Conseguia ver de longe algumas mesas de sinuca, e porra, eu me divertia demais dando uma surra nos homens que acham que mulheres não sabiam jogar.
Parei a moto com a roda da frente apontada para a rua, desci o descanso e assim que retirei o capacete, meus cabelos ondulados caíram até quase bater na minha bunda. Estava vestindo uma calça jeans preta agarrada em minhas curvas, uma bota de salto cano curto e uma jaqueta de couro também preta; aberta sob a regata branca. Hoje apenas as minhas tatuagens na mão e no pescoço estavam à mostra. Acredito que uma mulher assim em cima de uma moto 1000cc, não seja tão comum por aqui, porque os olhares de todos queimaram meu rosto. Não dando a mínima para atenção, desci da moto com o capacete embaixo do braço e entrei no lugar. Ainda parada na porta, notei que o bar estava lotado por ser sábado a noite e não havia nenhuma mesa livre perto da sinuca, mas olhei para um garoto que ocupava uma delas sozinho e fui até lá.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Black Widow - Devil's Night
RomanceEssa fic foi inspirada nos livros da série Devil's Night de Penélope Douglas, mas a história é MINHA, criada e escrita pela MINHA PESSOA. *Não exclua Wattpad*