CAPÍTULO 11

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Helena

Acordei com uma dor suave pelo corpo. Mesmo após cinco dias daquela noite na floresta, ainda sentia os resquícios. O que fiz com Michael e Kai foi depravado, sujo e perversamente delicioso! Não me arrependi um segundo sequer, ao contrário de Michael, que acredito ter me detestado ainda mais. Ele não atendeu minhas ligações e a única coisa que recebi dele, foi o silêncio. Igualmente de Damon, que não me procurou desde então.

Talvez ele saiba.

Talvez Michael tenha contado como uma forma de vingança.

Sentei na cama com o peito comprimido, um buraco negro tomando tudo.

Você toma as piores decisões Helena, afasta tudo e todos de você.

Sim, é exatamente o que eu faço! Como uma avalanche, desço ladeira abaixo engolindo tudo e machucando quem está à frente.

Encarei a adaga em cima da mesa de cabeceira, Michael deve ter voltado procurar por ela aquela noite e me trouxe enquanto eu dormia, deixando exatamente ali, e ali ficou. Peguei o objeto na palma, passando os dedos sob a lâmina e pensando como seria se eu não fosse espectro.

Eu seria feliz com ele? Provavelmente seria presa, isso sim!

Nós dois não aconteceria de qualquer forma. Não era a adaga ou a minha profissão, o problema era eu. Eu sou assim, minha alma foi arrancada aos sete anos de idade e nunca mais poderei amar alguém, sentir paz ou essas merdas.

Com ou sem espectro, eu sou o que sou.

Meu celular tocou, enviando um cubo de gelo para o meu estômago. Deixei a adaga no mesmo lugar e tirei o celular do carregador, sentindo meus ombros caírem de imediato quando vi que não era nenhum deles. Porém, não reconheci o número.

— Alô?

— Bom dia princesa!

Arregalei os olhos ao ouvir a voz do outro lado da linha.

— Gabriel? É… Bom dia!

Ele riu frouxo.

— Surpresa?

Eu tentei encontrar as palavras. Estava realmente surpresa!

— A que devo a honra da sua ligação?

Ele estalou a língua.

— Você mencionou algo sobre me parabenizar atrasado — fez uma pausa. — Então, que tal comparecer ao jantar que darei esta noite?

Porra, não estava contando com isso.

Parece que estava chegando a hora de finalizar essa missão e deixar tudo para trás…

— Que horas devo estar na sua casa?

— Aguardo você às dez da noite. – Ele baixou o tom de voz — Estou ansioso, princesa!

***

Estacionei minha Lamborghini em frente a entrada da mansão, relembrando a primeira vez que vi Damon. O garoto que apesar de novo, parecia ter vivido cem anos. Como se a vida tivesse batido nele incansavelmente, obrigando-o a crescer. Sorri com o quão parecidos podemos ser, mas meu sorriso sumiu quando lembrei que iguais se repelem, não se atraem.

Fui conduzida para dentro por um dos funcionários que me levou até a sala de estar. A casa aparentava estar vazia, o que eu não esperava, já que Gabriel mencionou um jantar.

Observei os quadros na parede com várias fotografias de Damon em diversas idades. Sua mãe estava em quase todas, como um fantasma agarrada ao filho.

Vadia!

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