CAPÍTULO 15

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Damon

— Você a perdeu de vista caralho! — Gritei.

Michael fechou a mão e socou o volante, tão forte que pensei que fosse se partir.

— Seria estranho se você conseguisse alcançá-la — Will zombou. — Não apenas pelo motor, mas pela habilidade que ela obviamente tem!

Kai seguiu o engraçadinho na risada.

— O que ela está fazendo aqui? — Pensei em voz alta. — Ela deveria estar morta!

Michael se virou entre os bancos e agarrou a gola do meu casaco.

— Não repita essa merda novamente!

Agarrei seu punho, flexionando a mandíbula e sentindo meu corpo vibrar.

— Esqueci que ela é sua putinha!

Ele rosnou e eu sabia que estava prestes a lançar um soco no meio da minha cara, mas Kai interveio.

— Se acalmem — ele colocou a mão no peito de Michael. — Deixe isso para lá e vamos até o armazém. A festa já deve estar rolando!

Permanecemos nos encarando por um tempo, nenhum dos dois querendo desistir da guerra silenciosa que se instalou entre nós. Até que por fim, ele me soltou, voltando para o banco e colocando o carro em movimento, fazendo o retorno na estrada em direção a cidade.

Eu não queria realmente ter dito isso. Óbvio que eu não a queria morta, preferia arrancar um pedaço de mim a nunca mais vê-la. Mas a raiva foi tanta por lembrar de que ela já esteve aninhada na cama dele, que acabei falando palavras vazias, que nunca foram verdade. Mas confesso que esse foi o pensamento que tive por diversas vezes. Dado ao que fazia, com o que trabalhava, era o mais lógico motivo pelo seu sumiço durante um ano. Escolhia pensar que era isso, ao invés de que simplesmente ela não me queria mais. Na verdade, preferia não pensar, ambos me torturavam.

Minha cabeça estava girando loucamente enquanto encarava a paisagem pelo vidro.

O que ela estava fazendo aqui, por quê voltou?

Eu ansiava ter Helena mais uma vez, mas agora que estava aqui, sentia que iria a perder novamente.

Estacionamos em frente a festa, que já se encontrava lotada de jovens e bocetas no cio.

Vou me enterrar em alguém hoje

Entrar nesse prédio gigantesco era como adentrar em um mundo diferente. O armazém havia sido destruído há muitos anos e as vigas de aço de quinze metros de altura, estavam com a pintura descascada e enferrujadas por conta do clima e do tempo. Poucas paredes ainda se mantinham de pé e o telhado apresentava buracos enormes, fazendo com que a chuva forte que começou ainda a pouco, fluísse por ali. Andamos lentamente pelo caos que mais se assemelhava a uma pequena cidade subterrânea pós-apocalíptica. No entanto, apesar da escuridão, do aspecto do metal frio e imundo, e da fogueira indomável à esquerda, a loucura deste lugar era melhor do que qualquer festa de fraternidade.

O silêncio seria ensurdecedor nessa mesa se não fosse pela música alta. Nós quatro tomamos nosso lugar de sempre, em uma mesa alta estilo camarote, rodeada por um sofá em U. Michael estava sentado à minha frente, visivelmente desconfortável, dando a impressão de ter espinhos enfiados na bunda. Com certeza estava desesperado para levantar e procurar por Helena. Pelo menos estava, até seus olhos encontrarem Rika com seus amigos na pista de dança. Eles se conheciam desde a infância, mas mal trocaram dez palavras até hoje. Os Fane e os Crist eram as famílias mais ricas da cidade, e ambos concordaram desde que Erika ainda era um bebê, que seu destino estava traçado ao lado de Trevor, o irmão mais novo de Michael. Ao contrário dele, Trevor sempre foi o menino perfeito aos olhos de todos, o melhor aluno, o mais educado e gentil. E a doce e meiga Rika, formaria um par perfeito com ele, completando a realeza. Mas ela nunca gostou do babaca, seu coração batia forte pelo mais velho e tinha certeza que era recíproco. Apesar de Michael tentar disfarçar os sentimentos com desprezo, ignorando completamente a existência da garota.

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