CAPÍTULO 16

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Michael

— Te deixaram sozinho?

A voz de Helena me fez fechar os olhos, absorto na sensação de alívio ao encontrá-la, quando achei nunca mais vê-la.

— Porra! Helena! — Sussurrei.

Quando abri os olhos novamente, ela estava na minha frente, poucos passos nos separavam. Em um impulso, me lancei em sua direção desesperado por sentir seu toque, seu corpo e seu cheiro me embriagando. Mas ela recuou instantaneamente.

— Alguns minutos atrás, você não parecia sentir tanto a minha falta — provocou.

Pude ver as labaredas chamuscando no seu olhar.

— Mas eu senti — balancei a cabeça, tentando controlar meus sentimentos que tentavam transbordar pelos meus olhos. — Porra Helena, eu senti pra caralho!

Ela engoliu em seco.

Estava prestes a tentar argumentar mais, quando me surpreendendo, ela se atirou sobre mim, enlaçando meu pescoço num abraço apertado e quase nos jogando ao chão. Correspondi o gesto, circulando sua cintura fina e aprofundando o rosto na curva do seu pescoço, respirando fundo aquele perfume enquanto seu cabelo me cobria.

Ela é a porra do meu paraíso

Tudo e todos desaparecem quando estou com ela, o peso dos meus ombros some como num passe de mágica. Não existe mais nada lá fora, tudo é calmaria.

— Eu quis vir até você em cada segundo desses malditos anos — a voz trêmula.

Me afastei apenas um pouco para analisar suas expressões.

Ela estava chorando.

Puta merda

— Você está aqui agora — deitei sua cabeça no meu peito. — Isso é tudo que importa.

Ficamos assim, em silêncio, apenas sentindo um ao outro.

Seu corpo tremeu, me despertando.

— Vamos sair dessa chuva! — Peguei sua mão. — Vou te levar para casa.

Ela sorriu sarcástica. Não evitei sorrir de volta com a antiga Helena aparecendo.

— Acho que hoje sou eu a te levar, Michael — ela fez biquinho. — A pobre donzela indefesa, salvando seu príncipe da chuva que açoitava a madrugada.

Nós dois caímos na gargalhada.

Meu Deus, quanta falta eu sentia disso.

Minha metade.

Tudo que faltava em mim, nela eu encontrava! Quando Helena se foi, levou essa parte minha consigo, e por mais de um ano, me senti desabitado, mutilado.

— Vem, meu carro está aqui perto.

Eu a segui, encarando suas costas e pensando no dia que ela se foi. Gostaria de perguntar se ela se curou, ou se pelo menos, as cicatrizes não doíam mais. Externas e internas. Mas sabia que não era o momento. Nós teremos essa conversa uma outra hora, porque desta vez, não deixarei ela escapar de mim.

Alguns minutos depois, chegamos a mesma Bugatti de antes. Helena deu a volta em direção ao lado do motorista, mas eu a impedi de entrar, girando seu corpo pelo ombro e imprensando contra a lataria. Tomei sua boca em um beijo profundo, agoniado e cheio de saudades, enquanto minhas mãos percorriam todo o corpo, conferindo se cada pedacinho dela estava no seu devido lugar.

Ela puxou um punhado do meu cabelo próximo a nuca e mordeu meu lábio, enviando todo o sangue para o meu pau, que já implorava por espaço nas calças.

Black Widow - Devil's Night Onde histórias criam vida. Descubra agora