CAPÍTULO 21

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Damon

Desde que entrei naquele maldito lugar, não consegui pensar em outras coisas, a não ser o modo que iria fazer Rika pagar e o quanto queria reencontrar Helena. Quando pisei na mansão novamente, após ser sufocado por Banks e seu exagero de demonstração de afeto, fui inundado pelo perfume dela.

Ela estava aqui?

Empurrei minha irmã para o lado, pisando firme para dentro da casa e virando a cabeça ao redor.

— Ela não está aqui, Damon. — Banks avisou atrás de mim.

Parei meus passos, ainda de costas para a entrada.

— Mas esteve!

Fechei os olhos, respirando fundo e absorvendo aquele cheiro que desejei com todas as minhas forças, por anos. Era como se nunca tivesse deixado de sentir. E não deixei. Acordava pela manhã com ele e dormia a noite com ele também.

Helena cheirava a cigarro, café — às vezes whisky — e flor de cerejeira. Nunca pensei que a mistura seria boa, mas é fodidamente perfeita.

Banks se aproximou, tocando receosa meu ombro.

— Vem, vou te mostrar.

Abri os olhos, ouvindo seus passos sumirem pelo corredor e fui até lá. Ela estava parada na entrada do salão velho que meu pai costumava usar para as festas de Natalya. O olhar apreensivo e a postura hesitante, calculando mentalmente se deveria mesmo me mostrar o que estava por trás daquelas portas duplas.

— Por favor, não grite comigo. Isso foi ideia da Lena.

Levantei uma sobrancelha, primeiro pelo pedido, já sabendo que não gostaria do que iria ver. Segundo, pelo apelido.

Elas eram íntimas agora?

— Saia da frente — ordenei.

Ela obedeceu, me dando passagem para uma espécie de academia. Vários aparelhos de musculação de todos os tipos e tamanhos, estavam alinhados ao meu lado esquerdo, juntamente com um espelho que ocupava toda a parede, de cima à baixo. No centro da sala havia um tatame preto, enorme e rente ao chão. Um pouco mais atrás, avistei três sacos de pancadas pendurados em suportes no teto, e na parede ao fundo, vários modelos de espadas e essas merdas que o Kai saberia dizer quais eram.

Fiquei parado no portal, absorvendo tudo que vi, imaginando o que as duas fizeram aqui, por dias e mais dias. Ela estava em tudo aqui. Cada pedacinho da sala que eu olhava, parecia que estava olhando para Helena. O cinzeiro de cristal cheio de bitucas de cigarro, os copos de café na lixeira ao meu lado, as bandagens pretas com um desenho de caveira sorrindo malignamente. Pude imaginar ela envolta na sua mão, a caveira no dorso, pronta para socar a cara de alguém.

Não poderia ser mais ela que isso.

Banks passou por mim, indo até um armário de vidro ao lado da porta e pegando alguma coisa ali dentro. Permaneci parado no mesmo lugar, abismado com a astúcia em saber exatamente como se conectar com minha irmã. Ela me prometeu cuidar de Banks, mas não imaginei que seria presente! Pensei que apenas mandaria algum dos seus cachorros vigiar o perímetro e faria depósitos para que ela pudesse sobreviver.

— Lena me deu esse presente antes de ir embora.

Ela esticou as duas mãos com uma adaga entre as palmas. O objeto era delicado, mas afiado, inteiramente preto e com alguns brilhantes cravados no cabo.

Eu tinha inveja pelo tempo que minha irmã teve ao lado dela, daria tudo para estar no seu lugar!

Peguei o objeto, erguendo em frente ao meu rosto e admirando a luz reluzindo nos cristais. Havia uma frase escrita na cor prata sobre a lâmina preta, apertei os olhos para ler.

Black Widow - Devil's Night Onde histórias criam vida. Descubra agora