Noite do assassinato
Damon— Damon! — gritou. — Porra! Olhe para mim! Damon!
A voz de Banks soava como um sussurro dentre tantas outras que me ensurdecem.
Permaneci imóvel, encarando a entrada da garagem por onde Helena desapareceu. Meu coração assolava a caixa torácica, tentando de todo jeito criar um buraco e escapar do tormento que meu peito se encontrava.
Quando minha irmã me ligou desesperada, dizendo que Gabriel estava agredindo uma mulher na sala, algo dentro de mim soube que era ela. Eu vim o mais rápido que pude, mas não foi o suficiente. Quando me deparei com aquela cena, quase caí de joelhos. Meu pai abusava de Helena, seu vestido todo rasgado e coberto de sangue, deitada entre cacos de vidros e a bagunça de coisas estilhaçadas. Gabriel também estava machucado, o nariz ensanguentado parecia quebrado, a camisa branca manchada de carmesim e um hematoma roxo começava a se formar no olho esquerdo.
Ela lutou com ele, então por quê não continuou?
Meu pai estava segurando seus braços acima da cabeça num aperto frouxo, Helena poderia facilmente sair dele. Mas ela apenas encarava a janela, com lágrimas encharcando o rosto e a expressão de quem já havia aceitado seu destino.
“Eu tinha sete”
Lembrei da sua confissão, do esforço tremendo que ela fez para essas palavras saírem de onde estavam enjauladas. Helena também foi abusada quando criança, e só podia ser isso que estava fazendo ela entrar em parafusos. Como se ainda fosse a garotinha sem nenhum poder contra seu agressor.
Meu rosto esquentou tanto, que a única coisa que eu via era vermelho e não pensei em mais nada, a não ser tirá-lo de cima dela. Eu estava pronto para socar o desgraçado até seus pulmões pararem de oxigenar e seu cérebro não funcionar mais. Porém, o que ele revelou me fez congelar.
Christiane, eu sou filho dela
Como ela pôde me deixar nessa casa? Como teve coragem de entregar o filho para esses monstros e continuar por perto, assistindo ele ser destruído de dentro para fora?
Cristiane era a mulher mais rica da cidade, ela devia ter feito algo!
Meu ódio não era menor por ela do que por Gabriel e Natalya. Ambos desumanos, cada um à sua maneira.
Erika Fane, minha irmã?
Eu a fiz sofrer tanto, assustei e encurralei diversas vezes pelos corredores dos Crist. Ela tremia só em me ver ao lado de Michael, o menino que tomava seu coração. Porra, eu já cheguei a pensar algumas vezes como seria estar dentro dela.
Maldição
Enquanto tentava incessantemente engolir essas informações, percebi Helena girando a cabeça ao redor procurando algo. De repente, os movimentos cessaram e ela encarou fixamente um canto da sala, como se achasse um pote de ouro ao final de um arco-íris. Meu pai arregalou os olhos, seguindo seu olhar, e lançou-se em direção ao bar. Helena repetiu o movimento. Acompanhei quando ela se atirou ao chão, deslizando a lateral do corpo e agarrando uma arma durante o movimento. O olhar dela escureceu, quase pude ver um sorriso despontar dos seus lábios, assim que meu pai percebeu que a morte havia chegado.
Ela deu apenas um disparo, fazendo a cabeça do maldito chicotear com a bala entrando na sua testa e atravessando o crânio.
Senti um alívio momentâneo, pois já devia ter feito isso eu mesmo há muito tempo! Mas o olhar vidrado de Helena direcionado ao meu pai já sem vida, fez eu esquecer qualquer alívio que começou a brotar dentro de mim. Ela ainda agarrava firmemente a arma apontada para ele, como se o homem fosse levantar e continuar os abusos. Ajoelhei, segurando seu rosto entre as mãos. Seu olhar encontrou o meu, e ali eu soube que ela escaparia entre meus dedos. O tormento era visível nos olhos caramelo, assim como a inexistência de vida ali dentro. Um arrepio percorreu minha espinha, como um prenúncio.
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Black Widow - Devil's Night
RomanceEssa fic foi inspirada nos livros da série Devil's Night de Penélope Douglas, mas a história é MINHA, criada e escrita pela MINHA PESSOA. *Não exclua Wattpad*