CAPÍTULO 8

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Helena

Dei uma última analisada nas plantas do The Pope abertas na mesa antes de sair. Minha intuição dizia que era lá que Natalya estava. Conferi as duas armas presas no coldre da cintura, não sabia o que iria encontrar naquele hotel, e se Natalya estava viva e escondida lá, com certeza Gabriel iria garantir que ninguém chegasse perto.

Parei em frente ao hotel, encontrando a Mercedes de Michael estacionada e logo mais a frente, o carro de Damon.

Hoje não porra! Que merda!

Entrei no hotel em alerta. Mesmo que reconhecesse os carros, não significava que os meninos não estivessem envolvidos em alguma merda. Tudo era possível no meu mundo.

Depois de verificar a entrada, esperei pacientemente o elevador abrir as portas e assim que entrei na caixa de metal, senti um arrepio na nuca, como um sopro suave de um fantasma.

Hoje era véspera de halloween, talvez as portas do inferno estivessem abertas!

Ignorando a presença intrusa, apertei o botão do último andar. Preferi começar por lá, anulando as chances de alguém me surpreender pelas costas.

O corredor estava escuro, as arandelas da parede iluminavam bem pouco, os lustres no teto apagados dava ao andar uma sensação assombrosa, como se fosse uma caverna. Uma música baixa ecoava e podia ouvir risos e cochichos ao longe. Meus passos eram silenciosos, mantendo as costas coladas na parede. A sensação era de que alguma aparição iria saltar na minha frente a qualquer momento. Chegando ao final do corredor, ouvi passos pesados e um vulto me paralisou. Minha mão se moveu rapidamente, puxando minha arma e mirando. No mesmo instante que a silhueta desapareceu em um quarto, um grito feminino cortou o ar, estava prestes a correr até lá quando eu o vi. Uma figura alta vestida em jeans e moletom, o capuz cobria boa parte do rosto, mas mesmo assim, identifiquei a máscara preta.

Damon.

Ele parecia estar procurando alguém, entrando nos quartos e abrindo os armários, e não era o único. Espiando pela esquina, notei mais alguns meninos, fazendo os mesmo movimentos, esses por sua vez, não usavam máscaras. Ignorando a brincadeira típica da data, decidi continuar andando, virando no próximo corredor a direita, sempre mantendo o corpo camuflado pelas sombras. Duas meninas irromperam de um quarto próximo a mim, estacando meus passos. Elas eram seguidas por um garoto mais alto que os outros, ele usa máscara como Damon, mas essa era vermelha. As garotas cochichavam e riam com a mão cobrindo a boca, os cabelos bagunçados, o tom rosado de suas bochechas e a fina camada de suor, me diziam que elas estavam transando.

Relaxei instantaneamente quando percebi que era apenas um “pique esconde sexual”, e não algo perigoso. Estava prestes a virar e voltar pelo mesmo caminho, quando algo no garoto me chamou a atenção. Ele retirou o capuz, os cabelos claros com fios que eu conhecia bem, ficaram à mostra.

Porra, é o Michael.

É por isso que ele sabia quem era o homem no meu jardim. Eles deviam ter algum tipo de clube do terror ou sei lá. Lembrei de Bruna chamando os quatro de cavaleiros, e de repente o apelido fez sentido. Aposto que Kai e Will também tinham suas máscaras. Pareceu que Michael pôde sentir meu olhar, porque ele virou a cabeça exatamente para o canto em que eu estava. Nos encaramos por um tempo em silêncio, até uma das suas amigas quebrá-lo por nós.

— Segundo round, Michael? — Disse, enquanto deslizava a mão pelo seu peito.

A fala da garota me despertou, obrigando meus pés a me tirarem dali e indo rapidamente de volta para a saída. Senti uma pontada aguda no peito, como se o fantasma de antes estivesse com uma faca cravada no meu coração. Nossa imagem juntos no chuveiro essa manhã invadiu minha mente, e pude ouvir a sua voz:

Black Widow - Devil's Night Onde histórias criam vida. Descubra agora