CAPÍTULO 23

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Michael

Me virei na cama e bati no colchão vazio.

Porra!

Sempre faço isso! Eu sei que ela não está aqui, mas meu subconsciente insiste em não aceitar isso.

Deitei de barriga para cima, cobrindo meu rosto com o antebraço e suspirando alto.

Hoje é o dia em que vamos confrontar Rika.

Estava tudo pronto, Christiane se encontrava numa clínica de reabilitação contra sua vontade — o que já deveria ter acontecido há muito tempo — enquanto Rika acreditava que a mãe estava no barco da minha família, fazendo uma viagem relaxante. Mas já estava começando a desconfiar que tinha algo errado, pois desde o dia da suposta viagem, ela não conseguiu contato com a mãe, e eu sempre me esquivava das suas perguntas.

Meu pai já havia me passado oficialmente a procuração, e faria hoje a transferência de todo seu dinheiro para a minha conta. Quando percebesse, seria tarde. Deixaria Rika sem um real. Sem contar que Damon e Will resolveram agir sozinhos, ateando fogo na mansão alguns dias atrás. Isso definitivamente não estava nos planos. Mas eu já esperava que algo fosse sair do controle, eles estavam me dando sinais o tempo todo.

Sem casa, sem mãe, sem dinheiro.

Sem nada.

Ela precisará de nós, e é aí que a diversão começa.

Depois daquela noite, dias atrás, nunca mais a vi nos corredores do Delcour ou em outro lugar. Era melhor assim.

Espero que isso acabe logo e que os caras possam se livrar desse peso de uma vez por todas. Se Rika precisava pagar para isso acontecer, então que seja! Nada mais justo que a puta que os colocou na cadeia, seja a mesma que os libertem do sofrimento vivido lá.

Depois de um banho gelado, fui até a cozinha preparar um sanduíche. Ainda era cedo, o dia estava começando a raiar. Mas não costumava dormir muito mesmo.

Helena vinha sendo minha bóia salva vidas, o único momento que me sentia em paz, era ao lado dela. Agora, não encontro essa sensação em mais nada. Nem o basquete tem me trazido isso. Não depois daquela noite em que ela me venceu, me deixando com cara de idiota na quadra. Até mesmo nisso aquela desgraçada conseguiu se infiltrar.

“Voltarei em dois meses.”

Já se passaram três.

Helena não atendeu minhas ligações, não respondeu minhas mensagens e nem ouviu meus recados. Poucos dias depois que ela saiu por aquela porta, seu celular nunca mais ficou ligado. Toda vez que tentei, caiu na caixa postal. Não pude deixar de pensar o pior, e foi por isso que coloquei um detetive particular na sua cola. Caso estivesse morta, eu já saberia. Se estava sendo difícil encontrá-la, era porque ainda estava por aí.

Tenho que acreditar nisso.

Preciso!

Ou do contrário, perderia a cabeça.

Pensando bem, talvez fosse melhor que se mantivesse longe. Eu não aguentaria vê-la ao lado de Damon. Não, foda-se ao lado de quem ela estivesse, só queria que fosse aqui, perto de mim. Mesmo com outro, necessitava da sua presença, igual um viciado necessita daquilo que o mata.

Se eu pudesse apenas vê-la, de longe mesmo, já seria reconfortante.

Em uma coisa Helena estava certa, esse tempo foi imprescindível para que as coisas ficassem claras. Nunca estive tão confiante da minha decisão, dos meus sentimentos. Eu a amava. Eu a queria. Eu precisava dela. Ponto final.

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