CAPÍTULO 22

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Michael

Saí do escritório do meu pai, fechando a porta com um baque. Ira fervilhava por dentro, fazendo-me cerrar a mandíbula com força.

Vim aqui apenas para o convencer a me passar a procuração que tem em seu nome, que permite o controle dos bens da família de Rika. Desde que seu pai morreu, o meu assumiu a administração das suas finanças. Visto que a drogada da sua mãe era incapaz de tal coisa.

Precisava desta procuração para poder dar seguimento ao plano, mas nunca é fácil encarar o Sr. Crist. Meu pai tem o título de ser o humano mais detestável que conheço, depois do falecido Gabriel, é claro. Não me admira que eles tenham sido próximos.

Meu pai pensou que garantiria o dinheiro e os contatos dos Fane, e que controlaria tudo através de Trevor, obrigando Rika a casar com meu irmão. Hoje, fez questão de jogar na minha cara o quão incapaz eu seria de fazer isso no lugar de Trevor. Mas não fazia a menor ideia de que eu acabaria com tudo.

“Você é muito volátil. Não a faria feliz.”

Filho da puta.

Pelo menos consegui o que vim buscar. A procuração estará em meus domínios em breve, e Rika mal pode esperar pelo que lhe aguarda.

Entrei no elevador, pressionando o botão para o térreo e senti o celular vibrar dentro do bolso do paletó. Assim que o peguei, cliquei na mensagem de texto de Will.

“A casa já era.”

Meus olhos arregalaram ao ver a foto do hall de entrada em chamas.

Mas que porra!

Meu coração subiu até a garganta.

Eles agiram sem mim!

Havíamos planejado tomar a casa dela, não incendiá-la.

Fui rápido ao ligar para o escritório de segurança. O guarda atendeu no mesmo instante.

— Ferguson! — Rosnei. — A casa dos Fane!

— Sim, senhor — respondeu apressado. — Já liguei para a polícia. Os bombeiros estão a caminho!

Apertei o botão vermelho na tela e me agitei para o outro lado, dando um soco na parede do elevador.

— Puta que pariu!

***

Estou em pé no que era o gramado, encarando o que sobrou enquanto a fuligem preta se alastrava pelas esquadrias das janelas. A casa agora sombria e açoitada. O cheiro do incêndio preenchia o ar e a fumaça negra flutuava das poucas brasas remanescentes.

Não conseguia ver por dentro, mas parecia tudo destruído.

Avistei o carro vindo a toda velocidade.

Rika estacionou na entrada e saiu apressada, levando as mãos até a cabeça, com lágrimas se derramando pelo rosto devastado. Ela soluçou, lutando para conseguir respirar à medida que corria em direção à casa.

— Mãe!

No entanto, envolvi o braço em torno dela.

— Me solta! — Se debateu, tentando girar o corpo para sair de meu agarre.

— Você não pode ir até lá — gritei de volta.

Por fim, ela conseguiu se livrar de mim e correu para a casa.

— Rika!

Corri em seu encalço, deparando-me com os pisos, carpetes e paredes enegrecidas. Passei pelos bombeiros no hall gritando para que parássemos, e me direcionei para as escadas. Agarrei o corrimão ao subir dois degraus por vez, sentindo as fagulhas de fuligem na minha palma quando me apoiei para ir atrás dela.

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