Feelings

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  O clima dentro da van estava estranho. Pelo menos para Malfoy e Potter, já que os irmãos ruivos agiam normalmente e ainda estavam com a adrenalina correndo loucamente no sangue.

  Harry sentia uma pressão dolorida no peito, e seus olhos olhos ardiam. Não estava esperando aquela reação do vocalista, e não sabia como reagir sobre o que havia escutado.

  Draco, por outro lado, tinha entrado em pânico. Não era isso o que queria desde que colocou seus olhos em Potter? Tê-lo aos seus pés?

  Queria manter a rotina que estavam tendo. Nada sério, sem uma necessidade real de se abrir um com o outro, tudo baseado em uma pegação intensa em segredo. Sentimentos só iriam arruinar aquilo.

  Ele não servia para ser amado, e não queria nem tentar Imaginar como seria nutrir sentimentos pelo guitarrista da banda.

  Tirou os olhos da janela pela primeira vez em que havia entrado na van, olhando Harry em silêncio. O jovem homem parecia chateado, como se toda a animação e energia de antes tivessem sido sugadas por sua resposta.

  Potter só podia estar confuso. Não tinha motivo para ele estar criando sentimentos por si. Era tudo carnal, sempre era assim com ele. O moreno provavelmente só não sabia distinguir isso.

  E mesmo que fosse algo sem compromisso... Draco não queria que aquele fosse o fim de tudo. Ainda queria beijar Potter, e ouvir aquelas brincadeiras e provocações sendo sussurradas em seu ouvido.

  Precisavam conversar melhor.
  Urgentemente.

  A van parou na frente da agência, exatamente no mesmo lugar em que se reuniram para ir até a apresentação. Assim que a porta foi aberta, Harry foi o primeiro a se levantar, querendo sair de perto de Malfoy o mais rápido possível.

  - Eu não vejo a hora de fazer isso mais vezes. - Ginny suspirou feliz, o irmão concordando com ela. Potter ficou aliviado em ver que eles estavam envoltos demais para notar seu comportamento.
  - Eu vou indo, gente. Tenho umas coisas para fazer.- Harry falou, dando um tapinha amigável nas costas de Ron, tentando ir embora o quanto antes.
  - Tchau, Harry!- Os Weasleys se despediram, mas Draco o observou andar para longe deles em silêncio.

  Não sabia o que fazer, mas não podia deixar as coisas como estavam.

  Simplesmente saiu de perto deles em silêncio, não se importando em se despedir, indo silenciosamente atrás de Potter.
 
  Andou alguns metros atrás do homem em absoluto silêncio, ambos andando sem falar nada, a brisa leve da tarde não era o suficiente para aliviar a tensão que sentiam.

  O peito de Harry doía por ter seus sentimentos ignorados daquela maneira, e Draco tinha medo de se deixar criar um interesse romântico em Potter e apenas acabar machucando-o.

  Harry finalmente parou, logo ao lado da sua moto.

  - O que você está fazendo?- Perguntou baixo, sem sequer se virar, olhando para o horizonte, se perguntando o qual era a expressão que Malfoy estaria fazendo.
  - A gente precisa conversar.
  - Não precisa. Não precisamos mesmo.- Ele suspirou, cobrindo o rosto por um momento. Estava precisando juntar toda a força de vontade do mundo para não se virar e olhar o vocalista.
  - Olha... O que a gente tá tendo está bom. Não nos conhecemos muito, e a falta de compromisso deixa as coisas mais leves. Eu não queria que isso acabasse.

  O loiro segurou o ar por um instante assim que Harry se virou, sua expressão mais séria do que já tinha visto em todos aqueles meses que o conhecia.

  - Eu...não sei.
  - Não queria te magoar naquela hora. Você só...me assustou.- Ele estava sendo extremamente sincero, não estava esperando NUNCA aquela revelação da parte do guitarrista.

  Potter suspirou, cruzando os braços em seguida.

  - Então... a gente pode só ignorar o que eu falei e voltar como era antes?
  - Definitivamente. - Draco o ofereceu um sorriso pequeno, que foi retribuído por Harry.

  - Seu carro está por aqui? - Ele deu um riso curto e meio sem jeito, já que Malfoy tinha o seguido até ali.
  - Eu vim de táxi.
  - Ah.- Harry olhou para a chave da moto em sua mão, lembrando das vezes que deu uma carona para o outro homem.- Eu te levo. Se você quiser, no caso..
  - Eu definitivamente quero. Lembra do meu endereço?
  - Lembro.

  Harry respirou fundo quando sentiu Draco segurando em seus ombros com força, o que o loiro tinha dito fazia sentido. Não se conheciam muito... era melhor deixar sentimentos longe do que tinham. Só esperava que aquelas borboletas que apareciam em seu estômago quando ficava perto do outro fossem embora logo.

  Mas era claro que o coração de ambos não iriam obedecê-los.
 
  [...]

  O gosto do sorvete na sua língua trouxe um pequeno sorriso para seus lábios, por mais que não estivesse quente naquela noite, a sensação ainda era gostosa.

  Estava lado a lado de Ginny, que havia convidado ela para andarem um pouco e tomarem um sorvete.

  - O seu está bom?
  - Uhum! E o seu?
  - Também. Nunca pedi desse sabor, é maracujá?
  - Uhum! Quer experimentar?
  Weasley assentiu, sentindo o rosto esquentar quando Lovegood ofereceu uma colher do sorvete para si.

  Tinha ficado tão animada assim que voltou da sua apresentação, que decidiu perder toda aquela vergonha e chamar logo Luna pra fazer alguma coisa. Não tinha exatamente falado que aquilo era um encontro, mas havia pagado o sorvete para ela, e segurou a mão da loira por pelo menos um minuto.

  O coração dela estava batendo loucamente em seu peito, e não conseguia parar de sorrir.

  - Não vejo a hora de vocês começarem a se apresentar mais vezes. Vocês são bens mais legais do que os colegas antigos do Draco.- Lovegood genuinamente estava contente em ver como as coisas estavam indo. Esperava que seu primo conseguisse fazer uma amizade com aquele grupo.

  Ele precisava de amigos...

  - Bom saber. Ele não fala sobre os integrantes da banda antiga. E olha que eu sou a que ele mais conversa.
  Luna tinha suas dúvidas se isso era verdade. Afinal, o primo dela estava tendo um romance com o guitarrista, não?
  - Ele não é muito de falar sobre si mesmo. Mas o antigo guitarrista implicava bastante com tudo, e o Draco não é exatamente a pessoa mais fácil do mundo...- Ela riu, olhando para a colher antes de comer mais um pouco do sorvete.
 
  - Você é muito bonita.- Ginny falou após observar Lovegood comer o doce em um silêncio confortável. Sorriu ainda mais assim que viu o rosto da mulher ganhar uma cor rosada com seu comentário.
  - Você também. - Ela riu curto, apoiando a cabeça no ombro da ruiva, já que ambas estavam sentadas em um banco na frente da sorveteria.

  O gosto do sorvete era tão doce quanto sua presença.

 

Rockstar - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora