Capítulo 08 - O garoto do parque

184 18 1
                                    

Erika

Roberta realmente me surpreendeu na nossa última conversa. Ela estava muito diferente, mais descontraída, sem aquela pose toda.

Gostei de verdade da nossa interação, e quando ela me chamou pelo nome quando me elogiou, meus deuses, que sensação foi aquela?! Pera aí, que merda é essa que estou pensando? Ela é sua chefe, Erika! Está fora de todos os limites... Acho que Alice tem razão, fico passando muito tempo pensando no que não devia.

Focando no que importa, comecei a dieta com a alimentação balanceada e não estou colocando mais nenhuma gota de álcool pra dentro. O que estava faltando era começar a fazer algum exercício, então decido ir ao parque correr um pouco, pode ser que não seja tão ruim assim.

Fico um tempo correndo, quando vejo um garoto sentado num banco. Percebo que ele não para de olhar umas crianças que estão brincando.

Decido ir até ele, sento ao seu lado e começo a me hidratar.

— E aí, garoto, vai ficar só encarando ou vai até lá?

— Eu não quero ir, estou bem assim.

— Mente mais, garoto.

— Eu... — ele para de falar.

— Você?

— Não conheço eles. Além do mais, não sei se deveria fazer isso, minha mãe não ia gostar.

— Ela está aqui?

— Não... mas não estou sozinho, viu? Tá vendo aquele cara ali? — ele aponta pra um homem que está sentado na cafeteria próxima. — Ele está comigo. Se você for um desses maníacos que vão atrás de crianças, saiba que não estou só.

— Calma, garoto, não sou nenhuma maníaca não. — digo, ainda rindo e levantando minhas mãos em sinal de rendição. — Mas se o problema era a sua mãe, e ela não está, tá resolvido, ela nem vai ficar sabendo. — ele me encara.

— Isso não está certo. — responde, como se estivesse pensando sobre isso.

— Você quem sabe, pode ficar aí parado sem fazer nada ou ir brincar com o pessoal ali. — falo e dou de ombros.

— Mas eu não sei como falar com eles. — percebo que esse é o real problema, imagino que deva ser tímido.

— Vamos lá. — digo, segurando em seu braço para levantá-lo e logo ele me acompanha. — E aí, pessoal, como está a divisão pra jogar? — pergunto para as crianças que estavam jogando com uma bola. Tinham umas pedras pra formar um gol de cada lado.

— Estamos jogando 2x2. Se ele quiser jogar, precisa de mais um, senão vai ficar ímpar. — um garoto que não gostei nada, nada, responde.

— Ah, então tá certo. — o garoto ao meu lado fala cabisbaixo, e já ia saindo, mas seguro o seu braço.

— Bem, eu estou aqui também, não estou? Ficaria par. — o chatinho me olha de cima a baixo.

— Você não acha que está velha pra isso, não? — o abusado pergunta.

— Tá com medinho é? — falo, provocando.

Sim, estou me trocando com um pirralho.

— Eu não tenho medo — diz, irritado — mas não seria certo.

— Então vamos fazer assim, vocês quatro, mais esse garoto aqui, contra mim. O que acha? Ou acha que mesmo assim não é capaz? — ele bufa.

— E quem vai ficar no gol enquanto estiver jogando? Isso não faz sentido. — ele fala e o pior é que tem razão, mas quem tá ligando pra isso, é tão difícil fazer o garoto jogar assim? Ninguém me disse que criança podia ser tão complicada!

Minha SalvadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora