Capítulo 20 - As pessoas podem surpreender

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Roberta

— Sei que é difícil, mas tenta se acalmar, Roberta. Já, já, eles devem trazer os resultados. — Letícia tenta me consolar.

Faz um tempo que estamos esperando o resultado, para saber se uma de nós é compatível ou não com o Victor.

— Eu sei... — digo, tentando me acalmar.

— Ops. — fala Letícia, e olho confusa para ela.

— O que foi?

— Tem que me prometer que não vai me demitir. — ela fala, olhando pra mim.

— E por que eu faria isso? — pergunto, sem entender o que ela quer dizer.

— Por isso. — ela se aproxima de mim e me beija, me pegando completamente desprevenida.

Logo escuto um pigarro próximo a nós. Nos separamos e olhamos quem estava se aproximando.

— Certo, por essa eu não esperava. — Erika diz, e Letícia dá um sorrisinho.

Ah, então foi por isso que ela me beijou? O que essa menina tem na cabeça? Depois olho pra quem está ao lado de Erika e vejo Sarah com uma cara fechada, olhando pra Letícia.

Espera, o que está acontecendo entre elas? Será que o beijo foi por ela?

— Foi pelas duas. — Letícia sussurra em meu ouvido, como se estivesse lendo meus pensamentos.

— Eu já disse que você tem um parafuso a menos?

— Constantemente — ela ri — Mas pelo menos acho que funcionou, olha a cara delas.

Olho para as duas mulheres que acabaram de chegar e realmente, se o objetivo de Letícia era deixar elas perturbadas, acertou em cheio.

— Já acabaram de cochichar aí? — Sarah pergunta.

— E por que se importa? — Letícia fala, de forma desafiadora — Inclusive, o que está fazendo aqui? Não vê que não é uma boa hora para importunar? Sabemos muito bem que a audiência é amanhã, não precisa vir até aqui pra destilar mais veneno.

— Calma, Let, Sarah veio na paz. — Erika fala, e fico me perguntando o motivo de estar a defendendo.

— Eu pedi que Geraldo solicitasse o adiamento da audiência. Não faz sentido ocorrer nada agora enquanto o seu filho está internado. — Sarah explica, me pegando completamente de surpresa.

— Finalmente uma atitude digna. — Letícia fala, e posso ver as duas se encarando, como se estivessem tendo uma batalha particular.

— Eu agradeço por isso, Sarah, sinceramente não estou com cabeça para mais nada, mais nada importa agora, somente o meu filho. — sou franca, e ela me olha, como se estivesse me estudando.

— Roberta, os resultados saíram. — a médica fala, se aproximando.

— E então? — falo, apreensiva.

— Infelizmente, nenhuma das duas é compatível. — diz, e parece que o chão desaparece.

Se eu já não estivesse sentada, tenho certeza de que desabaria. Não consigo conter as lágrimas; isso que sinto, toda essa dor está insuportável, eu posso enfrentar qualquer coisa, menos isso.

— Ei. — Erika diz, se abaixando em minha frente, ficando apoiada com os joelhos no chão para ficar da minha altura. — Ele vai ficar bem, Roberta, você vai ver. Não fica assim. — ela toca meu rosto, tentando enxugar as lágrimas que não param de cair.

— Você sabe como ele é frágil, Erika... eu não suportaria se algo acontecesse com ele. — falo, e ela segura o meu rosto com as duas mãos.

— O corpo dele pode ser frágil, mas a essência dele é forte, nós sabemos disso. Sabemos tudo que ele já superou e não é agora que ele se deixará vencer. — ela fala, olhando nos meus olhos, e posso ver que também já está com lágrimas caindo.

Minha SalvadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora