Sarah
Acabo por despertar, mas sinto o meu corpo todo dormente, acredito que seja por conta da medicação pós-cirúrgica. Com muito esforço, abro os olhos e observo o quarto, me deparando com a visão de Letícia sentada na poltrona, de forma toda torta, provavelmente por ter caído no sono.
— O que ela está fazendo aqui? — tento me ajeitar na cama, porém sinto uma pontada de dor.
Emito um gemido, fazendo com que ela desperte. Letícia olha o que estou tentando fazer e logo dá um pulo da poltrona, ficando de pé.
— Ei, não pode fazer esforço. — diz, em um tom preocupado.
— O que está fazendo aqui? — pergunto, e ela fica me olhando por um tempo em silêncio.
— Checando se está viva. — abre um sorriso de lado.
— Sei... — falo, sem entender o seu real motivo de estar aqui. — Como foi o procedimento? Como está o garoto? — pergunto, me lembrando do transplante que deve ter ocorrido horas atrás.
— Foi um sucesso. — ela amplia o sorriso. — Victor está estável no momento, aparentemente o organismo dele está respondendo bem ao novo rim, mas tem que ficar em observação nos próximos dias, para termos certeza da aceitação real. Ainda está inconsciente, mas está bem... graças a você — diz, me lançando um olhar penetrante que me faz ficar completamente sem jeito. Isso não é muito fácil de se fazer. — Você está bem também, a médica disse que, por enquanto, deve ficar em repouso, mas logo se recuperará.
— Droga, eu devo estar horrível, pelo menos é assim que me sinto. — solto, pensando em como devo estar só o pó.
Vejo que Letícia franze a testa.
— Só pode estar brincando, né? Pessoas como você não ficam horríveis, nem se quisessem. Bem menos drama, viu.
— Até parece... — falo, em total descrença.
— Sabe, — ela começa a falar e se aproxima um pouco da cama, com um olhar fixo em meus lábios — eu poderia provar o meu argumento agora mesmo — para de se aproximar — mas ainda preciso do meu lábio inferior pra muitas coisas, então vou ficar quieta no meu canto. — diz e não consigo segurar um sorriso, lembrando da mordida que dei nela.
— Aparentemente, seus lábios estão recuperados, já que estava aos beijos com a sua chefe. — solto, me referindo ao momento que chegamos ao hospital e vi ela com Roberta.
— Ciúmes, ruiva? — fala, de forma maliciosa.
— Bem que você queria que fosse, não é? — digo, a provocando.
Sim, fiquei verde de ciúmes quando vi as duas juntas. A verdade é que essa garota mexe comigo desde a primeira vez que a vi, mas não admitiria isso.
— Mas sério, o que está fazendo aqui? — pergunto, desviando do assunto.
— Quis ficar de olho em você, precisava saber que estava bem.
— Passou a noite aqui? — ela só assente e dá de ombros. — Bem, agora que já viu que estou bem, está liberada de seja lá o que achou que precisava fazer por mim.
Não quero que ela fique aqui achando que tem alguma obrigação comigo, só porque doei o rim ao filho de Roberta.
— Eu não achei nada... só quero ter certeza que vai se recuperar bem. Quero ficar aqui como acompanhante, se estiver tudo bem por você — pede, me causando estranheza. Por que ela faria isso? — E mesmo que não queira, não vai adiantar de nada, porque mesmo que não deixe ficar no quarto, ficarei bem ali no corredor até que receba alta.
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Minha Salvadora
RomanceRomance Sáfico (Concluído) [Ainda não revisado] Há muitos anos, elas se encontraram uma única vez, durante uma das piores fases de suas vidas. A mais velha se lembra perfeitamente da outra, pois a observou ao longo dos anos, já que teve sua vida sa...