Minha Salvadora

Capítulo 17 - Vida nova

Erika

— Erika! Achei que não fosse vir. — Victor fala, empolgado. — Que roupa é essa? — pergunta, estranhando não estar com a roupa de corrida como de costume.

— Ah, nem me fale, não tive tempo pra nada hoje. Vim direto do trabalho, mas não poderia deixar de passar aqui e te ver. — vejo seu sorriso ficar ainda maior. — Olha o que trouxe. — digo, mostrando o tabuleiro de xadrez. Só aprendi pra poder jogar com ele, mas é difícil pra caramba... o garoto é um gênio nisso.

— Coloca aí, vamos organizar. — ele diz e sento ao seu lado, colocando o tabuleiro entre a gente e começando a arrumar as peças. — Como vai com o novo emprego?

— Roberta te falou sobre isso? — questiono, pensando em como ela me impactou naquele dia em que nos reencontramos naquela reunião.

Apesar de todo esforço que venho fazendo, não consigo tirar ela da minha cabeça.

— Minha mãe mencionou sobre você estar trabalhando com o Geraldo. — responde, revirando os olhos, o que me faz rir. Até agora nós não tínhamos conversado sobre isso das vezes em que nos encontramos.

— Pois é, está indo tudo bem... — digo, sem empolgação.

É verdade que tenho tido sucesso em muitos casos importantes e com isso ganhei muito dinheiro. Meu padrão de vida mudou muito ao longo desse ano, isso desde que comecei a trabalhar pra Roberta, e isso continua agora também, mas sinto que falta algo... sem falar na questão complicada que Ma me falou, isso só tem me dado dor de cabeça...

— Fico feliz por você. — ele diz. — Mas sendo sincero, não sei como aguenta. Vi ele poucas vezes, quando tive que acompanhar a minha mãe, e não parece ser um cara legal...

— Se quer saber, nem eu sei como aguento. — falo rindo de mim mesma e ele cai na gargalhada. — Ei, percebi que Vivi não está aqui, ela não veio hoje?

— Veio sim, conversamos um pouco, mas ela teve que sair mais cedo.

— Entendi, agora você vai ter que se consolar com a minha humilde presença. — digo o provocando e ele ri.

— Ah, então é aqui que você se esconde? — uma voz bem conhecida se irrompe atrás de mim e logo depois me dá um beijo no rosto.

— Oi, Ma, quando voltou de viagem?

— Quase agora. Queria te fazer uma surpresa, então pensei em passar aqui, já que me lembrei que gosta de passar um tempo nesse parque. — ela fala olhando pra mim e depois olha pra Victor. — Ei, você é o filho de Roberta, não é? Lembro de ter te visto algumas vezes.

— É, eu lembro de você também. — diz, com uma cara fechada que não é comum dele.

— Me chamo Marta, é um prazer, hm... como é mesmo o seu nome? — ele não responde, fica só a encarando.

Vejo que Ma franze a testa, coisa que ela faz quando está confusa. Bem, ela não é a única confusa aqui.

— Victor, o nome dele é Victor. Ei, pode falar com ela, garoto, é uma amiga minha, sei que vai gostar dela. — digo, tentando apresentá-los melhor, para caso o problema seja por ela ser uma estranha pra ele.

Lembro que ele tem receios de conversar com desconhecidos e errado ele não está.

— Duvido muito, ela trabalha para aquele cara. — ele afirma, cruzando os braços.

Eu não sei onde enfiar a minha cara. De onde veio toda essa marra? Ia falar algo pra tentar fazer com que Ma não fique chateada com o que ele disse, mas quando vejo, ela está gargalhando.