Capítulo 22 - Sinceridade

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Erika

— Foi tudo bem lá? — pergunto a Roberta quando ela volta para o quarto.

— Foi sim. — diz e olha de mim para Victor. — Ele está bem?

— Ainda não acordou, mas a enfermeira acabou de passar e disse que é normal, que ele continua estável e que em breve irá acordar. — Ela assente e se senta na poltrona ao lado.

Desde que a vi em seu escritório, tenho essa vontade intensa de falar com ela sobre o que tenho sentido nos últimos meses, mas ainda não sei ao certo o que esses sentimentos significam.

Estou em um dilema tremendo, e talvez não seja a hora certa de falar sobre isso, no meio de tudo que vem acontecendo com seu filho.

— O que foi? — pergunta, com a sobrancelha arqueada.

— Nada. — respondo, tentando disfarçar os meus pensamentos.

— Você já mentiu melhor... Sei que quer me falar alguma coisa. Não dá pra ficarmos assim, você fica me encarando claramente querendo falar algo.

— Sinto muito por isso. — me repreendo internamente por dar tanto na cara.

— Quero que me fale o que é. — Ela me olha de forma penetrante.

Eu respiro fundo e decido começar essa conversa que por muito tempo foi adiada.

— Você tem razão, tem algo que quero lhe falar há um tempo, mas sei que não é justo com você. Quero que saiba que eu sei que não sente o mesmo. Por isso, não quero que entenda errado, eu só realmente preciso colocar isso pra fora. — solto, quase sem respirar, e ela me olha de uma forma estranha.

— O que quer dizer sobre eu não sentir o mesmo? Na verdade, sentir o quê exatamente? E você acha mesmo prudente conversarmos sobre isso quando você está com a Marta? — Ela me enche de perguntas, mas a menção da Marta me pega completamente de surpresa.

— Marta? Eu não estou com ela, Roberta. Por que pensou isso?

— Ainda pergunta? Sei que estão muito próximas... — Ela fala, e eu assinto.

— Sim, depois que comecei a trabalhar pra Geraldo, passamos a nos conhecer melhor, mas somos apenas amigas.

— Amigas? — questiona, em tom debochado. — Acho que ela é bem diferente de Letícia, por exemplo, não? — diz, e começo a entender ao que ela está se referindo.

— Se você quer saber se tínhamos um envolvimento mais íntimo, sim, nós tínhamos, mas não significou nada mais do que uma amizade para as duas. Temos um carinho muito grande uma pela outra. — explico, ainda sem entender o motivo de estar justificando isso pra ela.

Por que ela se importaria? Já sei que a única coisa que ela sente por mim é gratidão...

Ela olha pra mim por um tempo como se estivesse pensando no que eu acabei de lhe falar.

— Retomando... sobre que sentimentos estava falando? — pergunta, e começo a ficar mais nervosa. Isso não é fácil pra mim, não consigo lidar bem com o que sinto.

— Roberta, — começo a falar, tomando coragem — desde os primeiros meses que nos conhecemos, eu senti algo diferente, não sei explicar... mas depois que nos beijamos, deuses, você mexeu comigo. — confesso, e ela me olha de uma forma intensa, mas não consigo decifrar o que está pensando ou sentindo nesse momento. — Não quero que entenda errado, não falo isso com expectativa de nada. Eu sei que o que sente por mim é gratidão, por conta daquele dia. Eu só precisava realmente colocar isso pra fora, porque já estava me enlouquecendo guardar isso pra mim. — reconheço, com o coração apertado.

Minha SalvadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora