Capítulo 33 - Minha Salvadora

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Roberta

— Não, isso é só para amanhã, você sabe bem disso — digo para minha noiva, a respeito dos doces que vieram aqui para casa por engano.

O nosso casamento é amanhã e está tudo sendo organizado na própria casa de festas.

— Só um, Beta, garanto que não vai fazer falta — pede, fazendo bico.

— Sabe que bico eu desmancho no beijo, né? — falo, dando-lhe um selinho rápido.

— Sendo assim, vou fazer sempre — afirma, com uma cara maliciosa.

— Essa é a ideia — digo, retribuindo-lhe o sorriso, e depois passo a organizar algumas pendências para amanhã.

— Mãe, eu posso comer um doce desses que chegou? — Victor fala, se aproximando de mim com aquele olhar pidão, o que só faz me lembrar de Erika.

Incrível como os dois se parecem em diversos aspectos, principalmente agora que a nossa convivência é diária, já que faz meses que estamos morando todos juntos.

— Não, Victor, sabe bem que esses doces são para a festa. Amanhã você mata a sua vontade — digo e ele me lança um olhar frustrado.

Logo depois, vai em direção de Erika.

Se tem uma coisa que descobri nesses últimos meses, é que criança é esperta demais. Quando está chegando na adolescência então, é que tudo isso se intensifica. Já até imagino o que ele vai tentar fazer com ela, então fico atenta para conseguir ouvir a conversa dos dois.

— Mãe — ele chama e ela faz aquela mesma cara boba de quando ouviu ele a chamar assim pela primeira vez.

Lembro que estávamos em uma feira de ciências quando ele nos apresentou como suas mães para os colegas. Só o fato dele ter incluído Erika nos emocionou de uma forma intensa, e desde então ele a chama assim, o que me deixa extremamente feliz em saber o quanto os dois se amam.

— Fala, garoto — diz, bagunçando o seu cabelo.

— Posso pegar um doce? Com certeza não vai fazer falta — pede, não me surpreendendo em nada.

Faz um tempo que ele adota essa estratégia de quando uma não deixa, tentar pedir à outra, que geralmente é ela, por ele já ter percebido que é bem mais condescendente.

Eu vejo que por um segundo seus olhos brilham, aposto que por ele estar pensando a mesma coisa que ela, mas logo depois ela respira fundo e neutraliza a expressão.

— Sabe que esses doces são pra festa de amanhã — responde, firme. — E posso apostar que Roberta já lhe disse isso agora há pouco, não é? Tem que parar de fazer isso, se ela disse não, é não.

— Sinto muito, é que realmente queria comer os doces — fala, daquele jeito manhoso que ela costumava cair sempre.

— Eu sei, garoto, amanhã você mata a sua vontade, tá bem?

— Tudo bem — responde e sobe as escadas, provavelmente indo para o quarto.

— Muito bem — digo para ela, que passa a me encarar.

— Que negócio difícil! Resistir àquela carinha é difícil demais. Quando que isso passa? — pergunta e eu começo a rir.

— Nunca, mas você se acostuma — digo rindo e ela passa a rir também e assente com a cabeça.

Do nada, escuto um barulho na porta, assim como escuto várias vozes e passos adentrando o local.

— Como estão, noivinhas? Ansiosas pelo grande momento? — Letícia pergunta com a animação de sempre, sendo acompanhada por Sarah, que a segura pela cintura.

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