22 - Dove c'è amore, non c'è paura.

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22 - O amor é uma revolução silenciosa.

VALENTINA

Por mais que eu tentasse fugir, o destino sempre o trazia de volta aos meus braços. Eu sinceramente já estou cansada dessa montanha russa de sentimentos. Depois de todo aquele momento intenso, consegui trazer Antonio até o meu quarto. Fiquei extremamente preocupada, ele não estava dizendo nada com nada. Tentei perguntar o que havia acontecido, mas ele só dizia coisas sobre como a vida dele foi uma mentira, e de como ele atraía coisas ruins. Fiquei tão nervosa com o seu estado, que até esqueci dos meus próprios problemas. Ficamos por horas abraçados na grama fria, e quando senti que ele já havia parado de tremer, o arrastei até aqui. Dei um banho nele para tirar as manchas de sangue que já estavam por toda a sua roupa e pelo seu corpo. O coloquei na cama, e fui até o seu quarto buscar algo pra ele vestir amanhã quando acordar. Só então quando voltei para o meu quarto, que percebi pelo meu reflexo no espelho que eu também estava coberta de sangue. Sangue das suas mãos machucadas. Respirei fundo, e tentei não chorar. Eu sei que apesar de todas as nossas diferenças, Antonio ainda é aquela criança traumatizada com as ações dos adultos que o criaram. Eu já havia o visto assim na adolescência, mas ver ele nesse mesmo estado agora adulto, fez tudo parecer como antigamente. Vou para o banho, e enquanto a água cai sobre mim, me permito chorar um pouco. Nem sei pelo que estou chorando, talvez por toda a tensão que tem sido essas últimas semanas.

Quando volto ao quarto, e posso o encarar dormindo abraçado em meu travesseiro, sinto um conforto do que poderíamos ter sido. Eu tento o odiar, com tudo as as minhas forças, mas algo dentro de mim sempre teve esperanças. Rio irônica, pois sei que é impossível. Nós quebramos tudo de bonito que poderia ter sido, agora não há mais volta. Jamais seremos. Fecho os olhos, e tento recuperar a consciência. Penso se não seria melhor eu ir para o quarto de hóspedes dormir. Talvez sim. Mas como teria coragem de o deixar aqui nesse estado? Agradeço mentalmente por o ter encontrado, e conseguido o trazer em segurança para dentro. Deus sabe o que ele poderia fazer, caso estivesse sozinho. Provavelmente teria se arrebentado ainda mais contra aquela pobre árvore.

- Olhando assim, você nem parece tão mau. — sussurro a mim mesma e sorrio  — Querido demônio.

Calmamente vou andando ao seu encontro, me ajeito na beirada da cama. Tento encontrar uma posição que não o encostasse. Mesmo que eu esteja com pena da sua situação, ainda há orgulho dentro de mim. Mas como se ele estivesse acordado, apenas me esperando, ele vem até mim e me encaixa em seus braços fortes. Na hora eu fico sem reação, mas me deixo ser levada. Nos encaixamos tão perfeitamente, que não tenho coragem de o deixar. Me permito relaxar, e durmo em seus braços.

A noite é marcada por sonhos quase lúcidos, mas tudo o que eu lembro é da sua presença. Na manhã seguinte, acordo com leves batidas na porta. Meu coração acelera, não posso deixar que ninguém o veja dormindo em minha cama. Mas quando recobro a consciência, percebo que ele já não está mais aqui.

- Foi tudo um sonho? — questiono a minha própria sanidade.

As batidas persistem, e eu aviso que pode entrar. Para a minha surpresa, era Melissa. Ela entra toda animada, com uma bandeja de café da manhã e ao lado um buquê de girassóis. Acho aquilo muito estranho, e confiro no celular que horas eram. Ainda são 9h, o que deixa tudo mais esquisito. Eu poderia tranquilamente ir até a cozinha tomar café com elas como de costume.

- Bom dia, Sra. Ferrara. Tenho uma surpresa para você! — vai posicionando na mesa ao meu lado, e retira com cuidado o pequeno de buquê.
- Bom dia, querida. — digo desconfiada. A garota sempre me chamou por Valentina.
- Para você! — seus olhos estavam radiantes, parecia que ela que havia ganhado tal carinho.
- Quem enviou isso tudo? — arrisco a pergunta.
- Que pergunta, minha senhora? Quem teria coragem de enviar algo tão romântico, se não o seu noivo? — ela confirma, mas eu ainda suspeito.
- Ele não é disso... — falo baixo, pois aquilo era eu conversando comigo mesma.
- Os homens fazem coisas extraordinárias por amor, e eu sempre soube que ele é louco por você! — Melissa, sua mãe e as outras empregadas sempre torceram por nós. Sempre tentaram me mostrar que algumas coisas estranhas que Antonio fazia, que era sua forma de demonstrar amor. Todos que o servem, são seus maiores fãs.
- Antonio é o homem mais imprevisível que já pude conhecer. — fui sincera.

A DAMA DA MAFIAOnde histórias criam vida. Descubra agora