Sooyan e Dong-Seok não se encontraram no aeroporto, mas ambos sabiam que o outro estaria lá.
O rapaz já estava em seu acento na janela se perguntando onde a garota estava, até que ela finalmente apareceu.
— Nossa, essa foi por pouco. — ela disse quando se sentou ao seu lado. — Quase perdi o horário.
Dong-Seok a analisou por um momento e várias perguntas veio a sua cabeça.
— Esse bebê é...? — ele olhou o pequeno agasalhado no colo dela. — Você tem um filho?
— Ah... é. — murmurou Sooyan sem jeito. — Quanto a isso eu queria pedir para que não comentasse com ninguém.
— Como você tem um filho desse tamanho e ainda trabalha? — ele a olhou. — Por que nunca comentou?
— Eu sou duas pessoas diferentes quando atuo como mãe e profissionalmente. — disse Sooyan. — Nem mesmo a Thória sabe disso, então eu agradeceria se não contasse.
Dong-Seok olhou o bebê com os olhos caídos quase dormindo e sorriu.
— Qual o nome dele?
— É Eun-ho. — ela contou e olhou seu pequeno começando a adormecer.
As treze horas de viagem se iniciaram, Sooyan estava desconfortável naquele acento, da última vez que esteve em um avião ela estava grávida.
Em um momento, ela só percebeu que havia dormido quando abriu os olhos, o bebê não estava em seu colo e por um segundo ela se desespero.
— Você parecia tão cansada. — disse Dong-Seok quando ela o olhou e viu Eun-ho em seu colo brincando com o crucifixo de seu colar. — Ele acordou e peguei ele no colo para você descansar um pouco. Ele é tão quietinho, não deu trabalho nenhum enquanto a mamãe dormia, não é, campeão?! — agora ele se dirigiu ao pequeno.
Sooyan sorriu e respirou aliviada, ela se esticou no acento e sentiu seu corpo doer.
— Nossa, obrigada, eu estava precisando mesmo descansar um pouco. — disse Sooyan antes de bocejar. — Quanto tempo eu dormi?
— Oito horas. — contou o rapaz.
— Oito horas? — Sooyan quase gritou.
— Troquei a fralda dele e dei a mamadeira que estava na mochila.— disse Dong-Seok indicando a bolsa no chão entre os acentos. — Espero que não se importe. Ele arrotou e tirou um cochilinho de quarenta minutos também.
— Nossa, Dong-Seok, me desculpa por te dar esse trabalho, geralmente não costumo apagar assim. — disse Sooyan estendendo os braços para pegar o bebê.
— Não foi trabalho nenhum, pelo contrário, a gente se deu super bem, não foi Eun-ho?! — ele tocou o nariz do pequeno que contorceu o rosto sorrindo. — Deixa ele aqui, e descansa mais um pouco, ainda falta pouco mais de uma hora para chegarmos.
Sooyan recostou e suspirou, ficou admirando o filho interagindo com seu colega de trabalho e se sentiu bem. Fazia muito tempo que não dormia tantas horas seguidas, aquilo foi extremamente renovador. Ela não conseguiu mais dormir, mas ficou quietinha vendo Eun-ho dar sorrisos banguelas enquanto Dong-Seok fazia palhaçadas para ele até o desembarque, lá eles se despediram e seguiram diferentes caminhos.
Ela pensou em ir para seu apartamento, mas imaginou que ele estivesse empoeirado por ter ficado tanto tempo fechado, mesmo Hyunjin indo lá as vezes cuidar das plantas que ela tinha, então decidiu ir para o mesmo lugar que sempre ia quando não queria ficar em casa.
Ela bateu na porta três vezes e esperou por alguns segundos, não teve nenhuma resposta e insistiu novamente torcendo para que não tivesse ido até lá em vão. Mas logo a porta foi aberta.
V a recebeu sem camisa, com uma toalha enrolada no quadril e outra enxugando o cabelo molhado; ele paralisou quando viu quem era.
— S-sue-Yang?
A garota franziu os lábios e piscou ao virar o olhar.
— Desculpa, eu... Sooyan. — ele se corrigiu. — Você... é... eu tô...
— V, trás uma toalha para mim, por favor. — gritou uma voz feminina vindo de dentro da casa.
V olhou para trás por um momento e olhou Sooyan com cara de cachorro sem dono.
— Ahn. — ela murmurou de forma sarcástica e balançou a cabeça. — Desculpa atrapalhar, eu vou embora.
Quando Sooyan se virou para voltou por onde havia vindo, V passou por ela parou em sua frente.
— Não, não, não. Não vai, não. — ele pausou. — O... que você está fazendo aqui?
— Eu vim a trabalho, deveria ter ido para minha casa, mas infelizmente achei que seria legal fazer uma surpresa. — ela contou. — Só esqueci que nem sempre surpresas saem como o esperado.
— Olha, me dá só um minuto. Só isso, por favor. — pediu V erguendo o indicador.
— A Lety está pedindo uma tolha, onde eu encontro uma? — outra voz feminina veio de dentro da casa, a garota franziu as sobrancelhas vendo V parando conversando com alguém. — Quem é essa aí?
Sooyan olhou para trás por cima do ombro e viu uma garota parada no corredor da sala, ela estava com o cabelo úmido e vestia uma camisa do rapaz; ela conhecia aquela camisa.
— Você usa aquela roupa de farda para toda garota que você trás na sua casa? — ela olhou para V, continuou com ironia. — Duas de vez. Você não brinca em serviço, né?! — murmurou um riso.
Ela pegou na alça da mala e seguiu pelo corredor, V correu mais uma vez parando em sua frente.
— Sooyan, por favor. Por favor. — ele insistiu, suspirou. — Me dá só um minuto, eu... vou resolver isso. Não quero que vá para sua casa. Só espera aqui, não vou demorar.
— Esperar aqui? — ela riu ironicamente de nervoso. — Você não falou nem com o seu filho, e agora quer que eu espere aqui enquanto você dispensa duas... — ela se interrompeu quando estava prestes a ofender as garotas que estavam na casa, ela respirou fundo tentando se acalmar. — Eu vou ficar no quarto de hotel que a empresa alugou.
— Taehyung, quem é essa com quem você está falando?— chamou a garota que estava do lado de dentro, próximo a porta.
— Manda ela calar a boca! — Sooyan rosnou abafado.
— Da para você entrar? — V apontou para a garota, que fez uma expressão de espanto e entrou, ele voltou o olhar para Sooyan. — Não vai, embora, por favor. Eu quero muito que vocês fiquem aqui. Deixa só eu vestir uma roupa, e...
Sooyan suspirou.
Ela já estava ali, e mesmo sem querer reconheceu que aquele momento constrangedor foi causado pela sua falta de aviso ao rapaz. Ela tirou a mão da alça da mala e a apoiou em Baby Eun-ho que estava adormecido no canguru.
V pegou a mala e a levou para dentro, ele parou na soleira e olhou Sooyan parada de costas ainda no corredor.
— Sooyan, por favor. — ele pediu.
A garota engoliu a seco e respirou fundo, virou para o rapaz e entrou na casa. Ela sentou no sofá de sala, uma manta branca com um bordado azul na lateral cobrindo Baby Eun-ho ainda adormecido no canguru.
V foi para um dos quartos e ela pôde ouvir vozes abafadas cochichando, o que a fez despertar um sentimento ruim reprimido dento de si. Ela identificou um "é a mãe do seu filho?", "ela vai ficar aqui?", "deixa a gente ver quem é ela", o que a deixou imensamente irritada por imaginar as possíveis respostas que ele tenha dado.
Ela viu quando duas garotas passaram pelo corredor atrás dela, V logo atrás delas, que sairam pela porta, ele parou na soleira e cochichou algo como um "eu falo com vocês quando tiver um tempo".
Logo ele voltou para a sala, já vestido com uma bermuda folgada e uma camisa preta.
— Me desculpa por isso, não sabia que você viria.
— Quer que eu desenhe para você o significado de "surpresa"? — perguntou com grosseria.
V apenas franziu os lábios e desviou o olhar para baixo por um momento.
— E-eu posso ver ele? — ele perguntou depois de alguns segundos em silêncio.
Sooyan se levantou e tirou com cuidado o pequeno do canguru, ela o entregou a V que se derreteu.
— Nossa, como ele cresceu. Não faz tanto tempo que eu o vi.
Sooyan se sentou em silêncio, V ficou em pé andando devagar pela casa admirando a mini versão dele mesmo.
Depois de um tempo ele levou Sooyan para um quarto, que ela sabia que era o dele.
— Aqui é mais confortável. — ele disse. — A cama no outro quarto está... suja.
— Eu imagino. — Sooyan disse ironicamente, ela colocou a mala ao lado da cama e se sentou olhando V com Baby Eun-ho no colo. — Mas o sofá da sala é confortável.
V a olhou com uma interrogação pairando em sua cabeça.
— A cama é grande, maior que uma de casal tradicional. Cabe nós três nela, é só deixamos o bebê no meio.
Sooyan riu abafado.
— Se quiser por o Eun-ho para dormir não tem problema, mas não vamos dormir no mesmo quarto. — ela pausou. — Muito menos na mesma casa.
— Mas...
— Eu posso ir embora se não estiver de acordo. — ela o interrompeu.
V suspirou e olhou o bebê.
— Não, está tudo bem.
A noite seguiu, Sooyan mandou uma mensagem para Hyunjin avisando que estava na Coreia e que queria vê-lo pelos próximos dias, não demorou muito para que ela adormecesse, mas como de costume ela acordou na madrugada. Levantou às pressas quando viu que Baby Eun-ho não estava na cama ao seu lado, ela correu para a sala e viu V sentado alimentando o pequeno. A luz estava apagada, mas um abajur estava aceso na mesinha ao lado do sofá.Sooyan se aproximou devagar e ficou um tempo admirando aquela cena, mas logo ela foi até eles.
— Por que não me chamou?
— Você parecia cansada. — disse V sem tirar os olhos do bebê. — Vi quando ele acordou e o trouxe para cá, para que você pudesse descansar.
— Você viu quando ele acordou? — ela perguntou quando se sentou ao lado dele. — Geralmente ele fica quietinho.
— Eu estava olhando vocês dois dormindo. — ele contou. — Por isso vi quando ele acordou.
Sooyan se retraiu.
— Por que estava olhando a gente dormir?
V balançou a cabeça e contorceu o lábio inferior.
— Ah, sei lá. — ele mexeu os ombros e a olhou, a encarou por um tempo. — Porque você... ficou tanto tempo escondida? Todo mundo ficou preocupado.
— Todo mundo, é?! — ela murmurou um riso abafado. — A minha vida virou de ponta cabeça, eu não conseguia controlar mais nada, então... Abracei a primeira oportunidade que apareceu.
V murmurou e desviou o olhar por um momento, mas voltou a olhar a garota.
— Quando vi a notícia do acidente, eu... só conseguia pensar no quanto fui idiota.
— Mas já passou. — ela disse tentando não dar brecha para um possível momento de emoção profunda.
— Não, não passou. — ele disse.
V e Sooyan ficaram se encarando por um momento, ela sentiu seu coração acelerar e uma sensação gelada em seu estômago a deixou desconfortável, ela se esticou e deu um pigarro quando desviou o olhar.
— Eu vou sair cedo para o trabalho amanhã, quer que peça alguém para te ajudar ou você consegue ficar sozinho com ele?
— Alguém para me ajudar com ele? — V balançou a cabeça. — Quem seria?
— O Hyunjin. — ela disse. — Ou o Félix se preferir.
— Ahn. — V murmurou com desagrado. — Onde é que o Hyunjin entra na sua vida e na do Eun-ho? Tudo bem que você disse que está viva graças a ele, mas eu não entendo em que momento vocês construíram essa amizade antes do acidente.
Sooyan suspirou.
— Ele cuidou de mim na festa de aniversário da Sayuri, eu bebi de mais e ele... me fez companhia. E como ele também viu como eu fiquei mal depois de todo aquele ataque na internet depois do problema do Fallon, o qual Jungkook falou de mais, ele me ligou para saber como eu estava depois... que você postou aquela foto, a gente ia sair para beber, foi quando o acidente aconteceu.
— Hmm, sei. — ele murmurou pensando que havia algo mais. — Tudo bem, não vou precisar de ajuda, eu consigo cuidar do meu filho sozinho.
— Tudo bem. — disse Sooyan prolongando a primeira palavra, ela olhou o bebê no colo de V e percebeu que ele havia adormecido. — Eu vou comer alguma coisa, coloca ele na cama para mim que eu já vou.
Assim a garota foi para a cozinha, preparou um sanduíche e enquanto comia trocou algumas mensagens com Thória, que questionou como estava sendo a viagem com Dong-Seok e se já havia surgido algum flerte entre os dois. Sooyan mandou ela tirar o cavalinho da chuva e ficar de olho sobre alguma novidade em relação a proposta entregue.
Ela escovou os dentes depois de comer e voltou para o quarto, lá ela presenciou uma das cenas mais lindas que seus olhos já viram.V havia adormecido com Baby Eun-ho, ela não quis acorda-lo, então ficou ali por longos minutos admirando aquela cena.
Nunca foi o sonho dela ser mãe ou construir a própria família, mas o que sentia agora é o sentimento mais próximo dessa realização.
Uma família não é formada precisamente por um casal e seus filhos, mas ver aquela cena despertou nela esse desejo, porém sabia que não seria dessa vez...
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v2 - Not Celebrity • Want You Stay
FanfictionDepois de quase morrer e ter a vida virada de ponta cabeça, Sue-Yang decide assumir outra identidade e viver sua vida longe daqueles que contribuíram para seu colapso mental. Mas o passado bateu em sua porta [...]