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Nathalie arrumou seu cabelo na balaclava, mirando o garoto de olhos castanhos, que a fulminava com o olhar.

Agora quem estava irritada era ela. A reunião a respeito das estratégias de corrida não poderia ter sido pior.

Piastri reclamava de todas as estratégias sempre que podia, fazendo com que algo que deveria levar no máximo uma hora, se estender para quase duas horas e meia de puro debate e discordância.

No fim, tudo foi acertado e Nathalie seguiria com a sua estratégia inicial, a melhor entre elas.

Lembrava-se mentalmente de que nada estragaria a sua primeira corrida. Aquilo foi apenas um mal entendido com uma pessoa que ela ainda iria aprender a tolerar.

Então ela ignorou o olhar de Piastri queimar sobre o seu rosto, e colocou o capacete, entrando em seu carro.

Ela retesou no banco e em seguida relaxou. Respirou fundo e acelerou, sentindo o conforto familiar que estar em um carro de competitivo lhe trazia.

Radio on. — O engenheiro de Nathalie avisou.

— Estou ouvindo.Nathalie respondeu.

Boa corrida, Raik. — Disse.

Vou dar o meu melhor.

...

— Você está em p2 no momento, Raikkonen. Faltam menos de 5 voltas, acha que consegue liderar? — Diz o engenheiro de Nathalie.

Mas ela está extasiada demais coma velocidade, pressão e adrenalina com o momento.

— Onde está o Piastri? — Ela pergunta, despretensiosa.

P3.

— Diz para ele chegar mais perto, vamos vencer esta merda. — Ela pede, confiante.

Semicerra os olhos, vendo o seu próximo e último alvo cada vez mais perto. Max Verstappen.

É um piloto admirável, é claro, mas Nathalie sentiu que estava com tudo ao seu lado naquele dia.

Ela apenas precisou de uma curva e ir além da aceleração para ultrapassar o holandês, e mal acreditou que fez isso.

Foi uma ultrapassagens digna de uns belos gritos da garota. Ela repetiu a cena em mente: se aproximou do carro, ambos lado a lado. Ele conseguiu se afastar e liderar novamente, mas em segundos, Nathalie acelerou e recuperou o seu lugar ao lado de Max na pista.

Seus dedos cravaram no volante a medida que ela começou, aos poucos, ter mais vantagem e desgrudar de Max, liderando a corrida nas duas últimas voltas.

Sentia-se em uma perseguição, o cara que liderou o último campeonato estava atrás dela agora, e ela sequer tocou o freio na volta que decidia o grande começo de sua carreira.

Apesar do ronco alto dos motores na pista, ela escutou, mesmo que por alguns segundos, o retumbar da torcida de laranja. Seu coração tremeu quando ela avistou a bandeira quadriculada, pouco importando se a bateria do seu carro estava quase no limite.

Ela cravou os olhos na grande reta, ouvindo a torcida com mais nitidez agora, correndo para a sua primeira vitória em sua primeira corrida.

Alguns poderiam dizer que era apenas sorte de principiante, mas Nathalie trabalhou duro para estar em um carro daqueles, correndo em uma corrida daquelas.

Nada mais justo do que dar consecutividade ao sobrenome que tinha, com os exemplos que tinha, e com a força de vontade de corria nas suas veias: tão veloz quanto qualquer carro.

O alívio percorreu sua espinha quando soube que a bandeira havia passado sobre sua cabeça. E não pode conter as lágrimas teimosas nos grandes olhos azuis.

Era dela.

A vitória ela dela.

Nathalie Raikkonen entraria para a história.

Nathalie Raikkonen se sentia capaz de traçar a própria história.

...

O banho de champagne foi revigorante, e surpreendentemente, Oscar Piastri tinha o rosto calmo e sorria ao atirar o champagne em Nathalie junto de Max.

Ela observou o australiano, distraída. O cabelo loiro estava molhado em mechas, e caía pelo rosto de maneira bagunçada. Os olhos castanhos se fechavam levemente enquanto ele falava e sorria ao mesmo tempo.

Ela não poderia negar: Oscar Jack Piastri era um cara muito bonito.

Voltando para a garagem laranja, ela o encontrou limpando o rosto com uma toalha. O mesmo notou a presença da garota, que trazia consigo a mesma animação de hoje cedo.

Ela lhe deu um sorriso amistoso, afim de o congratular pelo ótimo resultado hoje.

— Acho que as reclamações sobre a estratégia serviram, enfim. — Ela diz, olhando para o troféu ao lado dele.

Oscar sabia que ela não tinha a intenção de causar nenhum desentendimento, mas algo nela estava lhe causando uma irritação jamais sentida.

Ele apenas assentiu.

— Tentei ser petulante que nem você um pouco. — Ele fala. — Talvez dê mais certo na próxima vez.

Nathalie leva um segundo para identificar a procedência do comentário. E então respira fundo pela décima vez em menos de 24 horas, perdendo o resto da paciência que lhe restava.

O dia já havia atingido o seu pico, e agora não existia mais nada que ele pudesse estragar. Ela tomba o rosto para o lado antes de soltar a pergunta que mais lhe percorreu a mente desde o minuto em que conheceu o rapaz.

— Vem cá, qual é o seu problema? — Ela pergunta, com uma risada na ponta da língua em caso de acabar sendo sincera demais.

Oscar dá de ombros, respondendo com indiferença.

— Você.

A Raikkonen acabara de contabilizar a sua primeira vitória e o seu primeiro inimigo.

Ela era boa em fazer amizades, e ótima em lidar com inimizades também. Algo nela ansiava por competitividade, e se o seu próprio companheiro de equipe lhe oferecesse isso, que tipo de jogadora ela seria?

⋆ 𝐋𝐎𝐕𝐄 & 𝐖𝐀𝐑 - OSCAR PIASTRI.Onde histórias criam vida. Descubra agora