²⁵.

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— Deus do céu, Nathalie! — Oscar reclama. — Não pode me tirar da pista todas as vezes.

O mais velho segue Nathalie para dentro da garagem, no último treino da sexta-feira.

Ele a alcança em passos largos, puxando-a para si e fitando o rosto suado e bochechas vermelhas.

— Não quis empurrar você. Foi sem querer. — Ela balança a cabeça, inquieta.  — Me desculpe.

Oscar observa os olhos azuis com mais cautela, cuidando para que Nathalie não ficasse ainda mais evasiva do que já estava.

Pouco se falaram durante o dia, e a garota Raikkonen parecia aflita com algo que Oscar não sabia.

— O que está acontecendo, meu amor? — O australiano pergunta, ajudando Nathalie a retirar o traje de corrida.

Ela apenas balança a cabeça outra vez, focando em livrar-se do zíper na frente da roupa. A pequena irritação que tomava os pensamentos dela dissipou por um momento, quando Oscar lhe chamou carinhosamente.

— Nada. — Ela responde, com um meio sorriso que disfarçava o incômodo.

Eles ficam em silêncio por alguns segundos, encarando um ao outro sem ligar para a movimentação de engenheiros na garagem.

Após o último treino do dia, chovia em Spa. O clima era abafado dentro dos boxes em comparação a chuva forte e estrondosa do lado de fora.

— Tem algo de errado, Nath. — Oscar murmura. — Eu conheço você.

As orbes azuis de Nathalie escurecem.

Da maneira mais estranha o possível, Oscar conhecia ela.

A garota de cabelos vermelhos não contestou e nem mudou de assunto, mesmo sendo algo que faria em qualquer outra ocasião com qualquer outra pessoa.

Mas era Oscar, então ela ficou.

— Estou nervosa. — Ela cedeu, abaixando o rosto. — Preciso fazer uma boa corrida antes do meu aniversário.

O rosto dela subiu outra vez, e Oscar a encarava minusciosamente por longos segundos. Constrangida, ela soltou uma risada exasperada.

— É idiota, eu sei. — Ela explica. — Mas é meio que uma tradição pra mim. Desde o karting eu costumava desprezar aniversários apenas para poder treinar mais... Vencer mais. Queria manter isso, desta vez, já que infelizmente não posso cancelar o meu aniversário para treinar.

Algo brilhava nas íris castanhas de Oscar, que prestava atenção na garota à sua frente tagarelar sobre algo importante para ela. Ele permaneceu em silêncio enquanto ela continuava.

— Eu odeio aniversários. Quer dizer, odeio as festas dos meus aniversários. — Nathalie prosseguiu. — Nunca tive nenhuma experiência boa exceto quando fiz cinco anos.

Ela sorriu, e um segundo depois Oscar segurou o rosto dela com as mãos.

— Você vai ganhar essa corrida. — Ele garantiu, beijando a garota na testa.

E, de fato, Oscar faria o possível e o impossível para que ela estivesse no lugar mais alto de Spa.

...

Oscar Piastri sabia muito pouco sobre amor.

Amava correr, estar entre amigos e família, visitar lugares com histórias, passar um tempo tranquilo na sua própria companhia.

Oscar amava a solitude.

Mas quando se tratava de sentimentos, ele tinha a vaga lembrança de amar uma memória no fundo da sua mente.

Era algo tão pouco lembrado e revivido, provavelmente alguma memória aleatória de infância que você, por algum motivo, não esquece.

Lembrava de desejar alguma coisa a uma garota com um traje de corrida branco e vermelho, e depois disso, amava aquilo que poderia se lembrar com mais vividez.

Mas Oscar tinha a irrevogável e absoluta certeza de que o amor era uma garota com cabelos vermelhos e um rosto tal qual como de um anjo, sentada na cadeira a sua frente sobre a luz amarelada.

Quando se tratava de amor, Oscar amava todos os pequenos jeitos e manias de Nathalie Raikkonen: A garota mais doce que já conheceu.

Ela sorria lindamente para ele, comentando sobre como a arquitetura do restaurante era adorável, e que lhe lembrava o lugar onde morava na adolescência.

Logo em seguida ela tagarelou sobre a sua família, dizendo que todos estavam muito animados em finalmente conhecê-lo.

— Falei com o seu pai no dia do seu acidente. — Oscar comenta, brincando com os pés de Nathalie debaixo da mesa.

— E o que falaram?

— Ele me disse para manter você longe de problemas. — Oscar provoca, chutando o lado do calcanhar de Nathalie.

Ela chuta de volta e Oscar dá uma risada.

— Também me falou para não falar com você de manhã cedo. — Ele continua. — Você fica mesmo tão ranzinza como ele disse?

Nathalie cruza os braços e franze o cenho.

— Não sei, quer testar? — Ela fala.

— Nunca pensei em dizer isso... Mas, sim. — Ele olha para Nathalie, brincalhão. — Seria uma experiência e tanto lidar com uma mulher ranzinza todos os dias de manhã.

Nathalie recosta na cadeira, ainda com os braços cruzados, mas corada com o fato de Oscar pensar em um futuro onde os dois acordariam lado à lado.

Oscar tomba a cabeça para o lado, sorrindo.

— O que foi? — Ele pergunta. — Ficou tímida?

Ela se ajeitou na cadeira novamente, recompondo-se.

— Vou pisar no seu pé se continuar brincando assim comigo. — Declarou a ruiva.

— Não estou brincando Nathalie Piastri. — Ele sorri. — Estou falando muito sério.

Nathalie sente que pode desmanchar na frente de Oscar, ao ouvi-lo pronunciar a junção que ela se pegou pensando algumas vezes.

A ideia era incrívelmente bonita.

Nathalie Piastri.

Ela gostava de como isso soava.

— Pense nisso. — Oscar murmura.

— Estou pensando.

Eles ficam em silêncio por alguns momentos, observando a movimentação lenta do restaurante bem decorado.

— Nathalie Piastri é bonito. — Ela responde, com a voz sutil.

Oscar vira o rosto para a mulher na sua frente, completamente hipnotizado por cada detalhe nela.

— Ótimo. — Disse ele. — Pense sobre as próximas combinações.

Nathalie levou alguns segundos para entender o que ele disse, o rosto confuso passando de compreensão até uma pura realização.

Ah, é claro. Ele estava pensando muito à frente do que apenas acordarem juntos todos os dias, ou um sobrenome adicionado ao nome que ele tanto gostava de ouvir.

Pensou em uma realidade nova, uma vida além da velocidade e adrenalina. Algo além das pistas e premiações, luzes que se apagavam e banhos de champagne.

Ela sorriu, sentindo-se feliz e pronta para tudo o que lhe aguardava com Oscar Jack Piastri.

⋆ 𝐋𝐎𝐕𝐄 & 𝐖𝐀𝐑 - OSCAR PIASTRI.Onde histórias criam vida. Descubra agora