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Oscar Piastri não era experiente com beijos.

Beijou algumas vezes, é claro, mas não foram tão intensos como são com Nathalie. Das últimas vezes que beijou a garota, tomou cuidado para não passar dos limites com ela.

A verdade é que Oscar não sabia se controlar com Nathalie tão perto, sob seu comando. Desejava fazê-la sua; consumi-la.

Se conteve com o suave toque das mãos de Nathalie em sua nuca, o puxando para mais perto enquanto seus lábios tocavam desejosos.

Ele se afastou um pouco para olhá-la, deitada sobre seus lençóis com o cabelo vermelho espalhado pela cama, o cheiro suave de morangos frescos e lábios inchados.

E claro, as bochechas mais vermelhas do que o normal.

Adorava admirar a maneira como o rosto de Nathalie sempre expressava o que ela sentia. Agora ela estava tímida, mas tinha um sorriso brincalhão e mordia o lábio inferior como se pensasse em algo divertido.

Oscar deita ao lado dela, e o rosto vermelho se vira, contemplando as feições bem desenhadas do australiano.

Ele parecia diferente, e não tinha mais o rosto fechado de sempre. Um sorriso apareceu nos lábios finos, destacando a ponta vermelha no nariz.

Nathalie sentia-se tonta todas as vezes que Oscar sorria assim. Ela se aninha no peito dele, afim de esconder o quanto isso havia mexido com ela.

— Qual é a sua memória favorita? — Oscar perguntou, aliviando a tensão e o nervosismo que seguiu após o beijo.

Nathalie mordeu o lábio inferior outra vez.

Provavelmente era essa, mas ainda era muito cedo para dizer o que sentia sobre tudo isso.

— Meu aniversário de cinco anos. — Ela respondeu.

Oscar deu uma risada e achou adorável o fato de Nathalie lembrar de um aniversário tão específico. Pensou que ela diria sobre a sua primeira vitória, ou algo do tipo.

— Por que?

— Por que eu me senti feliz. — Ela fala. — Foi a primeira vez que alguém que eu não conhecia foi gentil comigo.

Oscar encara o teto, pensando que foi um tolo pela maneira como tratou Nathalie ao conhecê-la. Não queria ter feito parte das pessoas que não foram gentis com ela e, de repente, desejou que ninguém a tivesse tratado de tal maneira.

— Justo. — Ele responde, meio desconcertado.

Nathalie levanta o rosto para encará-lo, e ele permanece rijo com os olhos no teto, sem dizer nada.

Ele era uma exceção.

Nathalie não conseguia pensar em nenhum outro cenário capaz de trazê-los até aqui, senão o pé de guerra em que começaram.

— Isso é louco até demais. — Oscar confessa. — Nós nos...

— Odiamos? — Ela completa, com a voz suave.

— É. 

Ela fica um segundo em silêncio e levanta o rosto, fazendo Oscar olhar para ela.

— Você ainda me odeia? — Ela pergunta, e a suavidade em sua voz não esconde o leve tom provocativo por trás da pergunta.

Oscar suaviza o rosto, impressionado com a visão da garota tão perto. As íris castanhas escurecem, assim como o azul céu escurece com a pupila a dilatar.

Ele engole em seco. Não sabe a resposta.

Ou sabe.

Mas se não a odeia, o que explica toda a dificuldade em se manterem sem brigar? O que explica a facilidade que tinham em discordar de tudo?

O que explica o fato de simplesmente gritarem um com o outro em todas as oportunidades que tinham, mas sempre acabarem tão próximos a ponto de compartilharem algo tão íntimo?

Oscar amava Nathalie, apesar de toda a confusão que faziam juntos.

Porque isso fazia sentido: Tê-la em seus braços e beijá-la dessa maneira. Cuidar dela.

Eu amo você, Ele pensou, mas não disse.

Não confessou seu amor, mas puxou Nathalie para perto e a beijou até que ela entendesse.

Por algum milagre dos Deuses, ela entendeu, e o beijou mais uma vez para que ele entendesse que era recíproco.


Nove de agosto, 2006.

Mais tarde naquele dia, Nathalie chegou em casa, feliz pela sua vitória e pelo garoto que lhe deu feliz aniversário.

Seu sorriso aumentou quando viu os embrulhos de presente na mesa da cozinha, todos arrumados em volta de um bolo rosa com cinco velinhas.

Balões estavam presos na parede, emoldurando fitas metalizadas em um tom rosê. Leu o seu nome na parede, em volta de carrinhos de corrida rosa, e bandeiras quadriculadas no mesmo tom.

Insistiu para que abrisse os presentes antes do bolo, e logo depois de quase gritar de felicidade ao abrir o último presente — que, por sinal, eram novas sapatilhas de balé —, Nathalie ouviu seus familiares cantarem os parabéns.

— Faça um pedido, Nathalie. — Sua mãe falou.

Ela fechou os olhos por alguns segundos, sorrindo sobre as bochechinhas vermelhas, e então soprou as cinco velinhas.

— O que desejou? — Kimi pergunta.

Nathalie sorriu timidamente e balançou a cabeça. Não iria contar.

Desejou ver o garoto que lhe deu parabéns outra vez, Oscar Piastri.

⋆ 𝐋𝐎𝐕𝐄 & 𝐖𝐀𝐑 - OSCAR PIASTRI.Onde histórias criam vida. Descubra agora