No dia das mães, ela passou viajando a trabalho e chorou muito, era dia 10 de maio. Eu fui ver minha mãe, tomei café da manhã com ela, minha irmã ia lá na hora do almoço então meu irmão e eu decidimos leva-la para jantar. Passei em frente a uma floricultura do shopping e comprei um buquê de flores pra minha sogra e enviei com um cartão. Não sei porquê eu enviei, mas senti que precisava selar a paz mesmo que em pequenos gestos.
Para minha sogra Patrícia Pugliese, um feliz dia das mães, muita luz, bênçãos e saúde na sua vida. Grande abraço, Natalie Smith.
Eu fui ver meu filho a tarde, eu me emocionava toda vez que eu falava em voz alta, "meu filho". Os tramites para dar meu nome ao Noah estavam seguindo. A Pri estava processando a clínica, a Ashley e a pessoa que a ajudou nisso tudo. Ela foi para o presidio feminino na ala comum, e a mãe dela estava desesperada para tirá-la de lá e a Pri não estava movendo um musculo pra isso. Eu fui visitar meu filho no fim da tarde e quando cheguei lá vi a Patrícia estava lá. Ela estava fazendo carinho nele. Ele já tinha saído do banho de luz e da intubação, mas usava sonda, e muitos aparelhos. Ela estava lá, com meu filho.
Graziela: Oi...
Eu: Oi... Quem deixou ela entrar?
Graziela: Eu... Ela é a avó, e ela me pediu. Ela estava aflita, disse que só queria ver o neto um pouco, estava chorando. Fiquei preocupada com o estado emocional dela. Parece deprimida. Ela está ali a uns 15 minutos, fazendo carinho, contando história, dizendo que vai fazer muitas coisas com ele quando ele puder. Dizendo que errou com a mãe dele.
Eu: A relação delas é horrível. E a gente está bem surpresa com a posição dela agora sabendo do Noah. Isso é realmente uma surpresa, a Pri não sabe que ela está aqui, ela está viajando a trabalho a mais de uma semana.
Graziela: Talvez o Noah tenha despertado uma Patrícia diferente.
Eu: Quero acreditar que sim. – fiquei ali vendo de longe. Tirei algumas fotos, fiz vídeos, eu ia mostrar pra Priscilla quando ela voltasse. Ela sorria fazia carinho nas costas dele. Ela tinha um livrinho nas mãos e lia uma história. Quando percebi que ela ia sair eu sai de perto. Peguei dois cafés e fui atrás dela até o estacionamento. Estendi o copo pra ela e ela assustou. – É café, não está envenenado.
Patrícia: Obrigada – pegou o café. Eu me sentei num banco ali em frente ao carro dela e ela se sentou ao meu lado dando um gole no café. – Me viu lá?
Eu: Sim, eu vi.
Patrícia: A Minha filha...
Eu: Ela não sabe. Ela está viajando a trabalho a duas semanas.
Patrícia: Você pode tomar decisões sobre o Noah?
Eu: Posso. Eu estou adotando ele como eu, junto com a Priscilla.
Patrícia: Ama ele? – me olhou pela primeira vez.
Eu: Amo. Desde o primeiro momento que o vi pelo vidro. E você? Você ama ele? – ela ficou um tempo em silencio.
Patrícia: Eu nunca fui boa mãe. – suspirou – Eu sempre priorizei ter o conforto, dar o conforto aos meus filhos, mesmo o meu marido dando tudo a nós. Mas eu construí o meu império. Quando a Priscilla me falou que era lésbica, eu fiquei tão decepcionada, e quando ela disse que ia ter a própria produtora dela enquanto eu queria que ela assumisse a minha empresa quando eu me aposentasse ou que ela trabalhasse comigo, e ela não fez isso. Eu fiquei frustrada com isso. Eu sou uma péssima mãe Natalie... Para a minha filha, para o meu filho. E olha o que ela está fazendo com o Noah, um filho que ela não planejou com uma pessoa que quase destruiu a reputação e a vida dela. Eu não teria o mesmo amor se fosse comigo porque... Porque eu não consegui amar minha filha nesses anos em que ela fez as escolhas dela. E ela está dando todo o amor do mundo ao Noah, ao filho que ela não planejou, ao filho que a louca da ex mulher fez e você a noiva dela está fazendo isso com ela, porque eu não consigo aceitar esse amor pela minha filha?
Eu: Talvez porque você tenha medo de amar sua filha como ela é Patrícia... Eu acho que você ama tanto a Priscilla, que você tem medo de amá-la e de ver sua filha sofrer por qualquer situação. Você foi preconceituosa com a sua filha, todos esses anos. Você todas as vezes que a encontrou, foi desagradável com ela, e isso doeu muito nela. Ela sente falta de te pedir ajuda para algo, de te pedir opinião para algo. Não é fácil para você, mas também não é fácil pra ela. Sei que você é de outra época de outra geração, mas o seu preconceito com ela, dói mais nela do que o preconceito vindo de qualquer outro lugar. Você hoje está aqui, no hospital com o Noah, seu neto, filho dela, meu filho porque ele já é meu filho. Você estava lá dentro lendo um livro de historias pra ele. – ela deixava as lágrimas caírem. – O que sentiu lá dentro?
Patrícia: Um amor gigantesco – soltou o ar que acho que nem ela sabia que estava prendendo. – Ele é tão pequeno, e ele é tão lindo e está lutando tudo. Quando eu falei que era a... que era a vovó e passei a mão nas costinhas dele, ele encolheu todo e tremeu todo.
Eu: Ele fez isso quando eu o toquei também.
Patrícia: Eu fiquei lendo pra ele uma história do pequeno urso. A Priscilla e o Felipe amavam essa história quando eram bem pequenos. Quando eu ainda era uma mãe.
Eu: Você ainda pode ser uma mãe e uma avó. E entender que você não pode mudar as escolhas dos seus filhos e isso não faz deles piores e menos seus filhos. Apenas ame... Você pode fazer isso Patrícia. A Priscilla é muito bem sucedida, ela é feliz, ela vive a vida com leveza, tem problemas como qualquer pessoa, construiu uma casa maravilhosa e com certeza quis você por perto para pedir opiniões. Mas você sempre a afastou com tantas brigas.
Patrícia: Acho que agora é tarde demais Natalie.
Eu: Não é... Ela precisa de você. A gente não sabe com vai ser com o Noah, a gente vai se casar no dia 1 de outubro. Queremos você lá. E Patrícia, eu sei que você não queria que a Priscilla se casasse com uma mulher de novo, que ela fosse diretora, mas ela é sua filha, e mesmo com todas as brigas ela te ama e ela sente sua falta. – peguei um cartão meu. – Esse é meu telefone... Quando quiser conversar... Obrigada por ter vindo ver nosso filho.
Patrícia: Obrigada. – sorriu de leve. – E Natalie...
Eu: Sim?
Patrícia: Obrigada pelas flores... São lindas.
Eu: Imagina. – sorri de leve. Eu entrei no hospital e fui ver meu pequeno.
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A Casa do Lago - Onde tudo começou...
FanfictionMeu nome é Priscilla Álvares Pugliese, tenho 29 anos sou produtora cinematográfica e moro na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Amo o meu trabalho mais que tudo e nunca tive muita paciência para relacionamentos. Eu me envolvi com Ashley McLag, ela tem...