PATRÍCIA NARRANDO...
Eu nem sempre fui intransigente, eu nem sempre fui fria e seca com meus filhos. A minha vida corrida me deixou assim. Eu viajo muito a trabalho, meus negócios rendem muito dinheiro, eu tenho uma vida muito luxuosa e eu amo essa vida luxuosa. As escolhas da Priscilla me decepcionou muito. Eu não conseguia aceitar aquilo tudo, eu não queria ver a minha filha, minha menina casada com uma mulher, trabalhando com TV nem nada do tipo. Eu queria que ela seguisse meus passos, e ela não seguiu e isso me frustrava e me fez me fechar ainda mais. Quando o casamento dela com aquela maluca da Ashley acabou eu fiquei feliz. Ela é completamente doente, dissimulada. Eu e a Priscilla não conseguimos trocar uma frase sem sair na discussão e quase sair no tapa e isso estava cansativo, eu precisava mudar isso. Quando soube do casamento dela com a Natalie eu fiquei furiosa fui idiota, mas depois eu comecei a entender que minha filha estava feliz. Minha secretária a Lucile, a filha dela é lésbica, e tivemos uma conversa muito boa numa viagem a trabalho. Ela dizia que ficou com o mesmo sentimento que o meu quando soube que a filha namorava outra mulher, e que levou um tempo pra ela digerir. Depois disso comecei a repensar a maneira com que eu vinha tratando minha filha. Comecei a ver tudo sobre o trabalho dela e como ela era incrível no que ela fazia. Quando soube do meu netinho, da loucura que a Ashley fez, eu precisava estar lá, eu precisava ver de perto e eu não conseguia dizer nada a ela. Eu não tinha o direito. Antes do dia das mães eu pedi a doutora Graziela para ver meu neto e ela autorizou depois de contar toda a minha historia com a minha filha pra ela. Eu passei a vê-lo todos os dias e contar uma historia. Nada mais existia além dele. Meu filho tinha um jogo, ele fazia parte de um time de futebol e eu nunca assisti a um jogo dele. Eu sabia onde seria o jogo e eu cancelei minha agenda e fui até lá. Quando ele me viu, ele não acreditou. Eu fiquei lá, eu torci, eu gritei, chamei o juiz de ladrão e até o juiz riu. Quando acabou, ele foi tomar um banho no vestiário e veio me dar um abraço. Ele estava feliz e era algo tao simples que eu não estava fazendo. A gente foi comer pizza, ele convidou alguns amigos e eles eram muito divertidos. Meu filho agradeceu tanto por aquele fim de tarde e aquela pizza. Eu me senti tão mal por não ser presente. Depois disso comecei a ir aos jogos dele, as reuniões de escola, a sentar para jantar e almoçar com ele quando eu conseguia. Minha relação com meu marido melhorou muito também, mas a Priscilla ainda estava inacessível. Eu conversava com a Natalie, ela era uma boa mulher e ela amava o filho da Priscilla como se fosse dela. Ela me pediu opinião sobre o casamento e eu me senti tão feliz e pertencida a algo que eu ajudei com o que pude. Minhas visitas ao meu neto aconteciam todos os dias de domingo a domingo. Quando ele foi para a cirurgia nos pulmões eu fiquei arrasada. Eu não queria perder meu menino, eu o amava muito. Quando o peguei no colo a primeira vez minha vontade foi de gritar muito eu estava em êxtase eu estava feliz demais. Meu neto nos meus braços finalmente. Ele era muito pequeno e muito lindo. Eu me empolguei demais e pela primeira vez a Priscilla foi aberta comigo e me autorizou a fazer o quarto pra ele e a ficar com ele quando elas viajassem pelo casamento. Viajei para São Paulo para uma reunião importante e quando paramos para almoçar Lucile me perguntou o que estava acontecendo.
Lucile: Está ansiosa...
Eu: Está tão nítido assim?
Lucile: Está... O que houve?
Eu: Eu não consigo acessar a minha filha. Eu errei tanto com ela, que agora eu não consigo me aproximar dela, eu não sei o que esperar. E eu sei que ela não vai chegar em mim. – suspirei frustrada.
Lucile: Foi muito rude com ela por anos né... Então qualquer reação que ela tenha, ela está no direito dela de ter.
Eu: Sim, eu sei... E isso está me matando. Ela vai me deixar ficar com o Noah na viagem dela de lua de mel.
Lucile: Vai ao casamento dela?
Eu: Vou. Eu devo isso a ela. Ela é feliz, a Natalie é uma mulher incrível e meu Deus, eu fui tão rude com ela quando a conheci. E ela faz minha filha feliz, ela assumiu meu neto desde o primeiro momento, ela me chamou para ajudar com o casamento mesmo isso causando briga entre ela e a Priscilla, ela quis que eu ajudasse que eu fizesse parte. Eu sinto tanta vergonha do que eu sou.
Lucile: Mas está mudando, está aprendendo. A Priscilla vai demorar um pouco a confiar, a se abrir. Mas só dela não te impedir de visitar o Noah todos os dias, te deixar estar presente nas conversas médicas, de pegá-lo no colo, de deixa-lo com você para elas viajarem ou para passar um tempinho com você, é sinal que ela te quer por perto, ela só não está alimentando expectativas, porque você sempre a atacou. – eu e a Lucile não tínhamos formalidades fora da empresa. Mas éramos amigas, ela tem minha idade, eu a ajudo em tudo que posso e ela é uma ótima conselheira.
Eu: Acho que vai demorar, mas eu não quero que ela sinta que eu vou voltar a ser o que eu era. Eu vi o quanto eu fui grosseira, fui má, fui ruim... Essa não sou eu. Fui num jogo do meu filho depois o levei para comer uma pizza com os amigos e foi tão divertido que eu me senti mal por perder isso. – conversamos muito. Fomos para outra reunião e embarcamos para o Rio novamente. Eu a deixei em casa e fui pra minha casa. Roberto estava no nosso quarto vendo uma série, e ele amava isso. – Oi querido – dei um beijo nele.
Roberto: Oi... Como foi de viagem?
Eu: Foi tranquilo. Não foi trabalhar hoje?
Roberto: Fui só de manhã. Hoje é sexta quis vir embora mais cedo. Vamos jantar fora hoje só nós dois?
Eu: Vamos sim. Onde? – perguntei indo ao closet.
Roberto: Naquele restaurante italiano que você gosta.
Eu: Delícia... Vamos sim.
Roberto: Fui ver o Noah hoje.
Eu: E como ele está?
Roberto: Está evoluindo muito bem. A médica dele disse que ele está a cada dia melhor. Que até o final de junho ele deve ir pra casa.
Eu: Ainda falta tanto.
Roberto: Mas é para o bem dele amor... Ele vai ficar bem. Já é uma vitória ele estar vivo. Falei com a nossa filha hoje, e ela e a Natalie estão reunindo os papeis para se casarem no civil esse mês ainda.
Eu: Ué... Elas não iam fazer isso junto com a cerimonia?
Roberto: Sim, mas a vagabunda da Ashley conseguiu travar a adoção do Noah pela Natalie dizendo que ela não é esposa da Priscilla, que ela mudou de ideia. Só que é obvio que nenhum juiz acatou a decisão dela de voltar atrás no acordo só que, a Natalie só poderá assumir a guarda dele com a Priscilla quando elas estiverem casada no civil então elas querem fazer isso o quanto antes.
Eu: E elas vão fazer alguma festinha pra comemorar?
Roberto: Diz a Priscilla que vão comprar um kit festa e comerem sozinhas – a gente caiu na risada.
Eu: Ah não. Vamos fazer uma festinha. Um almoço aqui em casa, bem gostoso, uma feijoada o que acha?
Roberto: Humm... Feijoada... Gostei hein...
Eu: Vou falar com elas depois sobre isso.
Roberto: Estou gostando de ver essa mudança – me abraçou e me deu um beijo. – Nossa filha merece essa felicidade.
Eu: Eu sei... Merece sim... – o abracei. Eu tomei um longo banho, me arrumei para sair com o Roberto. Enquanto ele tomava banho eu liguei pra Priscilla. No terceiro toque ela atendeu.
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A Casa do Lago - Onde tudo começou...
FanfictionMeu nome é Priscilla Álvares Pugliese, tenho 29 anos sou produtora cinematográfica e moro na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Amo o meu trabalho mais que tudo e nunca tive muita paciência para relacionamentos. Eu me envolvi com Ashley McLag, ela tem...