Capítulo 23

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Pov: Miranda

Acordamos cedo hoje, iríamos ao hospital pela tarde, como havíamos combinado. Andrea e Sam estavam, como sempre, conversando sobre coisas banais, enquanto desfrutávamos do café da manhã.

Quando acordei, já não estava me sentindo bem. Uma tontura repentina e uma ânsia de vômito me pegavam em momentos desprevenidos. Escutei meu celular tocar. Peguei o mesmo, vendo no visor o nome "Emily".

— Senhora Priestly?

— Sim, Emily? — Tomei um pouco do meu café puro, com uma pitada de canela.

— A reunião com os chineses é daqui a meia hora. Devo remarcar?

Suspirei. Ainda tinha aquela maldita reunião. Passei a mão na testa. Já havia adiado muito, não poderia fazer mais isso.

— Não, pode passar eles para meu MacBook pessoal. Irei atendê-los por chamada de vídeo. — Suspirei.

— Sim, senhora. Estou encaminhando agora mesmo.

— Obrigada, Emily. — Desliguei.

Terminei de tomar meu café e levantei. Rápido demais. Minha visão ficou turva, escura, e tudo começou a girar. Senti algo quente e molhado descer por minhas pernas.

— Mãe? — Escutei a voz de Sam assim que me apoiei na mesa de jantar.

— Eu...

— Amor?

Quando senti que ia cair, mãos fortes me seguraram com pressa e cuidado, e minha visão ficou preta.

Pov: Andrea

— Eu...

— Amor? — Miranda se apoiava na mesa, e tudo ficou em câmera lenta. Quando vi que ela iria desmaiar, a segurei no estilo noiva. Minhas mãos estavam molhadas.

— Sangue?

— Ai meu Deus, Andrea? Meu Deus? — Sam se desesperou, tremendo assim como eu.

Estava atônita.

— Calma. — Pedi, mesmo não tendo calma em mim. — Pegue a chave do carro, e vamos para o hospital imediatamente.

Não parecia, mas estava desesperada também. Sam correu com lágrimas nos olhos até a garagem da casa.

— Eu não... eu não consigo dirigir. — Falou balançando as mãos, a garota estava abalada com a cena que via.

Miranda estava desacordada, toda ensanguentada em meus braços trêmulos.

— Entre no carro.

— Eu não consigo dirigir, Andrea. — Falou mais uma vez entre lágrimas.

— Entre atrás. Vou colocar sua mãe no seu colo. Tente reanimá-la, fazê-la acordar. — Enquanto falava, Sam fazia o que eu pedia.

Depositei Miranda com a cabeça no colo de Sam e, com as mãos cheias de sangue, corri para a parte do motorista. Meu coração estava acelerado, batendo mil vezes por hora, meus olhos lacrimejando. Por que aquilo estava acontecendo?

Quando enfim saí da garagem, acelerei o carro como se minha vida dependesse disso, e dependia. A mulher que eu amo estava ali deitada naquele banco de trás do carro, sangrando. Apavorada.

— Mamãe, por favor, acorde. Não me deixe.

Pisei mais forte no acelerador, não ligando para os semáforos que eu havia ultrapassado, nem para as multas altíssimas que aquele carro iria receber. Tudo que me importava ali era minha mulher.

— Mais rápido, Andrea.

[...]

Estacionei o carro de qualquer modo e corri para tirar Miranda do banco de trás, adentrando com ela em meus braços.

— Por favor, ajuda! Ela está sangrando. — Gritei entre lágrimas, Sam estava bem atrás de mim.

— TRAGAM UMA MACA!

Depois disso, tudo foi muito rápido. Várias pessoas nos olhavam assustadas, enfermeiros com vestimentas azuis traziam uma maca. Coloquei Miranda na maca e segui-os, segurando a mão da minha amada.

— Emergência, sangramento na região vaginal. — Uma enfermeira falou, colocando um respirador nela e apertando o mesmo para gerar ar. — Desculpe, daqui vocês não podem mais entrar.

Estávamos em um corredor enorme com duas portas com janelas redondas em cada.

— Ela... Ela é minha mãe. — Sam tentou falar.

— Sinto muito, senhorita. — Fechou as portas.

Entramos em um cubículo, e uma mulher de jaleco branco nos cumprimentou educadamente.

— Vocês podem me dizer o que exatamente estavam fazendo? Ela já teve esses sangramentos antes? É a primeira vez? — Com uma voz fina e doce, a médica perguntou.

— Ela... nós... — Sam soluçava.

— Estávamos tomando café da manhã quando, de repente, ela desmaiou e começou a sangrar. — Suspirei, tentando conter as lágrimas. — Não que eu saiba, é a primeira vez que vejo ela sangrar, mas a tontura e o enjoo são constantes há algumas semanas.

A médica arqueou as sobrancelhas.

— Senhorita... — Olhou para minha amiga.

— Samantha Priestly.

— Você é filha dela, então? — Sam assentiu. — Sabe se tem casos assim na sua família?

— Essa foi a primeira vez que a vi sangrando.

A mãe da minha melhor amiga - Adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora