A Saga do Tempo – Wild Kondo
Livro 1: Os Cavaleiros da Távola do Wild Kondo
Capítulo 5: Um Velho Amigo
Contagem de Palavras: 1164 Palavras------------------
Os Lutadores ficaram parados por um momento, encarando a pessoa que havia invadido seu quarto sem que eles tivessem percebido, mas foram trazidos de volta à ação por Matsaniel que entregou aos amigos as Armas Astrais que estavam em sua bolsa.
— Muito bem — disse Matsaniel, se aproximando da pessoa caída com a kusarigama em punho. — É melhor ser rápido em dizer quem é você e porquê eu não consigo ler a sua mente.
A pessoa encapuzada levantou a cabeça, deixando os demais verem seu rosto. Era um garoto, provavelmente da mesma idade de Matsaniel, Tom e Marcos, branco, de olhos castanhos e com cabelo castanho liso que se estendia até a altura dos ombros.
Ao o verem, Matsaniel, Marcos, Tom e William arregalaram os olhos e recuaram um passo.
— Mas é... — começou William.
— Não, não é possível — disse Tom. — Simplesmente não tem como.
— É um antepassado? — perguntou Marcos. — Talvez um sósia antepassado?
— Não — disse Matsaniel. — Certamente é ele. Estou certo, não estou, Bruno?
Todos olhavam para o garoto caído que ainda não havia dito nenhuma palavra. Surpreendentemente, para a situação em que estava, ele sorriu.
— Você gosta de estar certo, não é, Francisco? — perguntou o tal Bruno. — Há quanto tempo pessoal, alguns séculos, eu diria.
— Mat, quem é esse? — perguntou Gabriel.
— Gabriel, certo? — perguntou o tal Bruno. — Você passou um tempo comigo. Vai dizer que não lembra?
Um silêncio constrangedor se abateu sobre o quarto depois disso, afinal todos estavam esperando uma resposta que jamais viria.
— Bruno é um de nossos colegas da escola — disse Matsaniel, por fim, terminando com o clima torturante.
— O quê?! — questionou Gabriel. — Como é que veio parar aqui um colega de vocês?
— Olá, exatamente pelo fato de o colega em questão estar aqui, é que eu mesmo posso responder — disse Bruno, voltando a chamar a atenção para si. — Vim para cá do mesmo jeito que vocês.
— Isso não é possível — disse o rapaz.
— Na verdade, é — observou Matsaniel. — Bastava que ele estivesse na montanha quando os pergaminhos nos puxaram para esse tempo.
— Como ele poderia estar na montanha sem que soubéssemos? — perguntou Gabriel.
— Nem eu consegui detectá-lo — lembrou Matsaniel. — Acredita que alguém mais poderia? Eu só quero entender como e porquê.
— Se é a minha história, então me permita contar — disse Bruno. — Tudo começou alguns meses atrás, quando seu amigo Gabriel chamou o William para se encontrar com ele atrás da escola, depois das aulas. Eu o segui e descobri sobre esses tais Lutadores Wild Kondo com aquela exibição exagerada de poderes.
— Nesse caso, culpa minha — admitiu Gabriel.
— Bem, depois disso, continuei à espreita para aprender mais e, um dia, encontrei o túnel de vocês — prosseguiu Bruno.
— Isso não é possível — interrompeu Gabriel mais uma vez. — Não pode simplesmente ter encontrado o túnel por acaso.
— Quando eu disse que foi por acaso? — perguntou Bruno. — Claro que não. Eu segui o William.
Todos olharam para o garoto.
— O quê? — perguntou William.
— Estamos esperando você admitir que a culpa foi sua — respondeu Tom.
— Se ele me seguiu, a responsabilidade é só dele — defendeu-se William.
— Tanto faz de quem é a culpa — disse Matsaniel. — Bruno, por favor, prossiga.
— Obrigado — disse Bruno. — Quis esperar uma oportunidade perfeita para poder usar o que havia descoberto, e uma ocasião assim não demorou para aparecer. Um dia ouvi você, Francisco, brigando com o William por ter decidido ir à escola só para não ter que ir limpar uma praia. Na minha cabeça, isso significava que havia alguém fazendo a tal limpeza e, se você estava dando uma bronca, significava que a pessoa não teria outra ajuda com que contar. No fim, eu estava certo. Naquele dia, encontrei sua base vazia.
— Se você sabia de tudo, por que não veio direto nos falar? — perguntou Gabriel. — Por que invadiu nossa base vazia?
— Sabe, minha mãe morreu quando eu tinha sete anos — disse Bruno. — Depois disso, por sempre fazê-lo se lembrar dela, meu pai não quis mais saber de mim. Passei por vários parentes que aceitavam me abrigar, mas depois desistiam porquê não queriam lidar com essa nova responsabilidade. Assim sendo, vocês já devem ter notado que tenho alguns problemas de abandono. Não havia garantias de que não simplesmente apagariam minha memória. Eu precisava de algum resultado para mostrar primeiro.
— Nossa, a sua vida foi muito triste — observou Gabriel. — Sinto muito. Sei um pouco como você se sente.
— Isso já faz muito tempo, eu segui adiante — disse Bruno. — A vida foi dura, mas me deixou mais resistente. Enfim, continuando a história... encontrei os pergaminhos que ensinam como se tornar um Lutador Wild Kondo, então tirei foto deles e peguei um Pergaminho do Elemento Metal. Fiquei um bom tempo estudando para o meu desafio, até que o realizei ontem. Digo, ontem para o nosso presente. Me tornei um Lutador Wild Kondo, ganhei poderes e, quando acordei hoje de manhã, encontrei essa espada perto de mim.
Dito isso, ele mostrou a bainha que trazia presa à sua cintura.
— Parece ser uma Claymore — observou Tom, atraindo os olhares de todos. — O que foi? Eu também me interesso por esse assunto.
— Bom saber — disse Bruno. — Enfim, com tudo isso para mostrar, decidi me apresentar a vocês e pedir para fazer parte da equipe, mas acabei aparecendo logo quando vocês mexeram naqueles pergaminhos estranhos. Como eu estava perto, fui puxado para o passado também.
— Isso realmente explica muita coisa — disse Matsaniel. — No entanto, ainda falta saber como foi que você conseguiu passar despercebido. Pela sua história, você estava bem perto de nós nos momentos em que ouviu as coisas, mas, com certeza, não diríamos nada de comprometedor se houvesse alguém tão perto assim.
— Isso também tem raízes na minha infância, eu diria — disse Bruno. — Depois que minha mãe morreu, todos só me perguntavam como eu estava a todo momento. Eu só queria ser deixado em paz, passar despercebido. Quando dei por mim, conseguia fazer isso perfeitamente.
— Espera, as coisas começaram a perder o sentido — disse Matsaniel. — Se todo mundo que quisesse ser invisível simplesmente ficasse, todo adolescente usaria esse poder, pelo menos, uma vez na vida.
— Bom, é a explicação que tenho — disse Bruno, dando de ombros.
— Isso é algo a se observar — disse Matsaniel, pensativo. — Você pode ter alguma forte ancestralidade Yokai que tenha te dado essa habilidade. Eu poderia descobrir com um simples exame de sangue, mas o equipamento para isso está em casa. Quando voltarmos, posso tirar a dúvida.
— Então é isso — disse Bruno. — Acabou a história. O que vocês me dizem? Posso fazer parte da equipe?
— Não há dúvidas de que você se esforçou, mas também literalmente roubou o poder que agora possui — disse Gabriel. — Você devia ter vindo até nós se queria fazer parte da equipe, mesmo que não tivesse nada com você para mostrar. Há muito que temos que considerar.
— Parece que, nesse momento, não vai ser nem "sim" e nem "não" — observou Matsaniel. — Você vai ter sua resposta, seja paciente.
— Tudo bem, serei paciente — disse Bruno.
— Por hora, acho melhor irmos dormir de uma vez — disse Gabriel.
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Wild Kondo/As Amazonas/Os Paladinos - A Saga do Tempo
FantasiContinuação de: Wild Kondo - A Saga do Fim do Ano O início do novo ano traz mudanças para todos, independentemente de quem ou onde estejam. Para os Lutadores Wild Kondo da América do Sul, esse começo de ano foi marcado por uma viagem ao passado, dir...