TURMALINA NEGRA - Laços Sombrios

PEDRAS PRECIOSAS

Três anos se passaram desde o desaparecimento de Lucas, e a dor ainda marcava a vida de Diego e sua familia. A polícia já o tinha dado como morto, mas Diego recusava-se a aceitar isso. Ele estava inconsolável e determinado a encontrar seu irmão e resolver o mistério que os envolvia. Ainda assim, a cidade fez um velório para Lucas e os jornais de toda parte o noticiavam como "louco desaparecido", "Psicopata a solta" "O assassino de Silverlane", era realmente cruel, nada justo, já que Lucas estava possuido, mas quem acreditaria? era mais fácil o chamarem de louco e assassino. Anna esteve ao lado de Diego o tempo todo, compartilhando sua dor e determinação em fazer justiça e salvar seu irmão.

Por diversas vezes foram a gruta e tentaram contato com a bruxa, mas todas as vezes que tentaram só havia o siléncio, era desesperador. Finalmente, após muitas tentativas, Anna e Diego conseguiram finalmente fazer contato com Mima durante uma visita à Gruta num domingo a noite.

— Lucas está vivo e bem, — revelou Mima, sua voz ecoando suavemente na caverna. — Felipe está se fortalecendo para atacar com toda a força, não sei mais o que esperar dele, tenho tentado contato com vocês, mas alguma coisa me impede, acredito que seja ele, de alguma forma ele esta tentando me calar, só não sei como. Vocês precisam encontrar Agata o mais rápido possivél, ela é descendente de Susana Martin, a bruxa que me ajudou a me esconder na gruta e me ensinou feitiços séculos atrás. Agata é a única que pode ensinar o feitiço para destruir Felipe.

— E onde podemos encontrá-la? — perguntou Anna, ansiosa.

— Agata mora em Velho Airão, Amazonas, — disse Mima. — Vocês precisam ir até lá e convencê-la a ajudá-los.

Anna e Diego olharam um para o outro, cientes da jornada que tinham pela frente. Diego, que havia acabado de ganhar um carro de aniversário de 19 anos, se sentia pronto para qualquer desafio. As provas da faculdade haviam terminado e estavam em período de férias, o que lhes dava a oportunidade perfeita para viajar.

— Vamos fazer isso, — disse Diego, determinado. — Vamos encontrar Agata e acabar com Felipe de uma vez por todas.

Sorri, compartilhando a determinação de Diego.

— Estou com você, Diego. Vamos trazer Lucas de volta e libertar Mima.

Com as passagens compradas, Diego e Anna partiram para o Amazonas, prontos para enfrentar a próxima fase de sua jornada. Chegaram a Manaus, onde pegaram um barco para Velho Airão. A viagem pelo rio foi longa, mas a paisagem deslumbrante e a companhia um do outro mantiveram seus espíritos elevados.

— Esse lugar é incrível, — disse Anna, admirando a floresta densa ao redor do rio.

— Sim, mas precisamos nos concentrar em nossa missão, — respondeu Diego, embora também estivesse impressionado com a beleza ao redor. — Temos que encontrar Agata.

Chegando a Velho Airão, começamos a investigar e perguntar aos moradores locais sobre Agata. Após algumas tentativas frustradas, encontraram um homem idoso que parecia saber de algo.

— Agata vive isolada na floresta, — disse o homem, com um olhar sério. — Ela é uma curandeira poderosa, mas nem todos acreditam em suas habilidades. Vocês precisam ter cuidado ao se aproximarem dela.

— Obrigado, senhor, — disse Anna, grata pela informação. — Sabe onde podemos encontrá-la?

— Sigam a trilha que leva ao sul da cidade, — respondeu o homem. — Eventualmente, vocês encontrarão sua cabana. Mas lembrem-se, sejam respeitosos e expliquem suas intenções com sinceridade.

Diego e Anna seguiram a trilha indicada, avançando pela floresta densa e úmida. Após algumas horas de caminhada, avistaram uma pequena cabana de madeira, quase escondida entre as árvores.

— Acho que chegamos, — disse Diego, respirando fundo para se acalmar.

Anna assentiu, sentindo a tensão no ar. Se aproximaram da cabana e bateram na porta. Nada, nenhuma resposta. Então decidiram entrar e verificar se tinha alguém, nada. A frustração tomou conta, o cansaço e o desespero fizeram Anna chorar. Diego a abraçou.

De repente som de passos.

— O que querem aqui? — perguntou uma moça do lado de fora da cabana, sua voz firme e desconfiada.

— Estamos procurando por Agata, — tentei manter a calma. — Somos amigos de Mima. Ela nos disse que Agata pode nos ajudar a resolver uma situação dificil que estamos passando.

A estranha estreitou os olhos, estudando-os por um momento antes de falar.

— Não tem nenhuma Agata aqui, — disse ela, demonstrando certo desconforto. — Vão embora.

Já cansados e sem saber o que fazer, Diego e Anna se olharam e pensaram a mesma coisa, dormiriam naquela cabana abandonada e pela manhã continuariam a busca. A cabana tinha um aroma de ervas frescas e incenso, não parecia ter sido abandonada à tanto tempo, apesar da estranha insistir que não tinha ninguém morando ali há muito tempo. 

— Essa tal de Mima está errada, não sei porque ela mandou vocês aqui — começou a estranha, após um longo silêncio. — Aqui não é seguro, vão embora. Estão numa parte da floresta aonde os espiritos andam soltos pela noite.

— Não se preocupe, vamos embora de manhã, — disse Diego, cético.

— Te incomoda ficarmos aqui? — acrescentei. — Alguém mora nesta cabana?

A estranha assentiu sobre ficarmos, vendo a reação nos olhos de Diego.

— Muito bem, — disse ela. — Façam o que acharem melhor, não me responsabilizo por vocês.

Se entreolharam, um tanto quanto desconfiados.

— Fique tranquila, — disse Diego, levantando-se. — Vamos sair desta pocilga antes que possamos incomodar qualquer espirito ou pessoa que seja.

A estranha sorriu levemente.

— Boa sorte, — disse ela. — E lembrem-se, a floresta pode ser traiçoeira. Cuidem-se.

A estranha desapareceu floresta a dentro, sem dizer seu nome ou o que estava fazendo ali. O cansaço os deixou deveras desinteressados em saber. Só queriam descansar da viagem longa que tiveram.