A BRUXA ESTÁ SOLTA

3 1 0
                                    

Após o ocorrido Anna passou a dormir na casa de Diego. Sentia-se mais segura ao lado dele, mas a logística de ambos havia mudado, pois estudavam em duas universidades diferentes, o que tornava todo o percurso cada vez mais exaustiva. Ela tinha que acordar muito mais cedo para chegar em sua universidade a tempo, o que a deixava constantemente cansada, até adormecendo nas aulas algumas vezes e sendo chamada a atenção pelos professores.

Certa manhã, enquanto tomava café da manhã com Diego e seus pais, Anna tentou esconder seu cansaço, mas sua aparência entregava a sua situação, o que preocupou seus sogros e os fez entrar em contato com os pais de Anna, tentando ajudar.

— Você tem certeza de que não quer voltar para casa, Anna? — perguntou a mãe de Diego, preocupada. — Você parece tão exausta dessa rotina louca que arrumaram pra vocês.

— Estou bem, senhora Moreira. Só preciso me acostumar com a rotina. — respondeu Anna, forçando um sorriso.

Diego segurou a mão dela por debaixo da mesa, oferecendo apoio silencioso.

— Vamos dar um jeito nisso. — sussurrou ele.

Na faculdade, Anna concluiu o treino com a equipe de voleibol e foi tomar um banho no vestiário feminino. O campus estava relativamente vazio, pois já passava das 18h, com poucos alunos caminhando apressadamente para ir embora. Anna estava saindo do chuveiro, quando ouviu um barulho estridente, parecia algo raspando em metal, ignorou e continuou se arrumando, porem a sensação de estar sendo observada ativou seu estado de alerta, então se apressou pra sair o mais rápido possível dali.
Ao sair sentiu um arrepio enorme e a sensação de estar sendo seguida só aumentava, então decidiu fazer um caminho diferente. Quando se lembrou que esqueceu sua carteira e retornou ao vestiario para buscar. O caminho para o vestiário passava pela área da piscina. Seus passos aceleraram, quando de repente ouviu barulhos seguidos de coisas caindo ao chão, quando olhou para trás só havia a piscina, coberta por uma lona azul. Não havia ninguém e como as luzes só ativavam com o sensor de presença, os corredores estavam todos escuros. Quando Anna olhou para trás e um arrepio enorme subiu por sua espinha a fazendo suar de medo, as luzes dos corredores acenderam uma após a outra, como se alguém estivesse atrás dela apressando os passos. O desespero tomou conta e Anna saiu correndo. De repente, uma rajada de vento frio passou através dela. Anna olhou ao redor, sentindo uma presença sinistra. Antes que pudesse reagir, sentiu uma força invisível a empurrar violentamente contra a parede, seu corpo amoleceu e antes que pudesse levantar, novamente foi arremessada no ar e caiu sobre a lona da piscina, apavorada e com medo de afundar na lona, ela ficou imóvel e começou a gritar socorro, não resistindo ao seu peso a lona foi afundando e envolvendo seu corpo, jogando-a na água presa na lona.
O pânico tomou conta de Anna. Ela tentava nadar, mas a lona se enroscava nela cada vez mais, e quanto mais ela tentava escapar, mais ela se enrolava e já estava ficando sem ar. Em meio ao desespero, seus olhos encontraram a figura sombria com a boca enorme e os cabelos escuros fora da piscina a observando, enquanto perdia as forças e começava a ver cada vez mais turvo, até desmaiar.

— Alguém me ajude! — deu seu ultimo grito e afundou.

Nesse momento, Eric apareceu. Ele estava proximo dali, e conseguiu ouvir os gritos, correndo na direção da piscina. Ao ver Anna lutando para não se afogar, não hesitou. Correu e puxou a lona com toda força na água, o corpo de Anna já desfalecido afundou mais ainda na agua, não mais presso a lona, Erick então pulou na agua nadando rapidamente até ela, tirando-a da piscina.

Percebendo que Anna estava desacordada Eric a posicionou e pressionou o peito com o calcanhar da mão no centro do tórax, entre os mamilos, iniciando uma RCP, coprimindo 30 vezes com força, permitindo que o peito se expandisse completamente entre cada compressão. Tentou uma respiração boca-a-boca e após alguns minutos tentando, percebeu que talvez tivesse chegado tarde demais.
Eric sentiu muito medo de perde-la e o desespero começou a tomar conta, mas ainda assim tentou manter a calma, pois só havia ele ali para socorre-la naquele momento, então inclinou a cabeça dela para trás e erguendo seu queixo colocou seus labios nos dela e deu duas respirações artificiais, soprando na boca de Anna por cerca de 1 segundo cada. Alternando com as 30 compressões torácicas e 2 respirações artificiais, pedindo em pensando para que Deus a salvasse, as lagrimas escorrendo de seu rosto, seu coração estava acelerado e ele mal sentia o de Anna. Ele sentou no chão e colocou a cabeça entre o joelhos, começou a chorar. Quando olhou para Anna e viu seu peito mexendo, ela estava respirando! Finalmente estava respirando sozinha e começou a vomitar toda agua para fora. Eric a posicionou de lado para não engasgar.

— Você está bem? — perguntou Eric, preocupado.

— Sim... Eu acho que sim. - Respondeu Anna tossindo. — Obrigada Eric, respondeu ela, tremendo de frio.

Eric olhou ao redor, ainda em alerta.

— O que aconteceu aqui? Eu cheguei e você estava naquela situação, como foi parar ali?

Anna respirou fundo, tentando acalmar-se.

— Eu nem sei por onde começar, estou com tanto medo. — disse ela, ainda assustada. — Mas obrigada por me salvar. Eu não sei o que teria acontecido se você não estivesse aqui.

Eric assentiu, os olhos ainda fixos em Anna. E a criatura havia desaparecido.

— Precisamos sair daqui. Vou te levar para um lugar seguro. — disse ele, pegando Anna em seus braços e a carregando para fora da área da piscina.

Enquanto a levava, Anna sentiu uma nova onda de gratidão por Eric e extremamente exausta encostou sua cabeça no peito dele e adormeceu. Apesar de todas as provocações e tensões entre eles, ele havia arriscado a vida para salvá-la. Havia muito mais nele do que ela havia percebido e sentiu-se segura com ele, pela primeira vez.

Eric a colocou em seu carro e a levou para o hospital para garantir que Anna estava bem. Aguardou que ela fosse atendida, esperou a realização de vários exames e atenciosamente se ofereceu para leva-la para casa. Anna aceitou.

_____________________________________________________________________________

Anna voltou para a casa de Diego naquela noite, ainda abalada pelo ataque. Quando Diego soube o que aconteceu, ficou furioso e preocupado.

— Não acredito que isso aconteceu de novo. — disse ele, segurando Anna em um abraço apertado. — Não posso mais ficar longe de você, meu amor. Se tivesse acontecido algo com você, eu jamais me perdoaria, por não estar ao seu lado para te proteger!

— Eu sei, Diego. Mas Eric estava lá e me salvou. Esta tudo bem agora. — disse Ana, a voz ainda trêmula.

— Eric? O mesmo Eric que vive te provocando na faculdade? — Diego parecia surpreso.

— Sim, ele mesmo. — Anna assentiu. — Ele ouviu meu pedido de socorro antes de afundar totalmente na água e foi meu ajudar.

Diego suspirou, aliviado por Anna estar a salvo, mas com uma leve pontada de ciúmes.

— Precisamos descobrir uma maneira de nos proteger, Anna. Não podemos viver com medo para sempre e claramente essa coisa esta tentando te matar!

Anna concordou, sabendo que, apesar de todos os desafios, não estava sozinha. Tinha Diego ao seu lado e, surpreendentemente, Eric também. O futuro ainda era incerto, mas ela estava determinada a enfrentar o que viesse.

Enquanto isso, Eric estava observando a casa de Diego, escondido nas sombras, preocupado com Anna e querendo garantir que ela estivesse segura. Ele sabia que, a partir daquele momento, suas vidas estavam entrelaçadas de uma maneira que ele nunca havia previsto. Ele agora tinha certeza que tinha sentimentos por ela e queria garantir sua segurança à qualquer custo.

TURMALINA NEGRA - Laços SombriosOnde histórias criam vida. Descubra agora