Após o primeiro contato com Felipe, parecia que um véu havia se rasgado entre o plano espiritual dele e o nosso. Suas aparições tornavam-se cada vez mais frequentes, ameaçando constantemente a vida de Ana e Diego. No início, as manifestações eram sutis — um objeto movido, um sussurro ao vento — mas logo, a presença de Felipe tornou-se inegável.
Na escola, Diego sentia um frio cortante ao seu redor, como se algo maligno o estivesse observando. Em casa, Ana acordava no meio da noite com a sensação de ser observada, o ar gelado e pesado ao seu redor. Mesmo os pais de Ana começaram a notar algo errado, mas atribuíram às mudanças normais da adolescência e impressões.
Ana sabia que precisava recuperar o colar de Mima, mas quando voltou à gruta, a joia não estava onde ela a havia jogado. O desespero tomou conta de seu coração. Sem a proteção da joia, sentia-se vulnerável e desprotegida.
Determinada a encontrar respostas, Ana aventurou-se mais fundo na gruta. As paredes frias e úmidas pareciam fechar-se ao seu redor, mas ela continuava, guiada por uma mistura de medo e determinação. Chegou a um local onde antigos escritos cobriam as paredes, parecendo ter sido feitos com sangue seco. O significado dos símbolos era um mistério, mas Ana sentia que ali estavam as respostas que procurava.
Enquanto estudava os escritos, sentiu uma presença atrás dela. Virou-se rapidamente e viu Lucas, o irmão de Diego. Seus olhos estavam vazios, sem o brilho usual. Antes que pudesse reagir, ele avançou sobre ela, seus movimentos violentos e descoordenados.
- Lucas, o que você está fazendo aqui?- Ana gritou, tentando se afastar.
- Você não entende, Ana. Nada disso deveria estar acontecendo! - Lucas respondeu, sua voz distorcida, ecoando pela caverna.
Ana tentou fugir, mas Lucas a agarrou, seus dedos apertando dolorosamente seu braço. A briga começou, brutal e desesperada. Ana lutava com todas as suas forças, mas Lucas, possuído pela presença de Felipe, era incrivelmente forte.
- Me solta, Lucas!- Ana gritou, tentando se soltar.
- Não posso! Você precisa entender que ele não vai parar até conseguir o que quer, fuja Ana!- Lucas respondeu, seus olhos brilhando com uma loucura que não era dele.
Enquanto lutavam, Ana percebeu que Lucas estava tentando dizer algo importante. Entre os golpes e os gritos, ela tentou ouvir, mas a batalha era intensa demais.
Ana conseguiu derrubar Lucas por um momento, ganhando tempo para observar os escritos na parede. As palavras pareciam se mover, formando frases que ela não conseguia compreender totalmente. Mas uma coisa era clara: havia um segredo escondido ali, algo crucial para derrotar Felipe.
Antes que pudesse decifrar mais, Lucas se levantou novamente, avançando sobre ela com uma força renovada, tentando arrancar suas roupas conseguiu rasgas a sua camiseta, deixando Ana somente com as roupas debaixo. Ana sabia que precisava de ajuda, mas estava sozinha e desprotegida.
No momento de maior desespero, uma luz fraca apareceu na entrada da caverna. Diego, preocupado com o desaparecimento de Ana durante o dia todo, tinha seguido seus passos até a gruta. Vendo a luta e, sem hesitar, correu para ajudar.
- Lucas, pare! - Diego gritou, agarrando o braço do irmão.
- Diego, me ajude! Não sou eu!- Lucas gritou, sua voz cheia de pânico e dor.
Juntos, Ana e Diego conseguiram imobilizar Lucas que após um tempo desfaleceu parecendo voltar ao normal. A luz da lanterna de Diego refletiu nos escritos, revelando mais detalhes. Ana sentiu uma conexão forte com as palavras, como se Mima estivesse tentando guiá-la.
Com Lucas imobilizado e exausto, Ana e Diego decidiram que precisavam sair da gruta. Mas não podiam deixar as respostas para trás. Ana tirou fotos dos escritos com seu celular, mesmo que a luz fosse fraca e as imagens com baixa qualidade. Sabia que precisava decifrá-las para entender como derrotar Felipe e proteger a si mesma e a Diego.
Enquanto saíam da gruta, Ana olhou para Lucas, que parecia voltar ao normal, mas ainda visivelmente abalado.
- Vamos descobrir como acabar com isso. - Diego disse, segurando a mão de Ana. - Juntos.
Ana assentiu, sentindo uma nova determinação crescer dentro dela. Sabia que a jornada seria perigosa, mas estava pronta para enfrentar o que viesse. Afinal, o amor e a coragem eram suas maiores armas contra as trevas que os cercavam.
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TURMALINA NEGRA - Laços Sombrios
Gizem / GerilimNa pacata cidade de Silvialane, no coração de Minas Gerais, um assassinato brutal abala a tranquilidade dos moradores. No epicentro desse mistério estão Ana e Diego, dois jovens que, até aquele fatídico dia, eram inseparáveis. Desde a infância, eles...