COISAS ESTRANHAS

3 1 0
                                    

Diego

Após saímos da caverna estávamos certos de que seriamos nós dos juntos, um casal. Mas dias depois me peguei pensando se fizemos a escolha certa. Desde que Ana começou a usar a turmalina negra, ela parecia outra pessoa. Algo mudou nela, algo que eu não conseguia identificar, mas que me deixava intrigado e, ao mesmo tempo, preocupado. A Ana que eu conhecia estava mais ousada, mais sensual, com uma confiança que parecia surgir do nada, não parecia a doce ana de 14 anos, parecia uma mulher adulta.

No primeiro dia, ela apareceu na escola com uma maquiagem sutil que destacava seus olhos de maneira hipnotizante. Suas roupas também mudaram – saias mais curtas, blusas mais justas. Eu não conseguia tirar os olhos dela, mas havia algo em seu olhar que me deixava inquieto. Era como se seus olhos brilhassem com uma intensidade que eu nunca tinha visto antes.

Naquela tarde, enquanto estávamos juntos, eu não pude evitar perguntar:

— Ana, você está diferente... Tudo bem?

Ela riu, um som que parecia mais melodioso do que nunca. — Diferente como, Diego? Não gosta do que vê?

Eu engoli em seco, sentindo meu rosto esquentar. — Não é isso... É só que... Você parece mais ousada, abandonou suas calças jeans e tênis, aquele seu estilo Dora aventureira.

Ela se aproximou, seus olhos fixos nos meus. — Talvez eu só tenha descoberto um novo lado de mim mesma.

Eu sorri, mas algo dentro de mim continuava a se perguntar sobre a origem dessa mudança.

Alguns dias depois, Ana veio me visitar em casa para fazermos um trabalho da escola. Meu irmão mais velho, Lucas, estava na sala quando entramos. Ele lançou um olhar apreciativo para Ana, que respondeu com um sorriso sem graça.

— Oi, Lucas — disse ela, sua voz suave e envolvente. — Como vai?

Lucas ergueu uma sobrancelha e sorriu de volta. — Estou bem, Ana. E você?

Ela inclinou a cabeça, o cabelo caindo sobre um ombro. — Estou ótima.

Eu senti um aperto no peito, e antes que Lucas pudesse dizer algo mais, eu interrompi. — Na verdade, Lucas, estamos aqui para estudar. Vamos para o meu quarto.

Enquanto subíamos as escadas, Lucas não perdeu a oportunidade de fazer um comentário:

— Diego, você tem bom gosto. Ana está deslumbrante hoje.

Eu me virei para ele, tentando manter a calma. — Ela é minha namorada.

Lucas piscou, surpreso, mas então um sorriso travesso apareceu em seu rosto. — Sério? Bem, isso é interessante.

Eu não gostei do tom em sua voz, mas decidi ignorá-lo. Ana e eu subimos para o meu quarto e começamos a trabalhar, mas a presença de Lucas ainda me incomodava.

Nas semanas seguintes, Lucas não perdeu uma chance de me embaraçar na frente de Ana. Uma tarde, enquanto estávamos no sofá da sala, ele entrou com uma caixa de preservativos e jogou em mim.

— Ei, Diego, vai precisar disso, hein? — disse ele com uma risada sarcástica.

Ana ficou vermelha, e eu queria desaparecer. — Lucas, para com isso!

Ele apenas riu e saiu da sala, deixando-nos em um silêncio constrangedor. Olhei para Ana, esperando que ela não estivesse chateada.

— Diego, ele é só um idiota — disse ela, tentando me consolar.

Mas Lucas continuou com suas provocações. Sempre que Ana vinha me visitar, ele encontrava uma maneira de nos embaraçar. Uma noite, estávamos no meu quarto, tentando estudar, quando Lucas bateu na porta e entrou sem ser convidado.

— Oi, Ana — disse ele com um sorriso encantador. — Precisa de alguma coisa? Uma bebida? Um lanche? Um irmão mais velho menos chato?

— Estou bem, Lucas, obrigada — respondeu ela, mantendo a compostura.

Depois que ele saiu, Ana se virou para mim. — Diego, ele sempre foi assim?

Eu suspirei. — Não exatamente. Acho que ele está com ciúmes ou algo assim.

Ela colocou a mão sobre a minha. — Não se preocupe. Não vou deixar que ele atrapalhe o que temos.

E assim, entre provocações e mudanças, nossa relação continuava a evoluir. Eu estava apaixonado por Ana, mas não podia ignorar as mudanças que estavam acontecendo. Ela era mais ousada, mais sensual, e eu me perguntava até onde isso iria nos levar, eu tinha medo de perde-la e isso estava me consumindo, minha insegurança aumentava cada vez mais, será mesmo que ela me amava? Mas, no fundo, uma parte de mim não queria saber a resposta. Eu estava preso em seu encanto, e não queria escapar.

Ana

Desde que comecei a usar a turmalina negra, algo dentro de mim despertou. Era como se a joia tivesse liberado uma parte de mim que eu nunca soube que existia. Eu me sentia mais confiante, mais poderosa, e adorava a sensação de ter Diego e todos os outros ao meu redor fascinados por mim.

Na escola, as coisas mudaram. Os olhares que eu recebia me davam um prazer secreto. Eu sabia que estava diferente, e isso me fazia sentir viva de uma maneira que nunca havia sentido antes. Mas, ao mesmo tempo, havia uma sombra sobre mim, algo que eu não conseguia explicar.

Uma tarde, enquanto estava na casa de Diego, Lucas entrou na sala e começou a me elogiar descaradamente. Eu sabia que ele estava tentando causar problemas, mas decidi jogar seu jogo.

— Diego tem sorte de ter uma namorada tão bonita — disse ele, sorrindo de maneira provocadora.

Eu sorri de volta, me divertindo com a situação. — E eu tenho sorte de ter Diego.

Lucas riu, mas havia algo de predatório em seus olhos. Diego estava claramente desconfortável, e isso só tornava a situação mais interessante para mim.

Naquela noite, enquanto voltávamos da escola, Diego tentou falar comigo sobre as mudanças que ele estava percebendo.

— Ana, você está diferente... Não sei como explicar, mas é como se você fosse outra pessoa às vezes.

Eu parei de andar e olhei para ele. — Diego, eu sou a mesma pessoa. Talvez só tenha descoberto um novo lado de mim mesma.

Ele parecia querer acreditar, mas havia dúvida em seus olhos. — Só não quero que nada de ruim aconteça com você.

Aproximei-me dele, colocando a mão em seu rosto. — Não se preocupe. Eu estou bem. Estamos bem.

Ele sorriu, mas ainda havia uma sombra de preocupação. E eu sabia que, por mais que tentasse disfarçar, ele estava vendo algo que eu mesma estava começando a questionar.

Nos dias que se seguiram, Lucas continuou suas tentativas de boicotar nosso relacionamento. Ele fazia comentários maliciosos, insinuava coisas e, de todas as formas possíveis, tentava causar problemas. Mas, apesar de tudo, Diego e eu estávamos mais próximos do que nunca.

Eu sabia que algo estava mudando dentro de mim, e por mais que isso me preocupasse, eu também sentia uma excitação que não podia ignorar. Estava vivendo uma nova fase, uma fase onde tudo parecia mais intenso, mais real. E, por mais que eu quisesse entender o que estava acontecendo, parte de mim não queria que isso acabasse.

A turmalina negra continuava a brilhar em meu pescoço e algo me dizia que todas essas mudanças tinham haver com ela, um lembrete constante de que algo estava diferente. E, enquanto Diego e eu navegávamos por essa nova realidade, eu não podia deixar de me perguntar até onde isso nos levaria.

TURMALINA NEGRA - Laços SombriosOnde histórias criam vida. Descubra agora