PEDRAS PRECIOSAS II

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No coração da majestosa Amazônia, onde a floresta se adorna com um verde esmeralda e segredos ancestrais sussurram entre as árvores, encontra-se Velho Airão. Um lugar envolto em brumas do tempo, onde o passado e o presente se entrelaçam como um enigma fascinante.

Fundada em 1694, Velho Airão foi outrora um próspero centro do Ciclo da Borracha, pulsando com vida e riqueza. Mas, com o declínio da borracha no início do século XX, a cidade sucumbiu ao abandono, tragada pela vastidão verdejante que a cercava.

Hoje, restam apenas ruínas fantasmagóricas de um tempo glorioso. Casas de madeira apodrecidas, com telhados desabados, erguem-se como esqueletos contra o céu azul. As ruas outrora movimentadas agora estão cobertas por um tapete de vegetação rasteira, e o silêncio é quebrado apenas pelo canto dos pássaros e pelo farfalhar das folhas.

Mas nem tudo está perdido em Velho Airão. Dizem que, entre as ruínas e sob a proteção da floresta, ainda vivem almas penadas. Sussurros fantasmagóricos ecoam pelas noites escuras, e vultos espectrales são vistos entre as árvores. Lendas antigas falam de um tesouro escondido por um barão da borracha, amaldiçoado para sempre a vagar pela cidade em busca de redenção.

É neste cenário místico e envolvente que DIego e eu nos enfiamos até o pescoço. Como se já não tivessemos problemas suficientes, agora estavamos no meio do nada, sem internet, sem contato com nenhum sinal de vida, além de uma estranha muito incoveniente. Estavamos cansados, morrendo de sono, mas sem conseguir dormir. Até antes da estranha desaparecer floresta adentro parecia tranquila a ideia de dormir ali. Mas tudo isso mudou ao badalar da meia noite. Os sons da floresta assustam até os mais corajosos. Nosso espirito aventureiro nos perseguiu, tentados a desbravar as ruínas e enfrentar os mistérios que pairam sobre elas, Diego e eu pegamos nosso equipamento mais simples e fomos caminhar floresta adentro.

Enquanto explorávamos as ruínas, a atmosfera mística de Velho Airão parecia nos envolver ainda mais. As sombras das árvores dançavam sob a luz da lua, criando um cenário ao mesmo tempo aterrorizante e fascinante. Cada passo parecia ecoar com a história antiga do lugar. Senti meu estomago repuxar, ao mesmo tempo que senti medo, senti uma sensação excitante por estarmos no meio do nada, sozinhos.

— Isso é incrível, Ana. — Diego disse, sua voz sussurrada misturando-se com os sons da floresta. — Essas ruínas têm uma energia única.

— Concordo. É quase como se estivéssemos caminhando através do tempo. — respondi, olhando ao redor, maravilhada.

Nossos passos nos levaram a uma antiga praça, agora tomada pela vegetação. No centro, uma fonte de pedra desgastada ainda exibia traços de sua antiga glória. Diego segurou minha mão, e juntos nos sentamos à beira da fonte, aproveitando um momento de descanso.

— Sabia que você estaria ao meu lado em qualquer situação, mas isso... — Diego riu, sacudindo a cabeça. — Estamos realmente no meio de uma aventura, hein?

— É, estamos. — ri também, sentindo uma conexão profunda com ele. — É bom sentir essas coisas com você de novo, como quando eramos crianças lá na gruta, explorando.

Diego se aproximou, tocando minha bochecha suavemente.

— Só que aqui é diferente, agora não somos mai crianças. E eu não poderia fazer uma viagem assim sem você.

Nosso momento foi interrompido por um leve farfalhar nas árvores ao redor. Olhamos ao redor, atentos, mas não vimos nada. A floresta parecia brincar com nossos sentidos, testando nossa coragem.

— Vamos voltar para a cabana? — sugeri, sentindo um arrepio na espinha.

— Espere, vamos entrar dentro daquela ruina. Sinto que precisamos ver isso antes de ir. — Disse Diego, levantando-se.

TURMALINA NEGRA - Laços SombriosOnde histórias criam vida. Descubra agora