PEQUENAS COISAS

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Ana

Depois daquele dia na gruta, tudo mudou entre Diego e eu, de uma maneira que eu ainda estava tentando entender. Os sentimentos que surgiram naquela dia pareciam ter criado um novo mundo entre nós, cheio de hesitação e expectativa.

Nos dias seguintes, cada momento compartilhado era carregado de uma tensão delicada. Eu sentia o olhar de Diego sobre mim, como se ele estivesse tentando decifrar meus pensamentos tanto quanto eu tentava decifrar os dele. Era estranho e maravilhoso ao mesmo tempo, como se estivéssemos dançando em torno de algo que não podíamos nomear.

Maria continuava a ser uma presença incomoda na escola, ela persegueia DIego aonde quer que ele fosse, tentava chamar sua atenção o tempo todo e de várias formas diferentes. Um dia ela lhe deu doces no intervalo, no outro ela tentou fazer ciumes nele dando em cima de outro cara perto dele (o que foi uma péssima decisão) e eu me encontrava observando suas tentativas humilhantes com um misto de curiosidade e ciúmes quando ela parecia por alguns instantes ter sucesso. Ela parecia não ter ideia do impacto que seu gestos me causavam, e isso só aumentava minha frustração. Eu tentava disfarçar meus sentimentos, mas era difícil esconder algo tão intenso quanto isso.

Diego também parecia mudado. Ele era mais cauteloso em seus gestos, mais atento às minhas reações. Às vezes, nossos olhares se encontravam e uma faísca de algo indefinível passava entre nós. Era como se estivéssemos nos conhecendo novamente, descobrindo camadas novas e profundas um no outro, cada riso e contato, por mais simples que fosse, emanava uma eletricidade entre nós que eu queria sentir cada vez mais.

Nossas conversas eram mais íntimas também, cheias de silêncios carregados e risos nervosos. Eu me pegava pensando nele com uma frequência que me assustava às vezes. Era como se ele estivesse sempre lá, nos cantos dos meus pensamentos, me fazendo sorrir quando menos esperava.

Mas mesmo com todo esse turbilhão de emoções, eu lutava para manter a compostura. Eu não queria parecer vulnerável, não queria admitir o quanto ele mexia comigo. Eu me pegava desviando o olhar quando ele se aproximava demais, evitando toques acidentais que poderiam revelar mais do que eu queria.

No entanto, eu sabia que era apenas uma questão de tempo antes que tudo isso explodisse em algo maior. A atração entre nós era palpável, um ímã invisível nos puxando um em direção ao outro. E, no fundo, eu não podia negar que queria isso tanto quanto ele.

Enquanto navegávamos pelos dias seguintes, envoltos nesse novo mundo que criamos juntos, eu sabia que as pequenas coisas estavam nos moldando. Cada olhar furtivo, cada palavra não dita, cada gesto cuidadoso nos aproximava um pouco mais. E enquanto eu resistia ao impulso de confessar meus sentimentos, sabia que cedo ou tarde, teríamos que enfrentar a verdade que estava bem diante de nós.

Estavamos nos apaixonando.

TURMALINA NEGRA - Laços SombriosOnde histórias criam vida. Descubra agora