TUDO ACABA EM CIRCO!

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O circo havia chegado à cidade, trazendo consigo um ar de novidade e excitação. Ana, desejando um momento de tranquilidade e distração, decidiu ir com suas amigas da faculdade ao circo. Esperava encontrar um pouco de paz e alegria entre as luzes brilhantes e as risadas da multidão.

— Vai ser ótimo, Ana! Precisamos de uma pausa de toda essa tensão. — disse Clara, uma de suas amigas mais próximas.

— Concordo. Vamos nos divertir e esquecer dos problemas por algumas horas. — respondeu Ana, forçando um sorriso.

O circo estava cheio de vida. Crianças corriam por todo lado, vendedores anunciavam pipocas e algodão doce, e o som de risadas e música preenchia o ar. Ana e suas amigas passeavam entre as barracas de jogos e atrações, apreciando a atmosfera festiva.

— Vamos na roda-gigante? — sugeriu Maria, outra amiga de Ana.

— Eu topo! — respondeu Clara, animada.

Ana sorriu e concordou, mas não pôde deixar de sentir uma leve inquietação no fundo de sua mente. Algo parecia fora do lugar, mas ela se esforçou para ignorar a sensação.

Após alguns passeios nas atrações e muitas risadas, Clara avistou a casa de espelhos.

— Vamos na casa de espelhos! — exclamou ela, puxando as amigas.

Ana hesitou por um momento, mas acabou cedendo à insistência das amigas.

A casa de espelhos era um labirinto de reflexos distorcidos e passagens confusas. As risadas de suas amigas ecoavam enquanto tentavam encontrar o caminho correto.

— Isso é divertido! — disse Maria, rindo ao ver sua imagem distorcida em um dos espelhos.

Ana, porém, sentia-se cada vez mais inquieta. Algo nos reflexos a perturbava, mas ela não conseguia identificar o que era.

De repente, ao virar um corredor, deu de cara com Eric. Ele estava sozinho, o que a surpreendeu.

— Eric? O que você está fazendo aqui? — perguntou ela, tentando esconder sua surpresa.

— Acho que estou me perdendo, assim como você. — respondeu ele, com um sorriso.

Os dois riram, a tensão entre eles momentaneamente esquecida.

— Parece que estamos sempre nos encontrando em situações estranhas. — disse Ana, relaxando um pouco.

— Acho que é o destino. — brincou Eric, olhando para os reflexos ao redor.

Ana sentiu-se estranhamente confortável na presença dele. Enquanto conversavam, caminhavam juntos pelos corredores espelhados, tentando encontrar a saída.

— E como você esta? .. Depois de tudo. — Disse Eric.

— Eu acho que estou bem, posso dizer que nasci de novo. — Ana sorriu.

— Eu fico feliz que esta bem, não sei o que faria se não tivesse dado certo minhas tentativas de te trazer de volta..

— A propósito, aonde aprendeu aquilo? Você realmente sabia o que estava fazendo, me salvou.

— Antes de ir para o direito eu quis ser bombeiro — Sorriu sem graça colocando as mãos atrás da cabeça.

— Legal! Mas..

— O que?

- Por que parece desconfortavel falando sobre isso? — Ana parou de caminhar e olhou fixadamente para Eric.

— Descobri que não era pra mim.

— Se não quiser falar sobre, tudo bem. Não quis ser invasiva Ok.

— Tranquilo. — Virou-se em direção ao espelho.

— O que foi? 

— O espelho devolve a cada pessoa o reflexo, mas já parou pra pensar que as vezes a gente distorce nosso proprio reflexo? 

— Como assim? — Ana o observou em sua reflexão.

—  A forma como a gente se vê é mais importante do que o reflexo que enxergamos. E muitas vezes até o reflexo esta errado, como agora por exemplo, esta todo distorcido.

— Nunca tinha pensado por essa perspectiva. —  Ana observou seu reflexo distorcido pelos espelhos. 

Um ao lado do outro seus rostos viraram ao mesmo tempo de encontro ao outro e ficaram imoveis por um minuto, em silencio, quase dava para ouvir as batidas de seus corações acelerando.

De repente, as luzes começaram a piscar. O riso alegre que ecoava pela casa de espelhos desapareceu, substituído por um silêncio inquietante. Ana e Eric pararam, olhando ao redor com preocupação.

— O que está acontecendo? — perguntou Ana, sentindo o coração acelerar.

— Não sei, mas não gosto disso. — respondeu Eric, ficando em posição defensiva.

Um som estranho, quase um sussurro, começou a ecoar pelos corredores. Ana olhou para um dos espelhos e viu uma figura sombria se aproximando, sua forma distorcida pelos reflexos.

— Eric, olhe! — exclamou ela, apontando para o espelho.

Eric virou-se e também viu a figura sombria. Seus olhos se arregalaram de surpresa e medo.

— Precisamos sair daqui, agora! — disse ele, segurando a mão de Ana.

Eles começaram a correr pelos corredores, tentando encontrar a saída. Os sussurros aumentavam, e a figura sombria parecia segui-los, aparecendo em diferentes espelhos a cada curva que faziam.

Ana sentiu uma onda de pânico, mas a presença de Eric a ajudava a manter a calma. Eles finalmente encontraram a saída e correram para fora da casa de espelhos, ofegantes e assustados.

Fora da casa de espelhos.

Clara e Maria estavam do lado de fora, com expressões de preocupação.

— O que aconteceu lá dentro? Vocês estão bem? — perguntou Clara, correndo para abraçar Ana.

— Algo... algo estava nos seguindo. — disse Ana, ainda tentando recuperar o fôlego.

Eric assentiu, ainda em alerta.

— Precisamos falar com Diego. Isso não foi normal. — disse ele, olhando ao redor para garantir que estavam seguros.

Mais tarde naquela noite, Ana e Eric foram até a casa de Diego. Ele os recebeu com uma expressão de preocupação ao ver a seriedade em seus rostos.

— O que aconteceu? — perguntou Diego, puxando Ana para um abraço.

— Fomos atacados na casa de espelhos do circo. Algo nos seguiu. — explicou Ana, tremendo ao relembrar a experiência.

Eric confirmou com um aceno de cabeça.

— Foi assustador. Não sei o que era, mas definitivamente não era humano.

— Obrigado, Eric. Por mais uma vez proteger Ana. 

Diego apertou a mão de Eric em agradecimento por ter protegido Ana.

— Precisamos descobrir o que está acontecendo e como parar isso. — disse ele, determinado.

O terror da noite no circo deixara claro que estavam lidando com algo muito mais perigoso do que haviam imaginado. Mas, juntos, estavam decididos a enfrentar qualquer ameaça que viesse.

Enquanto Diego, Ana e Eric discutiam o que fazer a seguir, uma figura sombria observava de longe, escondida nas sombras. Os olhos da figura brilhavam com um brilho sinistro, planejando seu próximo movimento.

Ana sabia lá em seu intimo ela sentia que precisaria de toda a força e coragem que pudesse reunir para enfrentar o que estava por vir.

TURMALINA NEGRA - Laços SombriosOnde histórias criam vida. Descubra agora