TURMALINA NEGRA

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Diego

Quando Ana sugeriu que fôssemos à Gruta da Bruxa depois da aula, meu coração disparou. A ideia de estar sozinho com ela naquele lugar tão especial pra gente e deserto era emocionante e um pouco assustadora. Há meses, meus sentimentos por ela tinham mudado de uma forma que eu não conseguia controlar. Ana sempre foi minha melhor amiga, mas agora... Agora ela era muito mais do que isso.

Enquanto caminhávamos para a gruta, eu não conseguia deixar de olhar para ela. Ana tinha um jeito de me provocar sem nem perceber. Cada risada, cada olhar, cada movimento seu me deixava louco. Meus hormônios estavam fora de controle, e eu me pegava pensando nela de maneiras que nunca tinha pensado antes. Estar sozinho com ela na gruta, longe de todos os olhares, era uma tentação que eu mal podia suportar.

Lembro-me da primeira vez que entramos ali, como dois exploradores em busca de aventura. Mas hoje, minha mente estava longe das aventuras inocentes. Eu queria sentir sua mão na minha, queria que nossos olhares se encontrassem e revelassem tudo o que estávamos sentindo. Queria beijá-la novamente, mas dessa vez, queria que ela soubesse exatamente o que significava.

Chegamos à entrada da gruta, e o silêncio ao nosso redor era quase palpável. Ana parecia tão à vontade ali, como se a gruta fjá tivesse sido sua casa antes. E talvez fosse. Eu a seguia, meu coração batendo forte, enquanto ela descia com habilidade as pedras escorregadias para entrarmos no lago oculto entre as rochas.

— Vamos um pouco mais fundo hoje? — perguntou ela, os olhos brilhando com aquela curiosidade que eu adorava.

— Na caverna, mais lá para dentro, sabe?

— Vamos. Assenti, tentando manter a compostura. Mas por dentro, eu estava em ebulição. Cada momento ao lado dela era um teste para minha autodisciplina.

Ana

A gruta sempre foi nosso refúgio, um lugar onde podíamos ser nós mesmos sem nos preocupar com os olhares curiosos ou as expectativas dos outros. Hoje, porém, sentia algo diferente no ar. Havia uma tensão entre nós, algo não dito, mas intensamente presente. Diego estava quieto, mas seus olhos diziam muito mais do que suas palavras.

Descemos até o lago, onde a água brilhava com um verde profundo. Era ali que sempre terminávamos nossas explorações, sentados lado a lado, conversando sobre tudo e nada. Mas hoje, algo nos levou mais fundo.

— Diego, olha isso! — exclamei, apontando para algo no fundo do lago.

Ele se aproximou, seus olhos seguindo a direção do meu dedo. Lá, no fundo, uma pedra brilhava com uma luz estranha. Era uma turmalina negra, em formato de coração.

— Você está vendo o mesmo que eu? — perguntei, meu coração acelerado.

Diego mergulhou sem hesitar, suas mãos ágeis pegando a pedra. Quando ele emergiu, a turmalina brilhava ainda mais, refletindo a luz suave da gruta. Ele a segurou por um momento, como se estivesse ponderando algo importante.

Então, com um sorriso tímido, ele se aproximou de mim.

— Olha, tem formato de coração, esta vendo? Eu quero te dar isso. Não é só uma pedra, para mim significa alguma coisa, parece um sinal, muito mais, entende?

Eu o olhava, sem saber o que dizer. Meu coração batia tão forte que eu podia ouvi-lo nos meus ouvidos.

— Ana, desde o dia em que te conheci, você se tornou a pessoa mais importante para mim. Você é a razão pela qual eu acordo sorrindo, a razão pela qual eu tento ser melhor a cada dia. E agora, quero que você saiba o quanto eu te amo o quanto voce me faz feliz por existir nos meus dias e eu quero muito ser seu, pra sempre. Você aceita ser minha namorada?

As lágrimas começaram a encher meus olhos enquanto ele me entregava a turmalina. Era um gesto tão simples, mas carregado de um significado profundo e todas as suas palavras deixaram meu coração quentinho. Eu peguei a pedra, sentindo seu peso na minha mão, e olhei para Diego.

— Diego, eu... — Minha voz tremia. — Eu também te amo. Desde sempre.

Ele sorriu, aquele sorriso que fazia meu coração derreter, e antes que eu pudesse pensar em mais nada, ele me puxou para perto e me beijou. A gruta ao nosso redor parecia desaparecer, deixando apenas nós dois, juntos, finalmente expressando tudo o que sentíamos.

Enquanto nos beijávamos, senti que tudo finalmente fazia sentido. Nós estávamos destinados a estar juntos, e aquela turmalina negra era a prova disso. Ela selava nosso amor, um amor que era forte o suficiente para enfrentar qualquer coisa.

Ao menos era o que eu pensava.

TURMALINA NEGRA - Laços SombriosOnde histórias criam vida. Descubra agora