Capítulo 1

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Ela podia ouvir o som dos metais e espadas colidindo incessantemente, uma sensação de peso se apossava de seu corpo a deixando fraca, quase que perdendo os sentindos.

-Kagome! - Ela ouvia alguém chamando ao longe.

Naraku estava prestes a cair e então, viria a escuridão. As trevas a sufocaria sem nenhuma piedade e o desejo de pedir algo que não devia era... 

-Kagome! 

-Inuyasha? - Sim, ele iria salvá-la! Como ele sempre fez, ela só precisava esperar e confiar...

Não demoraria para que ela sentisse o toque em seus lábios. Estranhamente, esse toque não chegava mais a ela, apenas a sensação de sentir, o respirar, o confiar...

Finalmente a luz... Um abraço, a paz... A dor...

-Kagome!

Ela pulou onde estava com o susto ao sentir o pequeno chacoalhão em seu corpo.

-Kagome, acorde! O que há de errado com você? 

Ela teria dormido em pé? Estava sonhando acordada? 

-Me desculpe, senhor Takahashi. - Kagome disse, curvando seu corpo. - Tenho dormido mal ultimamente e me distraido com muita facilidade.

-Eu acredito, está com olheiras horríveis!

Ela escondeu a boca com as mãos, em um claro sinal de espanto. Estaria tão ruim assim?

-Por que não tira uma semana de folga? Não estamos em alta temporada e o museu não tem estado tão movimentado assim. 

Kagome olhou para seu supervisor e em seguida, levantou os olhos para a pintura a sua frente, a imagem de uma grande plantação de arroz  datada da era Koji. Sentiu seu coração doer mais uma vez.

Kagome sempre evitava aquele espaço do museu. Aqueles quadros, aquelas paisagens, era muito para sua sanidade. Eram nesses momentos que ela se perguntava o porquê daquela escolha. 

Decidiu seguir em frente com sua vida, mas sempre se sabotava permitindo que as lembraças a sufocassem e que suas escolhas seguissem para que, aquelas mesmas lembranças jamais fossem embora. Já não bastava ela ter sido devolvida para seu tempo, sem que ninguém tivesse se preocupado em como estava seu coração.

-Por favor, Kagome, não quero que fique doente. Sabe que precisamos de você aqui quando isso aqui lotar de turista não é? - O senhor Takahashi disse enquanto ria para a jovem, ainda perdida em pensamentos, na sua frente.

-Ok, eu vou aceitar essa folga.

Ela se virou sem pensar muito e dando uma última olhada no quadro. Como doia.

Ao sair do museu, a luz do sol a abraçou, quase como se quisesse consolá-la de sua dor. Era ironico pensar nisso, era o mesmo sol a quinhentos anos atrás, sua testemunha de tudo o que viveu, mas ela preferia confidenciar sua angustia para a lua todas as noites. 

Todas as noites desses sete e insuportáveis anos.

Kagome caminhou pelas ruas de Kawasaki como se tivesse nascido ali, trabalha numa área turisca, onde existiam muitos pontos que lembravam seu passado - e isso de forma literal. 

Estava indo para seu apartamento, precisava dormir pois não estava fazendo isso muito bem ultimamente. Os sonhos de sua ultima batalha voltaram para assombrá-la e pareciam cada vez mais reais.

Ao virar a esquina, o cheiro inconfundivel do seu café favorito a atraiu, por que não ter uma conversa tranquila com uma amiga que poderia lhe entender?

Último SacrifícioOnde histórias criam vida. Descubra agora