ℂ𝔸ℙ𝕀𝕋𝕌𝕃𝕆 𝟙𝟚

13 2 0
                                    

𝑨𝑴𝑶𝑹 𝑬 𝑶𝑫𝑰𝑶

Tom Kaulitz

    Eu estava inquieto. Desde que Sophia tirou Georg da sala, eu não conseguia parar de andar de um lado para o outro na pequena sala. Aparentemente, eu não era o único, Bill roía as unhas enquanto andava em círculos, quase cavando um buraco no chão. Pela primeira vez estávamos em Pânico. Aquele situação era completamente nova e não estávamos acostumados com ela.

    De repente, um grito de dor aguda encheu meus ouvidos e eu logo reconheci a voz de Georg. Meu peito se inflou com ódio e eu soquei a parede em um surto momentâneo.

— Desgraçada!! — minha voz carregada de raiva camuflava a dor latejante da minha mão.

    Os berros ensurdecedores continuaram por segundos —que pareceram horas— até que o silêncio cobriu a sala outra vez. Olhei para os lados confuso. Por mais que fosse horrível ouvir os gritos do meu melhor amigo, aquilo significava que ele ainda estava vivo. Mas o silêncio. O silêncio carregava uma dúvida dolorosa, que fazia nossos corpos estremecerem.

    Gustav era o único sentado, mas obviamente não estava calmo. Com as mãos, ele cobria os olhos com tamanha força que poderia, facilmente, afunda-los em seu crânio. Silêncio. Cada vez mais assustador. Internamente, eu pedia para ouvir os gritos de novo e saber que meu amigo ainda estava vivo.

Porque ele?
Porque ela não me escolheu já que seu ódio era mais sobre mim?

    Eu sabia exatamente a resposta para essa pergunta. Sophia era mais ágil do que pensamos, ela sabia que me torturar não chegaria nem perto da dor que ver os meninos sendo torturados me causaria. Mas ainda não fazia sentido. As peças ainda não se encaixavam. Porque não escolheu o Bill? Por ele ser meu irmão, a dor seria ainda maior.

O que você pretende angel?

    Nenhum de nós disse uma palavra desde que eles saíram da sala. E nem tínhamos o que dizer. O silêncio fez meu sangue esfriar, agora eu já podia sentir a dor em minha mão, a ardência dos ralados, mas não me importei. Minha mente ainda estava sendo torturada, imaginando o que Sophia fazia com Georg e para onde ela o levou. Senti minha respiração aumentar, pensando na possibilidade dela ser como eu. Ou pior.

Sophia Clark

    A poça de sangue que se formou logo abaixo de Georg, reluzia a pequena luz do quarto que balançava suavemente. O baque dos saltos foram ouvidos outra vez enquanto eu ia até a mesa, pegando sobre ela um pequeno pano branco —que em poucos segundos já estava manchado de vermelho— limpando as mãos e a adaga ensanguentada. As minhas costas, eu ouvia a respiração desregulada de Georg, como se seu peito fosse apertado o fazendo sufocar.

— Eu já disse... Não tivemos a intenção de atacar... — sua voz carregada de dor atingiu meus ouvidos como um soco.

    Eu o olhei por cima do ombro, observando cada detalhe. Os roxos que estavam se formando em seu rosto, o corte que ainda sangrava em braço, o gotejo do sangue preenchendo ainda mais a poça no chão. Logo lancei um olhar para Alex —como se lhe desse uma ordem— e ele imediatamente se aproximou do garoto, acertando em cheio seu estômago com um soco forte. A tosse foi inevitável.

— Eu vou perguntar outra vez Georg... — a pausa dramática fez toda a sala ficar em silêncio — Onde está o meu carregamento? — minha voz carregava um calmaria fora do comum, estranho até para mim.

Passarela da perdição Onde histórias criam vida. Descubra agora