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𝑫𝑼𝑽𝑰𝑫𝑨𝑺

Sophia Clark


    Depois de sair da sala, respirei fundo e me recompondo da cena ridícula que Tom criou naquele momento. Era impressionante sua capacidade de ler as pessoas, tentei ao máximo não deixar aparente que estava alimentando eles contra a vontade de Alex. Não que eu precisasse da sua aprovação para fazer alguma coisa, mas queria evitar mais dor de cabeça.

— Senhorita, não acha perigoso desobedecer aquele cara assim? — disse Tyler, um dos seguranças.

    O olhei por cima do ombro sem expressão alguma, meus lábios se curvaram em um sorriso de canto enquanto eu me virava ficando de frente para ele. Pude senti-lo se arrepender da pergunta no mesmo instante.

— Não é nas veias de Alex que corre o sangue Clark, Tyler. Não se confunda outra vez — minha voz soou suave, mesmo que aquilo fosse uma ameaça sólida.

    Voltei a andar pelo corredor em direção a sala da cabana, onde me joguei no sofá sentindo cada músculo do meu corpo finalmente relaxar. Era como se eu tivesse ficado horas a fio em cima de um salto agulha de no mínimo quinze centímetros. Mas a tranquilidade durou poucos segundos, acabando no instante em que ouvi a voz grossa de Alex vindo da escada e esmurrando meus tímpanos.

— Posso saber o motivo de querer tanto o carregamento de volta? — minha cabeça tombou pro lado como se tivesse amarrada em pesos.

— Está a anos nesse ramo e eu ainda tenho que lhe ensinar o básico? — mesmo sem olhar para ele, senti que minhas palavras penetraram fundo em seu ego e ouvi seus passos sobre a escada de madeira.

— Não responda minhas perguntas com outras perguntas Sophia! É falta de educação — uma risada abafada saiu dos meus lábios fazendo com que eu o olhasse.

— Não aja como se fosse você quem está no comando! É falta de noção — me levantei ao fim da frase indo em direção as escadas, estava tão cansada que sentia meus músculos se tencionarem a cada passo.

— Essa conversa não acabou, Sophia — sua voz carregada de raiva encheu meu peito de satisfação, como se tivesse conseguido exatamente o que eu queria. Deixá-lo furioso.

    Não me dei o trabalho de responder sua frase ridícula, apenas segui meu caminho até os quartos no andar de cima. O barulho da madeira rangendo sob meus pés, martelavam minha cabeça aumentando a dor suave em minhas têmporas. Já no andar de cima, caminhei até o quarto no fim do corredor, a porta com a pintura branca levemente descascada em alguns pontos específicos, se destacava das demais que mantinham a cor original da madeira cara.

    Girei a maçaneta devagar. A dor de cabeça fazia com que eu ouvisse os sons ao meu redor em um volume quase estrondoso. O quarto estava exatamente como da última vez que estive aqui. Os lençóis brancos —perfeitamente alinhados— cobriam o colchão da grande cama no centro do quarto, as cortinas balançavam com o vento frio que entrava pela janela aberta. Suspirei trancando a porta do quarto e logo começando a tirar minhas roupas, peça por peça, bem devagar como se estivesse sentindo a leveza de ter menos peso sobre o meu corpo.

    Com passos leves e o corpo nu, caminhei até o banheiro. Exatamente igual a antes. Enchi a banheira, colocando dentro dela alguns sais de banho que ajudariam ainda mais para que eu relaxasse. A água quente da hidro já começava a embaçar o vidro do box e do espelho. Assim que a água atingiu o limite da banheira, eu entrei reclinando minha cabeça sobre a borda da banheira e fechando os olhos por alguns instantes.

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