ℂ𝔸ℙ𝕀𝕋𝕌𝕃𝕆 𝟚𝟚

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𝑷𝑹𝑬𝑷𝑨𝑹𝑶𝑺 𝑷𝑨𝑹𝑨 𝑭𝑰𝑴

Tom Kaulitz


     Quando Bill chegou, estava levemente machucado. A sobrancelha cortada, o lábio vermelho, um pouco inchado e parte do queixo arroxeado. Atrás dele, estavam Gustav e Gabriel empurrando o velho Kennedy em uma cadeira de rodas. Ele estava completamente diferente do que eu me lembrava, magro e aparentemente demente, como se algo tivesse destruído sua sanidade mental.

— Kennedy, como você está? — me abaixei olhando para o velho que parecia não entender o que eu estava falando.

— Onde você estava Miguel? — eu o encarei, dei um sorriso de canto e me levantei.

— Viajando a trabalho, agora vá descansar! — suspirei vendo o homem dar um sorriso leve enquanto Gabriel o levava para dentro.

    Gustav também estava um pouco machucado, mais do que Bill na verdade. Não esperava que eles estivessem assim, provavelmente alguém apareceu sem avisar enquanto eles saiam da mansão Clark, o que já era de se esperar, afinal Sophia sabia que estávamos procurando por vingança e que seu pai seria a isca perfeita para isso.

— Quem é Miguel? — olhei para Gustav enquanto entravamos na casa.

— Filho mais velho dele... — percebi a surpresa no rosto de Gustav afinal ele não sabia nem sobre Sophia quem dirá sobre um outro filho.

— Porra! Da próxima vez vou mandar você e Georg iriam sequestrar alguém! — Bill se sentou no sofá aparentemente exausto jogando a cabeça pra trás.

— O que foi que houve? — fui até a cozinha, colocando um pouco de whisky em três copos e levando para os dois no sofá.

— A droga do remédio que você mandou a gente levar — pegando o copo Bill tomou um gole do whisky — Não durou o suficiente para que saíssemos da casa, enquanto Gustav e eu brigávamos com os seguranças, Gabriel levava Kennedy para o carro — me sentei olhando para eles.

— Quando Sophia chegar lá... A cena vai ser triste — uma risada abafada saiu dos lábios de Gustav e eu apenas concordei.

— Onde está o Georg? — olhando para os lados, Bill sentiu a falta do garoto.

— Foi buscar os ternos que vamos usar no desfile da semana que vem — Gustav me olhando por alguns segundos — Não adianta questionar, temos que nos misturar!

    Me levantei enquanto ouvia a risada baixa de Gustav. Terminei de tomar o líquido que estava no copo e não contive uma leve careta quando o líquido ardente desceu pela minha garganta. Subi as escadas, indo em direção ao quarto que Kennedy ficaria, Gabriel o ajeitava na cama quando entrei. Não acredito que esse estado dele seja causado pela morte de Miguel, mas sabia que aquilo realmente o afetou mais do que o esperado.

— Gabriel, saia! Deixe que eu termino aqui! — me aproximei pegando os remédios que ele costumava tomar — E mande Bill subir aqui !

    Ele concordou e saiu do quarto em silêncio, coloquei os remédios mas gavetas como me disseram que era, mesmo sabendo que não iria dar nenhum daqueles remédios para o velho. Tínhamos uma teoria, eu precisava testar e para isso precisava suspender os remédios dele, mas confesso que estou um pouco receoso com isso.

— Tom? — suspirei e me endireitei me virando para a cama.

— Finalmente me reconheceu, velho! — Kennedy me olhava com uma expressão cansada.

— Onde estão Bill e Sophia? — ele tentou se sentar mas eu o impedi.

— Estou aqui, Kennedy! — Bill entrou fechando a porta e parando ao meu lado com os braços cruzados — Sua filha não está com a gente!

— O que aconteceu? — seus olhos pareciam cada vez mais preocupados, sabia que estava pensando muitas coisas.

— Ela está viva! Não se preocupe, agora descanse! — ajeitei as cobertas em cima do velho e já ia saindo do quarto.

— Você me prometeu que iria tirá-la de lá! — parei na porta olhando para Bill e logo em seguida para o velho ali deitado.

— Eu sei... — sai do quarto com Bill logo atrás de mim, parecia preocupado, coçando a nuca e tentando não demonstrar.

    Provavelmente estava pensando exatamente a mesma coisa que eu. Kennedy não estava inválido e muito menos demente, pelo menos não naturalmente.

Sophia Clark

    Não via Alex desde ontem no ensaio, mandei que ele desse um jeito de encontrar o meu pai e os gêmeos antes que fosse tarde demais. Desde então não tive notícias deles, até poucos minutos, ele tinha acabado de ligar dizendo que não havia nenhuma pista. Sem arrombamento e todos os seguranças tinham sumido, mas o sangue estava por todo o lado e a casa completamente revirada. O desespero era inevitável, sangue e sem seguranças? A chance de meu pai estar vivo era minúscula.

— Sophia! Eu encontrei! — Anne entrou no meu quarto com uma pasta em mãos.

— Onde conseguiu isso? — a olhei completamente em choque pegando a pasta de suas mãos, logo a abrindo para ver o que tinha dentro.

— Mandei nosso homens voltarem ao galpão para procurar pelos meninos, disseram que estava em um dos quartos entre alguns papéis — meus olhos foram até ela — Ainda não vi o que tem aí... — fui até a cama e me sentei com a pasta nas mãos.

    Apesar de estar aberta, ainda não tinha visto seu conteúdo. Estava com medo de que minhas suspeitas estivessem certas, a guerra seria inevitável. Devagar, desci meus olhos até às folhas em minhas mãos. Fotos, várias e várias fotos do dia que Miguel foi morto, meus olhos se encheram de lágrimas e um grito agudo de raiva saiu dos meus lábios assustando a garota que tomou os papéis de mim. A raiva e o ódio me consumiram, fazendo meu corpo queimar, sensação de chamas por toda minha pele.

— Desgraçado!! — gritei me levantando e andando pelo quarto, tudo que eu encontrava pela frente, era arremessado na parede — Como ele pode?! Era o meu irmão, Anne!!! O meu irmão!! — a garota olhava as fotos completamente surpresa, mas ao perceber que eu estava em um surto de raiva psicótica, ela me agarrou.

— Sophia! Para! Você vai se machucar! — continuei me debatendo enquanto ela tentava me conter.

— Ele era meu irmão!! — os gritos ficaram mais intensos e dolorosos — Era o meu irmão! — as lágrimas cortavam meu rosto como navalhas afiadas.

    Minhas pernas cederam e meu corpo despencou de joelhos me agarrando a única pessoa que eu podia confiar. Anne me abraçou, mesmo chorando e sofrendo assim como eu, ela me confortava. Abrigada em seu peito, podia sentir seu choro silencioso enquanto a dor e desespero tomavam conta do meu ser.

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Passarela da perdição Onde histórias criam vida. Descubra agora