12 - Reivindique as Feras - Parte Final

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Calum se viu imerso em um pesadelo vívido e horrendo. O ar ao seu redor estava denso com fuligem, fumaça e o odor acre de corpos em chamas. As chamas dançavam ao longo das ruínas, iluminando o ambiente com uma luz vermelha e sinistra. Corpos carbonizados jaziam espalhados pelo chão, suas formas contorcidas congeladas em agonia eterna. Ele caminhava entre os escombros, cada passo ecoando como um grito silencioso. Ao seu redor, corvos negros se aglomeravam, seus olhos brilhando com uma inteligência malévola. Eles o cercavam, suas penas negras contrastando com a paisagem infernal. As aves pousavam em seus ombros, roçavam seu rosto com seus bicos afiados, e suas garras se fechavam em torno de sua pele, causando uma dor surda e contínua.

Calum sentia o peso da culpa e do medo em seu peito, uma sensação de impotência que o esmagava. Ele sabia que estava preso em um pesadelo, mas a realidade do sofrimento ao seu redor era tão palpável que era impossível discernir o que era real e o que era imaginário.

De repente, o cenário mudou. Do alto, um corvo branco surgiu, brilhando intensamente contra o céu enegrecido. Calum olhou para cima, seus olhos arregalados de surpresa e terror. O corvo branco voava em sua direção com uma velocidade aterrorizante, e à medida que se aproximava, começava a se multiplicar, até que o céu estava repleto de aves brancas, todas voando em direção a ele.

O som de suas asas batendo era ensurdecedor, como um trovão incessante. Calum tentou correr, mas seus pés pareciam presos ao chão. Ele levantou as mãos em um gesto desesperado de proteção, mas os corvos brancos o cercaram, suas garras e bicos cortando sua carne. A dor era insuportável, e ele soltou um grito que ecoou no vazio.

Calum acordou abruptamente, seu corpo coberto de suor frio. Sua respiração era rápida e irregular, e seus olhos se arregalaram ao encarar o teto do quarto. Ele ficou imóvel por alguns momentos, deixando a realidade voltar lentamente. Ao seu lado, Rasmus estava colocando sua armadura prateada, ajustando as correias com precisão. Evera, por sua vez, estava de pé junto à janela, olhando para o horizonte com uma expressão pensativa.

— Outro pesadelo? — Rasmus perguntou sem olhar para ele, sua voz firme e prática.

Calum assentiu lentamente, ainda sentindo os resquícios do terror.

— Sim, mas... foi diferente desta vez. Havia corvos negros, fogo, destruição. E então, um corvo branco que se multiplicava e vinha em minha direção.

Evera se virou para encará-lo, seus olhos cheios de preocupação.

— O Corvo Branco... É um sinal, Calum. Você sabe o que isso significa.

Calum respirou fundo, tentando acalmar seus nervos. — Sim, eu sei. Mas não sei o que fazer com isso. É como se... como se a própria morte estivesse me caçando.

Rasmus terminou de colocar a armadura e se aproximou de Calum, colocando uma mão reconfortante em seu ombro.

— Você é mais forte do que pensa. Esses sonhos são um aviso, mas também um chamado à ação. Precisamos descobrir o que significa o Corvo Branco e o que ele quer de você — Evera assentiu, sua expressão séria. — A verdade está lá fora, Calum. E juntos, vamos encontrá-la.

Calum avançava pelos corredores do Palácio de Elvenear com passos firmes e decididos. O som metálico de suas botas ecoava suavemente pelo chão de mármore, misturando-se com o sussurro distante do vento que soprava pelas janelas altas e estreitas. Ao seu lado, Evera e Rasmus acompanham seu ritmo, formando um trio que parece mover-se como uma unidade coesa e decidida. O rosto de Calum, marcado por traços fortes e definidos, revela uma determinação inabalável. Seus olhos, de um tom profundo e intenso, observam tudo ao seu redor com uma vigilância quase instintiva, como se cada sombra e cada canto ocultassem um possível perigo. Seu cabelo escuro, ligeiramente desalinhado, se movimenta suavemente com a brisa que percorre os corredores, adicionando um toque de naturalidade à sua presença imponente.

Ladar - Sangue & SacrifícioOnde histórias criam vida. Descubra agora