07 - Presságio - Parte I

25 4 32
                                    

 Nos confins do Norte Azaban, onde os ventos uivam e os céus permanecem de um cinza sombrio, encontra-se uma terra conhecida como os Ermos Pardos. É aqui que a temida Escorpiatra faz sua toca. Outrora seres de luz, nascidos da magia mais pura do mundo, essas criaturas foram distorcidas em quimeras malévolas pelas artes sombrias de Eolon, o Corruptor. A Escorpiatra é uma fusão monstruosa de serpente e escorpião, com um corpo revestido de escamas de obsidiana que brilham com uma iridescência profana. Oito pernas com garras carregam sua enorme massa com surpreendente velocidade e agilidade, enquanto uma cauda barbelada, perpetuamente pronta para atacar, goteja veneno capaz de derreter pedra. Sua cabeça, uma grotesca amalgama de mandíbula de dragão e pinças de escorpião, é uma visão de terror, e de sua bocarra escancarada, pode expelir torrentes de chamas abrasadoras.

Perto desta selvageria assombrada, encontra-se a rústica aldeia de Valgraad. Aqui, as casas são construídas com pedras robustas e cobertas com telhados de palha envelhecida. A vida em Valgraad é dura, e os aldeões são um povo resistente, acostumado à constante ameaça dos Ermos Pardos. No entanto, até mesmo sua resiliência vacila diante da Escorpiatra. Entre os aldeões está um jovem caçador chamado Nason. Aos dezessete anos, ele já é um homem de habilidade e coragem formidáveis. Longos cabelos dourados caem em ondas selvagens sobre seus ombros, e seus olhos azulados refletem a determinação feroz que arde dentro dele. Sua pele branca traz o bronzeado e as cicatrizes de alguém que passou incontáveis horas sob o sol e as estrelas, caçando as feras da natureza selvagem. Nason veste uma roupa simples, mas funcional — uma calça de couro que se ajusta ao seu corpo musculoso, deixando pouca coisa à imaginação. Sua arma de escolha é um arco rústico, feito por suas próprias mãos, e flechas emplumadas com as penas das grandes aves que voam sobre os Ermos Pardos.

Em uma manhã envolta em um silêncio ameaçador, a paz de Valgraad foi despedaçada. O ar se tornou espesso com o fedor acre da fumaça, e o céu escureceu como se a noite tivesse caído prematuramente. A Escorpiatra emergira de seu covil tenebroso, atraída pelo cheiro de presas. Desceu sobre Valgraad com uma ferocidade inigualável, suas chamas transformando a aldeia em um inferno. Nason estava em meio ao caos, seu coração batendo forte enquanto observava a outrora vibrante aldeia sucumbir ao ataque. Corpos estavam espalhados pelo chão, suas formas inertes um lembrete severo da fúria da besta. A mente do jovem caçador corria, seus dedos se apertando em torno do arco. Ele sabia que enfrentar a Escorpiatra era cortejar a morte, mas a retirada não era uma opção. Com uma determinação tão inflexível quanto as montanhas que bordejavam os Ermos Pardos, Nason sacou uma flecha de sua aljava, encaixou-a no arco e mirou.

A batalha que se seguiu foi digna das sagas. Chamas rugiram e flechas voaram, cada uma uma tentativa desesperada de sobrevivência. Os músculos de Nason se esforçavam, sua visão se estreitava, e naquela fornalha de fogo e morte, ele se tornou algo mais do que um mero caçador. Mas a Escorpiatra era um inimigo como nenhum outro, e enquanto a fumaça negra subia em colunas giratórias, o destino de Nason e Valgraad pendia precariamente na balança, uma história aguardando para ser contada por aqueles que sobrevivessem ao massacre.

Nason espreitava a floresta com os olhos de um predador, cada sentido aguçado pelo perigo iminente. O crepúsculo envolvia a Floresta Sufocante em sombras dançantes, enquanto a luz restante do sol filtrava-se pelas copas das árvores, criando um mosaico de luz e escuridão no chão da floresta. A trilha de pedras sob seus pés era larga, mas ele se movia com a graça e a leveza de um felino, cada passo cuidadosamente calculado para evitar qualquer som que pudesse trair sua presença.

Ele vestia uma camisa de linho, meio aberta, que deixava à mostra seu peito forte e musculoso. O colar que pendia em seu pescoço, um medalhão de prata antiga, balançava suavemente a cada movimento. Seus cabelos dourados, selvagens e indomados, captavam a luz dourada do entardecer, conferindo-lhe uma aparência quase mística. Mas seus olhos, de um azul profundo e determinado, eram de um caçador.

Ladar - Sangue & SacrifícioOnde histórias criam vida. Descubra agora