De Lindos Amores A Grandes Dores

4 Anos...

   Foi incrível como a nossa conexão foi boa desde o começo, mal nos conhecemos e já nos considerávamos família um do outro, passamos pouco tempo juntos, mas foi o suficiente para deixar saudade e um espaço único assinado com o seu nome em meu coração. Você sempre foi fofo, carinhoso, atencioso e "grudento", sempre gostou de ficar abraçado e eu amo abraços, amo estar abraçada com as pessoas que amo. Ter conhecido você, ter passado um tempo com você foi algo maravilhoso.
   Eu não imaginava o quanto iria te amar e quão importante você ia se tornar. Quando te conheci, sentir como se tivesse que cuidar de você, acho que por você ser mais novo e por ter gostado de você tão fácil, me fez criar esse sentimento de cuidado com você, me fez sentir um carinho enorme por você, não sei explicar, mas sentia a necessidade de estar perto. E quando você foi embora, quando tive que ficar longe de você, foi como se tivesse que ficar longe de alguém que eu conhecia há anos, alguém que sempre esteve comigo. No começo, os dias ficaram chatos, nada me agradava, não tinha nada interessante.
   A saudade, a vontade de estar perto de você não saía do meu lado por nada, ficavam comigo do momento em que eu acordava até o momento em que eu ia dormir. Eu estava feliz por ter ganhado uma pessoa incrível, por ter mais uma pessoa na família, mais alguém importante, alguém que me faz bem, por ter tido momentos maravilhosos, por ter criado lembranças das quais nunca vou esquecer, mas estava triste por não poder te ver sempre que eu quisesse, por ter que esperar meses ou até anos para te ver de novo. Estava triste por não saber quando iria te ver, estava com medo de que da próxima vez que nos encontrássemos não fosse do mesmo jeito, que nossa relação não seria a mesma, que talvez eu não fosse mais tão importante para você, estava com medo de que você pudesse ter mudado, com medo de não encontrar o garoto no qual sentia uma vontade inexplicável de abraçar, cuidar, proteger e amar.
   Até chegar o momento em que finalmente nos reencontramos, o momento em que te vi de novo, em que pude te abraçar novamente, o momento em que percebi que nossa relação não mudou, que eu ainda era importante para você assim como você é importante para mim. Até chegar o momento em que percebi que a distância nunca seria um problema, o momento em que percebi que nada mudou. Ou melhor, que eu achei que nada tinha mudado, mas tinha algo diferente.
   Da primeira vez que te vi, tive a certeza de que te amava como parte da minha família, mas quando nos reencontramos, quando passamos mais tempo juntos, quando criamos novas memórias, percebi que algo estava mudando, que talvez algo pudesse mudar, algo em que eu não podia controlar. Fiquei um pouco confusa, não gostei nada das coisas que minha cabeça estava dizendo que poderia ser, não queria aceitar, eu não podia aceitar que talvez meus sentimentos estivessem mudando, que talvez você não fosse mais só o garoto em que eu amo como parte da minha família, o garoto que eu gosto de cuidar, de me preocupar, de mostrar que me importo.
   Não queria aceitar que esse amor pudesse mudar, que pudesse mudar a forma como eu te olho. Você é o meu garotinho, mesmo que só sejam 4 anos de diferença, você é meu garotinho. E saber que isso pode mudar me deixa apavorada, me deixa sem saber o que pode acontecer, me deixa com medo de que um dia meus sentimentos me façam perder você. O meu garoto está crescendo, está cada vez mais bonito, mais fofo, mais carinhoso, mais amoroso, está se tornando um homem e, mesmo que eu não queira, mesmo que uma parte minha fale que está errado, mesmo que eu não aceite isso, eu não posso controlar. Eu já te amava e, a cada dia que passa, amo ainda mais. Não tenho segundas intenções e nem poderia, mas sinto que meus sentimentos podem mudar, sinto que estão mudando. Que da próxima vez que te veja, que da próxima vez que nos encontrarmos, eu não te veja apenas como parte da família, talvez você não seja mais apenas o garoto que eu conheci e considerei família.
   E por conta disso tomei uma decisão, eu decidi esperar, vou viver minha vida sozinha, vou cuidar de mim sem precisar de ninguém, vou passar um tempo sem conhecer ninguém, vou realizar meus planos, vou observar de longe enquanto você vive. Vou esperar você crescer até que os quatro anos virem apenas quatro anos e, se depois disso, meus sentimentos continuarem mudando, se depois disso você não for mais o garoto que eu amo e sinto uma vontade inexplicável de cuidar como parte da minha família, eu corro o risco de ter esperado um amor ou ter deixado o tempo passar. Conheci você aos 17 anos, quando você tinha 13 e foi ali que você se tornou o meu garotinho, se tornou alguém que eu passei a amar e sentir vontade de cuidar. Te reencontrei aos 19 anos quando você tinha 15, foi ali que eu percebi que a única coisa que poderia nos manter longe, que poderia nos afastar, sou eu, eu posso acabar te perdendo por deixar meus sentimentos por você mudar. Foi ali, quando eu tinha 17 anos e você 13, que ouvi alguém dizer que você teve um momento de ciúmes e que quando crescesse iria casar comigo, quando achei uma ideia estranha e agora torço para que no futuro isso possa acontecer.
   Sempre que penso na nossa idade e no que acho que posso sentir por você, uma parte minha só pensa no quanto isso pode ser errado, a outra pensa que é só esperar. Quando você tiver vinte, eu vou ter vinte e quatro e aí os quatro anos vão ser apenas quatro anos. O amor, o amor de verdade, é o sentimento mais lindo e puro que existe e, mesmo que não seja recíproco, não tem como ser ruim sentir isso por você. Todos temos pessoas de conforto, que nos fazem se sentir amada, cuidada e acolhida. Você é uma dessas pessoas para mim, seu abraço me conforta, seu carinho me aquece e sua companhia me faz feliz. Eu só preciso que esses quatro anos virem apenas quatro anos ou que meus sentimentos não cheguem a mudar, eu só preciso que, independente de como seja, os nossos sentimentos sejam recíprocos, se comuniquem, se completem e sejam verdadeiros.