A Esperança/ Carl Grimes

Capitulo 24

Quando acordei pela manhã os adultos já haviam limpado grande parte dos restos dos andantes e naquele momento estávamos todos sentados comendo em silêncio. Ainda não tínhamos encontrado Carol e Sophia, o grupo me contara que T-Dog havia sido mordido tentando fechar o portão da prisão. Talvez se eu estivesse com eles no momento, eu poderia ter salvado a vida dele.

Só de pensar sobre quantas vidas havíamos perdido e quantas ainda perderíamos, meu estômago ficou embrulhado. Olhei para Carl ao meu lado que encarava seu prato da mesma maneira que eu estava fazendo a alguns minutos atrás. Durante a noite, Rick se dignou a aparecer, mas quando amanheceu partiu para outro bloco de velas para limpar o local.

E enquanto eu e Carl encarávamos a comida sem vontade nenhuma de comer, o Grimes mais velho apareceu apenas para ver como Carl estava e logo voltaria para os blocos.

- Todos têm uma arma e uma faca?
Rick se dirigiu para Daryl que estava sentado nas escadas que confirmou.

- Mas a munição está acabando.

- Eu e Maggie pensamos em fazer uma busca essa tarde, achamos uma lista telefônica com lugares com munição e fórmula para bebês.
Disse Glenn, como sempre sendo muito prestativo.

Rick não disse nada ao sair do bloco e fechar a porta atrás de si. Eu empurrei meu prato para frente em um sinal de que eu não comeria mais, notei que Daryl me encarava.

- Vai desmaiar de fome, Pimenta. É melhor você e Carl comerem.

O Dixon colocou a colher cheia de comida na boca ao dizer. Eu e Carl nos olhamos, Daryl estava certo. Não poderíamos ficar fracos em um caso de emergência, me forcei a comer pelo menos aquele prato todo e Carl fez o mesmo.

Quando terminei de comer, olhei para Daryl que confirmou com a cabeça como se dissesse que agora ele estava satisfeito. Me aproximei da bebê que estava no colo de Beth e sorri involuntariamente ao ver o pequeno rosto da menina. Eu faria de tudo para mantê-la segura e não ter que passar pelo o que eu passei, senti um calafrio ao lembrar de meu passado, mas resolvi deixar para lá. Era o que eu mais fazia em relação a esse assunto: Deixar para lá.

- Não vamos terminar de limpar a área?
Perguntei tentando livrar minha mente de lembranças ruins.

Logo eu, Daryl, Carl e um dos homens prisioneiros que havia ficado com a gente saímos dali e andamos em meio aos túneis escuros. Carl não falou uma palavra se quer, aquilo me incomodava mais do que quando ele falava sem parar em meus ouvidos.

- Minha mãe costumava fumar e se embebedar o dia todo. Um dia, eu estava brincando com meus amigos e uma ambulância passou por nós indo até a minha casa..... Era a minha mãe, só um punhado de cinzas. Essa foi a parte difícil, não sobrou nada.

Daryl falava para nós. Acho que ele percebia a dor nos olhos de Carl e entendia-o melhor do que eu. Afinal, nunca tive uma mãe para me importar ou me fazer companhia.

- Atirei na minha mãe. Ela estava apagada..... Sinto pela a sua mãe.

- E eu pela a sua.
Os dois assentiram e eu apenas fiquei calada por um tempo.

Continuamos nosso caminho, havia muitos corpos no chão. Alguns eram zumbis, já outros eram apenas restos do que um dia teria sido uma pessoa. Matamos alguns zumbis no processo, até que paramos em uma cela apenas para ter certeza que não havia nada de útil por ali. Senti uma presença atrás de nós, mas antes que eu me vira-se , Carl e Daryl já tinham atirado no zumbi que caiu morto no chão.

Uma faca se alojava no pescoço do andante e quando eu e Daryl nos aproximamos, uma centelha de esperança cresceu em mim.

- É a faca da Carol!
Eu disse dando um leve sorriso. Então ela ainda estava ali em algum lugar, junto de Sophia. Naquele momento eu tive certeza de que ambas estavam vivas.

(....)

Estávamos de volta para o nosso bloco, Beth preparava algo para o jantar enquanto Herschel segurava a irmã de Carl. Eu estava ao lado do homem, apenas encarando a pequena. Ela era linda e dormia profundamente quando a porta da cela se abriu e Rick passou por ela. O Grimes parou e olhou para a bebê, seus olhos encheram de lágrimas.

- Venha ver ela, Rick.

Eu disse dando um pequeno sorriso para o homem que começou a se aproximar e pegou a garotinha no colo. O sorriso de Rick foi maravilhoso, um sorriso de um pai orgulhoso. Olhei para Carl que tinha um sorriso no rosto ao ver que seu pai estava de volta.

- Ela se parece com o Carl.
Comentei para o grupo, Rick me olhou emocionado.

-  Ela se parece mesmo com ele.

Percebi que Carl deu um leve sorriso vindo até nós para ver a pequena criança. E então notei que o dia estava lindo do lado de fora, o sol parecia que queria nos dizer que aquele seria um dia bom, mas eu poderia estar errada.

- O que acha de levarmos a pequena tomar um bom banho de sol?

Perguntei para os dois que assentiram, Herschel nos acompanhou para fora da prisão até onde o gramado se estendia adiante. Rick carregava a bebê no colo de maneira cuidadosa, eu estava feliz por ele que talvez tenha conseguido superar um pouco do luto, porém eu sabia que não é tão fácil assim se superar algo tão complicado.

De repente, senti uma presença além dos zumbis do lado de fora das grades da prisão. Era um humano e estava vindo na direção das grades, olhei para Rick que franziu a testa ao notar minha expressão.

- Há alguém ali.
Eu disse para o homem que olhou para onde eu apontava. Rick entregou a bebê para Carl e foi na direção das grades, nos deixando com Herschel.

- Você está bem, Kate?
Me perguntou o Grimes ao meu lado.

- Só estou preocupada.
Ele assentiu e me chamou para sentarmos em alguns bancos.

- Meu pai vai dar um jeito nisso, não se preocupe.
Carl sorriu para mim.

Talvez ele estivesse certo e a pessoa que estava nas grades poderia ser alguém bom, nos ajudar. Eu esperava que esse pensamento estivesse certo para que nada mais desse errado em nossas vidas, mas em um mundo apocalíptico não se pode ter tantas esperanças.

Oioi, autora falando!!
Quem será que é a pessoa nas grades?
Esse capítulo foi menor, pois eu não estava com tanta criatividade para escrevê-lo, porém espero que vocês gostem!