Capitulo 36

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Acho que todos sentimos saudades de algo ou de alguém. No apocalipse aprendemos a valorizar o que tínhamos antes e muitos sentem falta do que perderam. Bem, eu não faço parte dessas pessoas, não sinto falta das torturas que eu sofria todos os dias antes de sair daquele laboratório e por mais irônico que seja, acho que minha vida está muito melhor agora. Pelo menos, agora tenho com quem contar e amigos com quem me divertir.

Não estou dizendo que tudo é maravilhoso, é claro que não é, mas aprendi que sempre existe um lado positivo das situações, se eu não estivesse presa naquele laboratório, nunca teria conhecido Rick e seu grupo que tenho orgulho de chamar de família. Não tenho medo de falar o que penso ou de ser quem sou perto deles e isso já é algo que me deixa feliz.

Acho que nunca me senti verdadeiramente feliz antes do apocalipse. Tudo o que eu sentia era medo e a vontade de morrer invadia a minha mente todos os dias, mas eu não deixaria a morte vencer. Não, eu não deixaria que pessoas ruins destruíssem a minha vida por completo. Você precisa lutar ou então vai morrer.

Todos juntavam suas coisas, estávamos nos preparando para o ataque do Governador. Merle havia morrido, se tornara uma daquelas criaturas horrendas e eu poderia tê-lo ajudado. Não por ele, mas por Daryl que amava o irmão. A vida exige sacrifícios e não podemos evitar corações partidos, o que podemos fazer é seguir em frente e lutar.

Eu sabia que o Governador estava vindo e por esse motivo, Rick decidiu que as crianças ficariam com Herschel e Beth nas áreas afastadas em segurança. Eu e Carl imploramos para ajudar, mas dessa vez nem Daryl aceitou nossa tentativa de convencimento. Carl estava emburrado por conta disso, mas eu entendia que adultos são super protetores com quem amam.

Algumas horas depois de estarmos esperando na mata, o Governador e seu grupo chegaram em grandes carros atirando para todo o lado. Uma raiva enorme subiu pelo meu corpo quando ouvi nossa casa sendo destruída. Eu torcia para que nosso grupo estivesse bem.

De repente, ouvimos barulhos de passos vindo em nossa direção. Sophia olhou para mim perguntando se era um zumbi.

- Infelizmente, o que vem até nós não está morto- Exclamei olhando para os outros ficarem atentos.

Carl saiu de trás dos arbustos ao ver um garoto não muito mais velho que nós parado com uma arma em mãos. O garoto estava assustado e os olhos arregalados.

- Por favor, não atirem- Ele implorou para Carl que apontava sua pistola para o rosto do garoto.

- Largue a arma, filho- Pediu Herschel e o garoto assentiu tentando entregar a arma para Carl, mas o Grimes apenas apertou o gatilho de sua arma.

O garoto caiu morto no chão com o sangue escorrendo e molhando a grama. Percebi que Carl não sabia o que fazer, então coloquei minha mão no ombro do Grimes - Esse não será o último que morrerá por nossas mãos- Carl assentiu antes que voltássemos para a prisão quando o tiroteio acabou.

Já de volta ao bloco de celas, fui direto para Daryl que se abaixou para me abraçar. O Dixon tinha cheiro de sangue fresco e suor e eu estava feliz em poder sentir aquele cheiro de novo, pois significava que meu pai estava vivo.

- Tudo bem, Pimenta?-

- Estou ótima- Abri um sorriso para o homem que afagou meu cabelo. Vi Carl indo até a nossa cela depois de conversar com Rick.

- Aconteceu algo lá? - Perguntou meu pai.

- Carl matou um garoto. Ele já estava rendido e ia entregar a arma para nós, mas Carl atirou nele-

Daryl assentiu e me olhou nos olhos por um tempo - Deixe ele esfriar a cabeça, não é fácil tirar a vida de um homem- Concordei com a cabeça enquanto dava um sorriso triste.

Mais tarde, alguns dos adultos iriam para Woodbury. Maggie e Glenn ficariam para proteger o resto do grupo enquanto Daryl, Rick e Michonne iam até a cidade. Suspirei ao ver o carro e a moto se distanciando e voltei para os blocos de celas. Sophia veio até mim com um sorriso fraco no rosto.

- Acho que você deveria conversar com o Carl, já que ele só ouve você. Vou ficar com Judith por um tempo- A loira disse apontando com a cabeça para a cela em que eu dividia com Carl e se afastando.

Respirei fundo e fui andando até a cela. Carl olhava para a foto que tínhamos pegado na cidade e tinha uma expressão séria no rosto. Me escorei na parede e cocei a garganta para que o Grimes soubesse que eu estava ali e ao me ver, Carl guardou a foto.

- Não vou pedir para entrar, já que essa cela também é minha- Eu disse com um sorriso convencido no rosto, mas ele não mudou de expressão.

Fui até o Grimes e me sentei ao lado dele. Carl encarava a parede com as mãos sobre o colo.

- Eu tive que fazer aquilo, Kate. O garoto ia nos matar, ele ia te matar se eu não atirasse-

Percebi que Carl ainda se culpava pela vez em que não matou o zumbi na fazenda. O mesmo zumbi que tempos depois matou Dale.

- Carl, a vida é feita de escolhas e a maioria delas não são fáceis. Não te julgo pelo o que fez, mas agora já está feito. O que você pode fazer é seguir em frente e como eu disse antes, aquele garoto não será o último. Nossas mãos estão sujas de sangue, Carl, mas não podemos deixar que isso suba para a nossa cabeça- Coloquei minha mão sobre a do Grimes e deu um sorriso fraco.

- Você não tem culpa da morte de Dale- Ele me olhou de forma surpresa - Eu consigo ver em seus olhos que ainda se culpa, mas use essa culpa como uma armadura para te deixar mais forte e não como um muro que bloqueia seus pensamentos racionais-

Carl não deixava de olhar para mim até que assentiu com a cabeça - Obrigado por estar aqui, Pimenta-

- Eu sempre vou estar aqui, pequeno cowboy-

(....)

Rick, Daryl e Michonne haviam voltado e junto deles outras várias pessoas chegaram em um ônibus. Aquelas pessoas haviam percebido a maldade nos olhos do Governador graças a uma das mulheres que o homem tentara matar. Andrea estava morta, ela tentou nos ajudar e acabou sendo mordida. Sobre a saudade? Eu não sinto saudades nenhuma daquela mulher, mas reconheço que nos últimos minutos ela tentou.

Enquanto as pessoas entravam na prisão, vi Rick olhando para as grades da parte de cima onde costumava ver Lory parada, mas dessa vez seu olhar não estava anuviado como nas outras vezes.

- Não vê mais ela, não é?- Eu disse me aproximando.

- Acho que me libertei dos fantasmas do passado- Rick sussurrou com um sorriso triste no rosto.

- Bom, acho que deveríamos comer algo. Estou morta de fome!-

Então, todos voltaram para dentro encontrando espaço para os novos moradores da prisão. Talvez nunca teríamos uma vida pacífica, mas contanto que estivéssemos juntos, isso não faria falta. Nunca tive uma vida calma e não é agora que as coisas irão mudar, não é mesmo?

Oioi, autora falando!Fim da terceira temporada e estou muito animada para começar a quarta!!!Espero que tenham gostado do capítulo, beijos da autora😘

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Oioi, autora falando!
Fim da terceira temporada e estou muito animada para começar a quarta!!!
Espero que tenham gostado do capítulo, beijos da autora😘

A Esperança/ Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora