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o seu voto em ajuda muito!

K I N A — 09

A votação acaba de ser feita.
O Três levou três votos e a Oito levou cinco, com um deles sendo meu.

Sim. Foram oito votos, sendo que nós somos nove no total. Alguém deixou um voto em branco.

Eu?! — a Oito sorri quando percebe que ficou com mais votos na votação.

— O seu quarto foi eleito pra ser o banheiro. — o Sete fala com vergonha.

— Eu nunca ganhei uma votação! — ela fala contente — Não é nessas ocasiões que as pessoas batem palmas?

— O quê? — eu pergunto, mas a Cinco me dá uma cotovelada.

— Ela tá certa. Palmas! — a Cinco pede rapidamente, então todos nós batemos palmas.

Antes ela do que eu.

A roda é desfeita depois dessa maluquice e
todos voltam as suas rotinas chatas, então sobramos apenas nós: eu, Três, Quatro, Cinco e Sete.

Deram vinte e quatro horas só pela votação. — O Três fala.

— Ainda bem que a Oito não levou isso pro lado pessoal. — a Cinco comenta.

— Sabe...eu fico pensando. — O Três vai para um canto com o Sete, mas me olha como se me chamasse para ir também. Lembro da conversa com a Dois onde ela disse que eu estava excluída no jogo, então vou — Eu ganhei três votos. Um foi do Seis e outro da Oito, mas e o terceiro?!

— Não acho que seja o Um ou a Dois. — interrompo ele — Eles são seus amigos.

O Sete endurece o corpo.
Sete.

— E não acho que seja a Quatro. Ela veio com aquele papinho de votar na Oito.

— Também tô curioso, mas isso importa?! — o Sete pergunta nervoso.

Só tenho mais certeza de que foi ele.

— Mas é que...

— Esquece isso, Três. — toco no seu ombro e sorrio — O importante é que o lixo não vai pro seu quarto.

— É. O que passou, passou. — ele concorda.

— Você quer fumar? — o Sete pergunta pro Três, mas ele diz que não, ainda pensativo.

— Eu quero. — falo.

[...]

Eu e Sete subimos pro quarto dele. Me sento em uma cadeira ao lado da mesa e ele vem até mim tirando um cigarro do maço.

— Você fuma mesmo? — ele me pergunta.

— Não.

Ele fica curioso: coça a cabeça, senta na cadeira da minha frente e acende o cigarro que tirou pra mim.

— Você votou no Três. — falo batendo o indicador na mesa. — Um voto foi nulo, provavelmente é da Cinco, mas eu sei que você votou no Três.

— Por que eu votaria nele? — ele puxa e joga a fumaça pro ar.

— Eu não sei. — falo mais alto do que gostaria — Eu não faço a mínima ideia, mas agora não sei de devo ou não confiar em você! — espero que ele responda, mas ele não o faz — Sempre vejo vocês conversando, fumando juntos, no quarto um do outro...e agora você vota nele. Por qual motivo?!

Ele puxa e solta a fumaça de novo.

— Tudo bem.

Me levanto e vou até a porta, pronta pra sair de seu quarto e tratá-lo como qualquer um. Me aproximo da Dois e me afasto dele. Simples, nem vou sentir falta.

— Nove. — ele deixa o cigarro no cinzeiro e vem até mim, segura a porta e me força a dar um passo pra perto de seu corpo — Eu nunca votaria em você, jamais te trairia.

— Trair? — pergunto com ironia — Agora me questiono se realmente somos amigos.

Ele baixa a guarda. Fica alguns segundos parados e eu penso que ele desistiu de insistir, que nem mesmo ele sabe se somos amigos ou não.

— Eu não confio em mais ninguém além de você. — ele assume — Eu não votei no Três.

— Você votou na Oito?

— Meu voto foi nulo.

Amoleço meu corpo e deixo que ele toque no meu curativo de novo. Uma vaga lembrança da noite em que ele tentou me beijar, mas falhou porque eu o afastei.

Me afasto das pessoas, sempre me afastei. A Dois disse que estou excluída no jogo, mas não imagina que sou excluída na vida.

Me sinto completamente perdida aqui. — confesso baixo.

Ele pega sua outra mão e passa nos meus cabelos. Deixo com que ele fique perto, que segure minha nuca e junte nossos lábios. São poucos segundos antes que ele peça espaço com a língua e eu permito.

Seu beijo é calmo, quase como um "sinto muito por isso.", como se ele tentasse tirar esse sentimento de mim.

Seguro sua nuca quando percebo que ele está me beijando. Durante o beijo sua mão vai até meu curativo de novo e sinto que quando isso terminar, o corte já vai ter cicatrizado.

É como se ele curasse tudo em mim.

— A gente 'tá junto, Nove.

[...]

Faz alguns minutos que sai do quarto do Sete e estou parada na porta da Dois.

O beijo foi ótimo, ele é ótimo, mas tem algo que me trouxe até aqui. Minha mente não consegue descansar.

— Nove! — ela sai do seu quarto e eu me assusto — Você quase me mata de susto!

— Você votou na Oito, certo?! — pergunto a ela — Todos nós combinamos de votar na Oito.

— Entra. — ela me chama para seu quarto. "Chama", na verdade ela me puxa — Vou falar porque confio em você.

Respiro fundo com o coração a mil.

— O Seis veio pedir voto. — ela passa a mão nos fios curtos de cabelo — Acredita nisso?!

— Então você votou no Três?! — a questiono mesmo sabendo que ela não pode ter votado nele. Eles são amigos.

— Não sei porque fiz isso, mas votei nulo.

THE 8 SHOW - número nove.Onde histórias criam vida. Descubra agora