THE 8 SHOW - número nove.

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seu voto faz a diferença.

K I N A — 09

Mais uma rodada da brincadeira que a Oito escolheu. Ontem foi difícil de dormir, mas me forcei a descer pra não ganhar um choque atoa.

— Eu sou o mestre hoje! — a Oito fala sorridente.

Merda. Sou a bola um.

— A bola quatro vai pegar nos peitos da bola cinco. Por dentro da roupa, colocando a mão! — ela fala maliciosa.

— Mas eu peguei a cinco. — a Cinco fala envergonhada.

O Seis e a Quatro riem feito duas crianças enquanto o Três parece estar prestes a ter um ataque.

— Olha lá! Ganhou na loteria! — o Seis brinca.

O Três e a Cinco vão para um canto e ambos ficam muito nervosos. A Quatro começa uma contagem para que o Três faça o que o mestre mandou no "já."

— Peraí, calma, calma! — o Três grita.

— Eu vou contar de novo. — a Quatro fala. Ele leva a mão até próximo do peito da Cinco, mas depois volta completamente nervoso.

— Choque! — ele grita — Eu vou querer a punição.

— Não, não, tá tudo bem. É só você tocar. — a Cinco pede. Ela é tão incrível que deixaria o Três tocar nela por preocupação.

— Eu não posso. — ele gagueja — Eu vou lá tomar.

Ele fica de frente para uma pequena rampa. Me sento do lado da Dois e aproveito para ver como está seu machucado.

— Você 'tá legal? — pergunto sem tirar os olhos da Cinco que se aproxima do Três com a máquina na mão.

— Comparada ao Três, sim. — ela aponta pra ele.

Ele está sentado, prestes a ganhar o choque. A Cinco está se tremendo quando aperta o choque contra o pescoço do Três. Ele cai da rampa e...faz xixi.

— Quatro...você disse que não doía tanto. — o Um fala.

— Eu achei. — ela sussurra. Olhamos pro telão e lá estão elas: — Sessenta horas? A gente ganhou sessenta horas!

[...]

— Ele deve ter sentido muita dor. — comento em uma pequena roda.

Me sinto um cordeiro no meio dos lobos, porque estou falando com a Oito, o Seis, a Quatro e o Sete.

— Você preferia o que, lindinha? — o Seis pergunta — Nem participou do show de talentos.

— Você ainda lembra disso? — a Oito fala olhando pra mim com um sorriso sinistro — A gente tem que perdoar as pessoas.

— Eu acho que já ajudei bastante a aumentar o tempo aqui. — estou falando das horas que ganhamos com as minhas conversas com o Sete e com o beijo.

— O Sete te ajudou nisso? — o Seis retorna a perguntar maliciosamente.

— Talvez algumas pessoas tenham carisma. — o corto — Tem gente que não precisa se esforçar pra agradar os outros.

— Ou as pessoas gostem de ver gostosas andando por aí. O que você tanto faz no seu quarto sozinha, hein?!

Sinto um calafrio no meu corpo todo. O Seis é completamente maluco.

— Seis...— o Sete tenta falar com ele, mas é dispensado.

— Agora não. — ele se levanta e puxa a Oito. Ela sorri e manda um beijo pra gente — Vou aproveitar o meu tempo aqui.

— Eles são engraçados...— a Quatro fala sorrindo, mas eu e Sete não damos resposta, então ela só se levanta e vai pra outro canto.

— Você quer fumar? — ele abre um maço e tira um cigarro de lá, depois pega um isqueiro no bolso.

— Eu não fumo. — falo interessada.

— Ok. Vamos pro meu quarto fumar.

Ele se levanta e acende o cigarro, sobe alguns degraus e me olha, é o que me faz levantar. Vou atrás dele e não me deixo segurar um sorriso.

Passamos os andares todos em silêncio e só falamos quando entramos em seu quarto.

— Uma vez eu falei pro Três que o entretenimento ia se tornar violência. — ele senta em uma das cadeiras e eu vou atrás — E se tornou mesmo.

— E agora?

— Você acha que todo mundo vai aceitar tomar um choque? — ele me encara e puxa a fumaça.

— Eu não aceitaria. — ajeito minha postura e ele solta a fumaça tomando cuidado pra que não pegue no meu rosto — Fazer xixi de dor? Não aceitaria.

— E o que você acha que eles fariam com você? — ele pergunta — Eles não iam levar na brincadeira, provavelmente você tomaria choque de qualquer maneira.

— Eles iriam fazer o quê?! Me prender?! — falo rindo, mas ele permanece sério.

Ele tem razão.
Esse jogo é comandado pela Oito, todo mundo tem medo dela e faz o que ela manda, sem contar que o Seis adora bater em quem desobedece ele.

— Não tem nada o que faça a gente fugir disso. — o Sete se lamenta.

"A gente" desde que ele mentiu pra mim, "a gente" não existe mais.

— Uma hora alguém estoura, Sete. — me levanto — Você só precisa ficar do lado mais forte.

— Você ficaria do lado da Oito? — ele pergunta curioso.

Aposto que essa pergunta foi feita porque ele já pensou em se juntar com eles. Provavelmente até já se juntou.

— Não sei.

— Nem se isso fosse perigoso? — ele se levanta — Se custasse sua vida?

— Você trocaria seu caráter por dinheiro? Você machucaria o Três, seu amigo, por dinheiro?

Ele não responde, mas eu já entendi tudo: ele machucaria.