capítulo 22

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— Vou para casa então, se a minha presença te incomoda tanto — Nicole disse, indo em direção ao sofá e pegando sua bolsa

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— Vou para casa então, se a minha presença te incomoda tanto — Nicole disse, indo em direção ao sofá e pegando sua bolsa. — Só queria te ver.

Ela passou atrás dele e então seguiu para a porta, abrindo e saindo.

O camisa 68 fechou os olhos e tombou a cabeça, respirando fundo e fechando os olhos. Ficou assim por tanto tempo, naquele silêncio, que mal escutou os passos da sua companheira de dúplex invadindo a cozinha um tempo depois.

Ele não fez questão alguma de mudar de posição.

Não tinha odiado a presença da irmã ou se incomodado. Porém havia coisas que ele detestava por demais vindo dela. Era por isso que preferia quando estavam longe, tudo ficava mais simples, mais fácil, de não pensar ou se lembrar.

Cal teve uma infância difícil. Talvez não do modo que Bruce tivera, mas era tão problemático quanto. Seus pais eram pessoas horríveis e seu pai bebia em tanta constância que as vezes descontava nos próprios filhos. Descontava principalmente em Nicole. E conforme Cal foi descobrindo os acontecimentos passou a implorar ao pai que descontasse nele.

Na época, ele deveria ter uns dez ou onze anos de idade. Nicole tinha dois anos a mais. E eles viveram aquilo por todo o resto da adolescência. E quando Nicole finalmente se formou e decidiu pegar suas coisas e ir viver uma vida distante daquela, Cal a esperou. Esperou que ela voltasse o tirasse dali também.

No entanto, ela nunca voltou.

Aquilo era a única coisa que ficou fixado em seu peito. A única coisa que ele sentia mágoa e rancor até os dias de hoje.

E ele sabia que precisava seguir em frente e perdoa-la. Mas era muito mais simples falar do que fazer. Isso levava tempo, muito tempo.

 — Família é uma merda — o comentário repentino fez com que um riso sem humor saísse de sua boca, abrindo os olhos e encarando-a.

— É essa a sua maneira de confortar alguém, Bailey?

— Não estou te confortando, só dizendo o óbvio. — Ela deu com os ombros, encostada na pia, com um copo de água em mãos. — Família é uma merda. Pais são, filhos são, parentes são. Todos eles.

Ele suspirou.

— Eu não discordo.

— Finalmente algo que concordamos, Sherman.

Cal não respondeu. Não estava muito no clima para provocações.

— Achei que já tivesse perdoado ela — Jolie insistiu na conversa.

— É uma tentativa constante.

— Só que nada produtiva, pelo visto. — Ela franziu o cenho. — Já parou para conversar com ela? Perguntar o porquê dela não ter voltado?

Regra n°68Onde histórias criam vida. Descubra agora