Como se atreve a mexer com meu fofinho capítulo 8

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Quarta-feira, 13/09/2023
– Você tá completamente louca, garota! – digo a ela com a voz firme, segurando o impulso de avançar.
– Vem comigo agora! – diz meu padrinho, tentando intervir.
– Ariel, você está bem? – Vitório pergunta, preocupado, colocando a mão em meu ombro.
– Sabe, eu não me surpreendo em saber que meu pai é obcecado por dinheiro, mas descobrir que ele tortura psicologicamente o meu hyung... isso me dói profundamente.
– Quer ir embora? – pergunta Vitório, percebendo meu desconforto.
– Sim, vamos. Não estou me sentindo bem aqui – respondo, pegando no braço de Vitório, buscando conforto.
– Ariel, não vá! Preciso falar com você! – meu padrinho implora, mas dou as costas.
– No momento, não quero falar com o senhor. Diga ao Tae-mo que quero conversar com ele amanhã! – afirmo, tentando manter a calma.
Nesse instante, uma das empregadas se aproxima, ansiosa.
– O Tae-mo fugiu! – ela diz, sussurrando ao meu padrinho.
Sinto uma onda de indignação, minha voz treme enquanto me viro para ele.
– Eu realmente esperava mais de você. Deixar o Tae-mo passar por tudo isso… olha o que vocês e meu pai causaram nele!
– Venha aqui para o jardim, Ariel – diz meu padrinho, tentando acalmar a situação. Ele pede um momento a Vitório, que decide ir para casa, deixando-me com meu padrinho no silêncio da noite.
– Fale, estou ouvindo – digo, cruzando os braços, tentando manter a postura.
Meu padrinho olha para mim com um olhar cansado, como se carregasse um peso que não pudesse mais suportar.
– Ah, desculpe, ainda não me acostumei com seu novo visual – ele murmura, fazendo carinho em meu cabelo.
– Mudar às vezes faz bem – respondo, com um leve sorriso.
– Sim... você tem razão.
– O que queria me dizer?
Ele suspira profundamente, preparando-se para algo doloroso.
– Quando vocês estavam no cativeiro, tentaram fugir pela janela. Você ficou preso, e o Tae-mo, na tentativa de te ajudar, acabou te empurrando para que escapasse, mas você caiu e bateu a cabeça. Seu pai chegou a tempo de ver o momento da sua queda.
– Não me lembro de nada disso. Minhas memórias dessa época são todas vagas.
– Seu pai sempre foi compreensivo, mas eu... eu fui cruel com o Tae-mo. – Ele abaixa a cabeça, como se estivesse finalmente confrontando sua própria culpa.
– Mas Su-ji disse que... – tento falar, mas ele me interrompe.
– Su-ji está errada! E sinto muito por ela ter dito essas coisas.
– Então, o que realmente aconteceu com o Tae-mo?
– Depois que você acordou do coma, eu disse ao Tae-mo que ele deveria cuidar de você. Ele foi para a mesma escola, te acompanhou a todos os lugares... a ideia era proteger você, mas ele já estava apaixonado. Ele não conseguia se afastar.
– Então ele me seguiu esse tempo todo, mesmo que custasse sua própria adolescência? – pergunto, sentindo um nó na garganta.
– Sim, e quando eu disse para ele parar, ele recusou. Disse que não suportava a ideia de te deixar sozinho.
Nesse instante, um segurança se aproxima.
– Senhor, localizamos o Tae-mo. Ele está em um bar próximo à praça.
– Vá buscá-lo! Se ele se recusar, diga que irei pessoalmente.
– Eu vou com ele, padrinho. O Tae-mo precisa de mim agora – afirmo, minha voz cheia de determinação.
O padrinho assente, e logo estamos no carro com o segurança. Quando chegamos ao bar, desço rapidamente e entro, com o coração acelerado.
– Ariel? O que faz aqui? – Tae-mo se surpreende ao me ver.
– Você está completamente bêbado, Tae-mo! – digo, tentando conter minha frustração.
– Pensei que você não quisesse mais falar comigo...
– Tae-mo, foi um acidente. Nada disso foi culpa sua.
Ele balança a cabeça, lágrimas surgindo em seus olhos.
– É culpa minha... tudo isso é culpa minha! – Tae-mo se desfaz em lágrimas, e eu o envolvo em um abraço apertado.
– Não, meu fofinho... não diga isso – sussurro, acariciando seu cabelo enquanto ele chora em meu peito.
– Você... você não tem raiva de mim? – ele pergunta, a voz embargada.
– Não, mas uma coisa me deixa triste.
– O que é? – pergunta, levantando o rosto, com os olhos vermelhos.
– Você beber por minha causa – murmuro, olhando profundamente em seus olhos.
– É a única coisa que me alivia...
– Tae-mo, prometa que nunca mais vai beber assim. Prometa, por favor.
– Mas, Ariel...
– Senão, vou ficar muito triste e com raiva de você.
Ele suspira, vencido.
– Não, triste não! Eu prometo, meu amor.
Sorrio e o ajudo a se levantar.
– Então vamos para casa.
Tae-mo passa o braço pelo meu ombro, e o segurança nos ajuda a levá-lo até o carro. Durante o caminho, ele deita a cabeça no meu ombro, com um sorriso embriagado.
– Parece um sonho... que você não me odeia – ele murmura, sua voz se esvaindo aos poucos.
– Eu nunca odiaria você – respondo, acariciando sua cabeça.
– Por quê? – ele pergunta, os olhos semicerrados, quase dormindo.
– Porque eu gosto muito de você, meu hyung.
Ele sorri, suspirando.
– O seu pai dizia que você nunca me retribuiria...
– Ele sempre foi tóxico com você, e eu sinto muito por isso.
Tae-mo suspira, e eu sinto o peso das palavras que ele sempre quis dizer.
– Meu pai sempre cedia ao que o seu pedia. Ele até investiu na empresa dele.
– Meu pai sempre ganancioso, como sempre...
– As ações estão no seu nome, mas seu pai que administra – Tae-mo continua, e eu sinto a dor de tudo que ele guardou por tanto tempo.
Apoiado em meu ombro, ele sorri levemente.
– Ficar no seu ombro é confortável... e olha que você é bem magrinho!
– Fico feliz em saber, meu amor.
– Se eu morresse agora... morreria feliz.
– Mas se você morresse, eu não poderia fazer o que quero – digo, sentindo meu coração bater mais forte.
– O que quer fazer? – ele pergunta, curioso.
– Isso! – coloco a mão em seu rosto e dou um selinho suave em seus lábios.
Ele sorri e me puxa para um beijo intenso, profundo, fazendo meu coração disparar. Nos perdemos um no outro até o segurança nos interromper, avisando que chegamos.
– Vou te ajudar, senhor – diz o segurança, abrindo a porta.
– Não precisa. Eu cuido dele – digo, colocando o braço de Tae-mo ao redor do meu pescoço enquanto o levo até o quarto.
Ao chegarmos na sala, noto que todos já foram embora. Apenas o meu padrinho nos observa.
– Você não tem jeito mesmo, moleque – ele comenta, com um sorriso no rosto.
– Oi, papai – Tae-mo responde, rindo enquanto o guio até as escadas.
– Vamos conversar amanhã, garoto! – diz meu padrinho.
Subimos e, quando finalmente alcanço o quarto, coloco Tae-mo na cama e cubro-o com o lençol. Beijo sua testa com carinho.
– Boa noite, hyung – digo.
Ele segura meu braço, me puxando para a cama.
– Não vá... fica mais um pouco – sussurra, me abraçando. Não resisto. Deito ao seu lado, sentindo-me seguro em seus braços.
Fecho os olhos, deixando o sono me envolver, enquanto ele segura minha mão, como se não quisesse me deixar partir.
Quinta-feira, 14/09/2023
Acordo com um leve susto, me encontrando entrelaçado com Tae-mo, seus braços envolvendo minha cintura, enquanto uso um de seus braços como travesseiro. Ele dorme profundamente, sua respiração acariciando meu pescoço de maneira quente e confortável. Tento, com cuidado, soltar-me do seu abraço sem acordá-lo. Com esforço, finalmente consigo sair da cama, observando-o dormir em paz. Sinto uma ternura incomum e, quase sem perceber, deixo um beijo suave em sua testa antes de sair do quarto, já que meu padrinho havia saído cedo para o trabalho.
De volta em casa, percebo que nem meu pai nem Ariana estão por perto. Ariana, minha irmã, tem estado ocupada com seus estágios no hospital, e como eu queria que ela estivesse aqui agora… preciso desesperadamente desabafar. Ao longo do dia na universidade, a entrega dos TCCs foi exaustiva, mas sinto que meu trabalho está excelente. No intervalo, finalmente encontro Vitório, e me sinto aliviado por ter alguém com quem conversar.
— Oi, amigo! — diz Vitório, surgindo atrás de mim.
— Estou à beira de enlouquecer… preciso falar com alguém! — respondo, sentindo o peso em minhas palavras.
— Meu Deus, o que houve? É sobre o que aquela garota disse ontem? — pergunta ele, claramente preocupado.
— Em parte, sim. Mas não é só isso… meu padrinho me contou tantas coisas ontem que me decepcionei profundamente com ele e com meu pai.
Contei a Vitório tudo o que se passou na noite anterior, incluindo o beijo que dei em Tae-mo e todos os detalhes, e a expressão de choque em seu rosto era inconfundível.
— Coitado do Tae-mo, passar por isso desde novo... não sei nem o que dizer — responde Vitório, com pesar.
— Pelo menos ele está tentando se recuperar. Meu fofinho merece uma chance de ser feliz! — digo, com um sorriso triste.
— Ontem eu vi Paulo Vitor quando estava voltando para casa — comenta Vitório, mudando de assunto.
— Ainda não esqueceu aquele idiota? — pergunto, tentando aliviar o clima.
— Se eu disser que sim, estarei mentindo. Mas confesso que não doeu tanto quanto pensei.
— Talvez você esteja se apaixonando por alguém novo, como aquele cara do restaurante? — brinco, dando-lhe um sorriso cúmplice.
— Ah, nada a ver, Ariel! Só vi o Zee uma vez… mas admito, sinto falta dele.
— Você devia ter pedido o telefone dele! Agora não sabe quando o verá de novo.
As aulas acabam, e eu e Vitório estamos prontos para ir para casa, quando, de repente, ouço uma voz familiar.
— Ariel! — grita meu pai, já vindo em minha direção.
— Papai? O que faz aqui? — pergunto, surpreso.
— Vim te buscar, Ariel — responde ele, puxando-me para dentro do carro.
— E onde está meu motorista? — questiono, desconfiado.
— Não posso buscar meu próprio filho na universidade? — rebate ele.
— Não é disso que se trata, e você sabe disso — murmuro, cansado das suas manipulações.
Ele suspira, hesitando, e então confessa.
— Conversei com seu padrinho hoje.
— O que vocês fizeram com o Tae-mo foi monstruoso! — rebato, sentindo a raiva crescer.
— Eu não tive nada a ver com isso! Foi seu padrinho que fez pressão psicológica nele… tudo por sua causa — responde ele, como se quisesse se eximir de qualquer responsabilidade.
— Então, a consciência é sua! — digo, amargo, desviando o olhar.
— Por que está com raiva de mim? Foi o Tae-mo quem te deixou cego! — dispara ele, exasperado.
— Se o senhor disser mais uma palavra sobre isso, eu juro que pulo desse carro agora mesmo! — ameaço, colocando a mão na maçaneta.
Assustado, ele cala-se, e o restante do trajeto é feito em silêncio. Ao chegar em casa, encontro Ariana no quarto e, finalmente, desabafo com ela, contando tudo o que descobri. Seus olhos se enchem de incredulidade e tristeza.
— Papai realmente não tem coração! — murmura ela.
— Ele ganhou muito dinheiro com a minha cegueira… até confessou que permitiu que eu saísse com o Tae-mo só porque recebeu dinheiro para isso.
— O nosso pai é um narcisista, Ariel. Viu o que ele fez com a mamãe?
— Fazer com que nossa mãe perdesse a memória… foi cruel demais.
— Às vezes, me pergunto como era o rosto dela. Sabe, Ariel, mesmo não lembrando, tenho certeza de que ela era linda.
Após um momento de silêncio, Ariana olha para mim, com um ar de tristeza.
— Amanhã é o aniversário de morte da mamãe, né?
— Sim… e como sempre, iremos em segredo ao cemitério — digo, sentindo o peso do luto.
— Depois disso, gostaria de ir a um lugar. Me acompanha?
— Claro, irmã.
Sexta-feira, 15/09/2023
  É bem cedo e estou no cemitério com Ariana. O túmulo de nossa mãe está coberto de flores murchas, então nós rapidamente trazemos novas, enfeitando o local com cuidado e carinho.
— O nome da nossa mãe é tão bonito… — murmuro, tentando disfarçar a dor com um sorriso.
— Helena. O nome mais lindo que existe — responde Ariana, emocionada.
Ficamos ali em silêncio por alguns instantes, até que uma inquietação me invade.
— Sabe, algo está me incomodando.
— O que foi, Ariel?
— Tae-mo ainda não me ligou, e nem apareceu na universidade para me ver.
— Por que você não liga pra ele? — sugere Ariana, tentando aliviar minha preocupação.
— Geralmente é ele que me liga… e não quero parecer sufocante.
— Vamos, Ariel, preciso passar no hospital para entregar o meu relatório de ontem.
— Então, você pode me deixar no escritório do meu padrinho?
— Claro, irmão.
Ariana me deixa na porta do escritório, e eu logo entro, pedindo a um dos funcionários que me leve até a sala do meu padrinho.
— Posso entrar, padrinho? — digo, batendo suavemente na porta.
— Claro, meu filho.
— Bom dia — digo, tentando manter um tom neutro.
— Pensei que estivesse bravo comigo…
— E estou.
Ele suspira, preocupado.
— Será que você pode me perdoar?
— Só existe uma maneira de eu perdoar o senhor — respondo, encarando-o.
— E qual seria?
— Cancele todos os negócios que tem com o meu pai. É o único jeito.
Ele me olha, claramente confuso.
— Por que você está pedindo isso?
— Apenas faça o que estou pedindo, ou então pode me esquecer para sempre.
Deixo a sala rapidamente, sem lhe dar chance de responder. Vou para a praça em frente ao escritório e, ali sentado, respiro fundo antes de pegar o telefone e ligar para Tae-mo.
— O que aconteceu com você? — pergunto, frustrado, quando ele atende.
— Ariel? — Tae-mo soa surpreso do outro lado da linha.
— Por que não me ligou? — questiono, triste.
— Estou completamente confuso…
— Confuso? Como assim?
— Achei que estivesse com raiva de mim por causa do que Su-ji disse.
— Tae-mo, você se esqueceu? Nós conversamos sobre isso.
Ele parece hesitante.
— Não… a última coisa que me lembro é de ir a um bar e começar a beber.
— Não se lembra da nossa conversa?
— Nós nos vimos naquela noite?
— Sim! — exclamo, incrédulo.
— Eu até fui ontem na sua universidade… — ele admite.
— E por que não falou comigo?
— Vi seu pai lá na frente.
— O quê? — pergunto, cada vez mais confuso.
— Eu ia até você para conversarmos sobre Su-ji, mas seu pai me disse que você estava furioso comigo e que não queria mais me ver.
— Isso é uma mentira absurda! — digo, indignado.
— Eu quase bebi de novo, de tanta ansiedade…
— Tae-mo, se eu descobrir que está bebendo de novo, vou ficar muito chateado.
— Prometo que não vou mais beber, amor.
— É bom mesmo, senão ficarei muito bravo!
— Eu prometo, meu amor.
Respirando fundo, desligo o telefone e vou para o dormitório do Vitório. Não quero ver meu pai tão cedo; o que ele fez a Tae-mo foi imperdoável. As aulas passam rápido, e na próxima semana será a apresentação do TCC. Logo tudo acabará, e o momento da formatura estará próximo. Depois das aulas, estou na frente da universidade com Vitório, esperando meu motorista.
De repente, ouço meu pai gritar.
— Ariel!
Ele está furioso. Respiro fundo, tentando me preparar para o que está por vir.
— Você vai agora mesmo até a casa de Jun-ho e vai fazer ele mudar de ideia! — diz meu pai, puxando meu braço com força.
— Eu não vou a lugar nenhum! — respondo, soltando meu braço.
— Quer me ver na miséria, Ariel?
— Esse dinheiro é sujo… o senhor ganhou isso com a minha cegueira!
— Eu não pedi nada! Jun-ho quis te recompensar.
— Me recompensar? — repito, indignado.
Meu pai ignora minha reação e me agarra novamente, exigindo obediência. Perco o controle.
— Me solta!
— Me obedeça! — ele diz, e antes que eu possa me defender, sinto a dor de um tapa no rosto, que me joga ao chão.
— Ariel! — Vitório corre até mim, chocado.
— Você é um monstro, pai! Não chega perto de mim!
De repente, uma voz firme se destaca.
— Afaste-se do Ariel! — é Tae-mo, e sua presença enche o ar de uma segurança que nunca senti antes.
— Como se atreve, moleque? — meu pai rebate, mas Tae-mo não hesita.
— Como se atreve a machucar o Ariel?
— Sou o pai dele! — retruca meu pai, mas Tae-mo permanece imperturbável.
— Mesmo pais podem responder por agressão. Isso é crime.
— Você é formado, mas nunca exerceu sua profissão, seu inútil, sustentado pelo pai! — meu pai provoca.
— Tae-mo… me tira daqui, por favor — digo, com lágrimas nos olhos.
— Não chora, meu amor. Vamos sair daqui.
Ele me ajuda a levantar e me conduz para longe.
— Ariel, volte aqui! — meu pai grita atrás de nós, mas logo uma multidão de alunos começa a murmurar “covarde”, em apoio a mim e Tae-mo.
Dentro da universidade, ele me leva até o refeitório e me faz sentar em um banco.
— Hyung… — começo a chorar novamente.
— Não chora, meu amor — diz ele, enxugando minhas lágrimas com gentileza.
— Meu pai é um monstro… ele te disse coisas horríveis.
Ele me encara, e há uma determinação nos olhos de Tae-mo que eu nunca havia visto antes.
— Seu pai nunca mais vai encostar em você. Eu não vou deixar.
A intensidade de suas palavras me deixa sem fôlego. Antes que eu possa responder, ele segura meu rosto e me beija, um beijo cheio de amor, promessas e proteção. Nos braços dele, sinto-me seguro, como se tudo fosse possível.
Mas uma dúvida persiste em minha mente: por quanto tempo esse momento durará?

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