Bingo

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Ficaram ali por um tempo, aproveitando um pouco a brisa gélida da poupa.
Estava começando a ficar um pouco mais frio do que antes.

Vocês tinham aquela pequena e pouca noção que poderia gelar, mas, bem, estavam indo para o verão havaiano, portanto não passou pela cabeça de vocês a mudança climática repentina.

Ken te abraçou, seus braços grandes e pouco definidos te rodearam e aqueceu suas costas até o momento em que decidiram entrar. Poderia morar naquele abraço.
Se distanciando ao passar pela porta do salão apenas para não causar tumulto nos pequenos.

As crianças, novamente, estavam com a ruiva. E, pensando no que acabaram de conversar, era melhor que passassem mais tempo juntos.
Talvez a ideia de você com as crianças não seja tão adequada quanto pensa. Você não tinha experiência, Yuzuha ao menos cuidou a vida inteira de seu irmão mais novo.
Seria melhor se fossem as duas, mas aí Ken ficará sozinho e, dada as circunstâncias, ele gostaria de ficar perto de você e seus filhos.
No final das contas, aproveitarem todos juntos era a melhor e mais óbvia ideia a se ter.

Quando alcançou seu celular no bolso do casaco, viu de imediato a mensagem de Yuzuha e se tocou que haviam sinal desde quando embarcaram no barco. Ou como estavam falando com Mitsuya e Hakkai?

Burra. Podeira ter conversado com sua terapeuta todo esse tempo.

Mas será que ela já voltou de férias?

— Yuzuha está no cinema com as crianças, quer ir para lá ou... Não sei, ir para o salão dos idosos?

— Acredito que o salão é uma ótima opção.

Você sorriu e caminharam até o enorme salão, quase como um saguão de hotel luxuoso.

— Temos sapateado, bingo, karaokê? Desde quando velho tem disposição para cantar?

— Boa pergunta.

— E então?

— Qual o prêmio do bingo?

— Hm... Deve ser dentadura. — Ele riu
— Espero... Não. Acredito que ainda não preciso.

— Vamos só tentar. Não deve ser tão competitivo, são velho afinal.

...

— BINGO!!

— De novo essa sem vergonha? Eu desisto, ela deve estar trapaceando. É a terceira cartela e ainda tá gritando?

Você resmungava enquanto Ken esperava pacientemente para o novo número. Estava a um quadrado para completar a horizontal perfeita quando a senhora de idade avançada levanta da cadeira com a mão esticada.

— Relaxa, podemos tentar mais uma vez. — Ele te tranquiliza mesmo sabendo que mal estava calmo para te acalmar.

O número seguinte foi dado e então, um senhor ao seu lado levantou e berrou.

— Eu desisto. Esse jogo é muito difícil.

— Normalmente jogos de sorte são assim.

O último número foi dado, e, disputando o terceiro lugar, Ken e um outro senhor se levantaram. Os dois se encararam e o loiro vai em passos rápidos ao homem que verificava as cartelas, se eram ou não autenticas.

O homem de pernas curtas e com dores na coluna xingo alto o outro que chegou depressa a mesa.

— Isso não é justo, isto é exclusivo para nós, senhores e senhoras. Isso é trapaça!

— Meu senhor, isto é um jogo para todas as idades, não temos restrições. Por isso, este homem não trapaceou. E além do mais, o terceiro lugar é dele.

O brinde era um pequeno urso de pelúcia polar. Branco e fofo. Ken pegou e te chamou para que fossem embora.

Quando a "rodada" acabou, você se levantou de supetão, amassou a cartela e a jogou no lixo enquanto caminhava para a saída.
Até tentaria um karaokê, mas não estava em condições para cantar.

Ouve-se uma risada atrás de você e seu cabelo sendo bagunçado.

— Talvez não tenha sido uma boa ideia ir para o salão dos velhos. Fique tranquila, da próxima você consegue!

Duas senhoras passaram por vocês e sussurravam entre si. Alimentando a curiosidade de vocês dois quando notaram que, aparentemente, eram o assunto.

— Vocês são um casal tão lindo. — Uma delas se atreve a comentar, parando na frente de vocês.

— Tenho certeza que os filhos de vocês serão mais lindos ainda.

— Tão fofo.

Ela saem conversando sobre a época da juventude, compartilhando sorrisos e bochechas rosadas.

Isso não te ofenderia se fosse em outras condições, porém, como faz pouco tempo de sua gravidez psicológica, e, mal teve tempo para tratar seu trauma. Seus olhos se abaixaram para o chão e sentiu a mão grande e delicada do loiro em seu ombro.

— Está tudo bem. Sei que não falaram por mal. — Você sorriu e se virou de frente para ele.

Exibindo um sorriso forçado, e no seu mais profundo, triste.

— Vamos encontrar as crianças e a Shibba.

— Sim.

Enquanto esperavam na frente da porta de saída do cinema, Ken estava te abraçando. De fato, o mais alto era muito carinhoso e talvez ele apenas estava colocando para fora a carência acumulada desses meses.

De qualquer forma, esperava que esses momentos não acabassem.

Ken aparentava ser um homem muito amoroso e totalmente diferente do Kokonoi já foi em dez anos. Ele não se importou com sua classe social, ou que você estava envolvida em um escândalo que se prolongava durantes esses dias.
Metade das férias teriam passado e mesmo assim, parecia que seu nome pertencia aos trending topics do mundo da fofoca.

Você se virou de frente e deitou a cabeça no peitoral dele. As mãos dele agarraram sua cintura e os seus braços se apossaram de suas costas. A apertando e o mantendo próximo a você.

Com os olhos fechados, aproveitando o desenrolar dos segundos, sentiu o tronco Ken se inclinar minimamente e os lábios dele tocarem seu cabelo. Era a forma dele de dizer que estaria ali com você.

Você confiou nele, contou sua história, e se permitiu se entregar a esse relacionamento, agora ele lhe mostraria o quão grato ele estaria.

Seu ouvido se atenciou aos batimentos cardíacos calmos e fortes do loiro. Acalmando os seus também. Quase como se estivessem conectados.

Levantou a cabeça e encontrou seus olhos.

Dizem que os olhos são a janela da alma, e se realmente for, você consegue ver sua alma pura e incrível te observando de um modo afetuoso e cheio de carinho.
Estava desacostumada com esse olhar, só os tiveram sobre você há muito tempo, quando apenas namorava com Koko.

Havia se esquecido dessa sensação de conforto. De se sentir vulnerável com apenas um olhar, poderia dizer que se sentia em casa. Mas como? Você só o conhece a pouco tempo e mal teve qualquer contato com ele. Além de algumas carícias.

— Minha mente está pedindo enlouquecidamente para te beijar, e meu corpo quer te sentir o mais próximo possível. Eu não sou capaz de me conter próximo a você, [Nome].

— Eu sinto o mesmo. Às vezes sinto que ajo com naturalidade e em certos momentos meu impulso é tocar em seus lábios e deixar fluir.

Ele sorri e te aperta contra si, se abaixa um pouco e seus lábios se tocariam se não fosse pelas passadas altas e rápidas acompanhadas de gritos. O filme acabou.

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