Terapia.

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Você estava em tratamento psicólogo, sua psicóloga tentava ao máximo segurar as lágrimas e se manter ética perante a situação que você contava.

- Ele me deixou na minha mãe no momento em que eu mais precisei, e eu não sei mais se ele me ama. Ultimamente ele só me trata como um objeto ou algo do tipo.

- Você já conversou com ele sobre como se sente?

- Eu tento, já tentei várias e várias vezes. Mas quando começo, ele sempre dá uma desculpa dizendo que está cansado demais para conversar sobre coisas fúteis.

- O que você sente é fútil?

- Não...

- Seu marido, o trabalho dele é estressante?

- Ele diz que sim. Mas no começo sempre vinha alegre e me dava um presente, todo dia. Mas depois de um tempo ele parou, começou a me cortar nos assuntos e mal falava do seu dia.

- Isso aconteceu depois de... Da sua primeira suspeita de gravidez?

- Acho que sim... Foi, foi sim. Ele ficou rígido ao passar dos dias depois disso.

- Você já parou pra compreender ele? Porque assim como ele tem que ao menos tentar te compreender, você também precisa fazer um esforço. Um relacionamento não funciona se só um lado correr atrás.

Aquilo foi um tapa na sua cara. Você nunca tentou entender o que Kokonoi sentia, assim como ele nunca fez questão.
Ele foi seu primeiro namorado, primeiro beijo, primeira vez, tudo. Então o que ele fazia você achava que tinha que ser daquele jeito, é assim que o relacionamento de vocês funcionava.
E era assim que você achava que era o certo.

- Eu... Não, nunca tentei.

- Então, tenta entender como ele se sente. Mas não é pra bajular e passar mão na cabeça dele pra todas as coisas que ele faz. Só tenta entender as atitudes dele, o que ele faz ou deixa de fazer. O porquê ele faz. Essas coisas. Semana que vem você me conta como se sentiu e conversa com ele. Talvez ele entenda como se sente.

Você saiu da clínica um pouco mais leve por ter pra quem contar esse tipo de coisa. Uma pessoa "desconhecida" que te ouviria com total atenção e não te julgaria em hipótese alguma.
Você se sentia bem melhor em conversar com uma profissional que procurava entender o que se passava na sua cabeça "alucinógena", como Kokonoi dizia. E para a colaboração do tratamento, você só tinha que falar, falar e falar da sua vida.

Era uma sexta feira, mas você achou que era uma treze, por quase ser atropelada algumas vezes em meio ao trânsito louco do centro.

Sabendo do que se passava, Yuzuha, sua melhor amiga te chamou para a casa dela e de Hakkai. Os mais novos não moravam com Taiju faz algum tempo e você sabia muito bem, ele era um cara tóxico e sujo.

"Eu vou passar na Yuzu" - Você mandou para sua mãe.

Após toda a confusão na casa de seus pais, os mais velhos não te deixaram voltar pra sua casa compartilhada com ele, nem por cima de seus cadáveres. Você precisava de um tempo longe de Kokonoi, e nada melhor do que ficar com seus pais e ter o suporte e carinho deles.

"Tudo bem, tome cuidado com o trânsito ele está um caos"
" Você vai almoçar lá?"

"Provavelmente sim, chegando lá eu vejo com ela o que iremos fazer e te aviso."

Dando partida, você parou logo em seguida num semáforo. O ar gelado das nove da manhã te deixava nostálgica, se lembrou de quando acordava cedo num domingo e ia para a igreja com seus pais e quando voltava pra casa tinha um almoço delicioso esperando vocês.
Ou quando você acordava de manhã para ir á escola.
Acordar de manhã pra resolver suas coisas, te deixava nostálgica.

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