O Melhor Remédio

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Um pouco depois das quatro, Raphael ligou para ela. Ele não podia esperar mais; ele tinha que ouvir a voz de Jocelyn. Eles tinham muito o que conversar também, a ligação durou mais de uma hora. A essa altura, ela conseguiu convencer a mãe a ir para casa e dormir, então Cecilia não estava lá para interrompê-los.

O chamado o deixou cheio de emoções conflitantes. Raiva e tristeza, amor e alívio, dor e alegria. Seus olhos nunca estavam muito longe das lágrimas o tempo todo, e pelo som dos tropeços ocasionais de Jocelyn, ela também não estava. Ambos estavam ansiosos para se ver, mas incapazes de fechar a lacuna ainda.

Ele prometeu ficar no telefone com ela o dia todo, se era isso que ela queria. Ela disse a ele que sua bateria não duraria tanto, então brincou que ele sempre poderia ir ao hospital e roubá-la.

Ela não deveria estar brincando sobre isso. Ele queria fazer isso legitimamente. Inferno, ele já tinha planejado fazer isso mais de uma vez, passando pelas plantas do hospital em um ponto para ver o que ele precisaria. Donny o pegou, e entre ele e Leo eles convenceram Raph a não fazer isso.

Quando a ligação chegou à marca de noventa minutos, ela fez um tique-taque. “Minha bateria caiu para quinze por cento”, ela disse a ele. “Está ficando bravo comigo. Preciso deixar você ir.”

Ele bufou. “O telefone do Donny tem uma coisa tipo capa carregadora. Você deveria comprar uma”, ele disse a ela.

“Anotado. Falo com você depois, baby. Eu te amo,” ela murmurou.

Ele sorriu. “Também te amo, querida.”

Quando a ligação foi cortada, seu sorriso simplesmente sumiu. Ele não estava pronto para deixá-la ir. Ele respirou fundo, bufou e então se levantou da cama. Ele ainda tinha horas para desperdiçar — e muito pouca inclinação para fazer qualquer coisa nesse meio tempo.

No momento em que ele saiu do quarto, Mikey estava em cima dele, pedindo para Raph ser seu observador enquanto ele malhava. Surpreso, mas feliz pela distração, Raphael foi fundo, passando quase duas horas com Mikey – até que seu irmão ficou exausto demais do levantamento de peso constante para continuar.

Então veio Leo, perguntando se Raph queria lutar. Agora ficando um pouco desconfiado, ele concordou, a luta se arrastando por quase meia hora antes de terminar empatada.

Donny era o próximo, “precisando” da ajuda de Raph com alguns trabalhos de metal para a van. Ela precisa de alguma blindagem e eu preciso de outro par de mãos, Donny explicou.

Agora Raph tinha certeza de que sabia o que estava acontecendo: seus irmãos estavam lhe dando distrações, mantendo sua atenção desviada de pensamentos angustiantes. Apesar de ainda estar separado de Jocelyn, saber quanto esforço seus irmãos estavam despendendo por ele o deixou sorrindo. Droga, ele os amava — todos eles — tanto.

Entre os três, constantemente ligando para Raph de um lado para o outro, as horas passaram rápido. Antes que ele percebesse, estava escuro, e por volta das 9:30 ele saiu para ir ao apartamento de Jocelyn. No caminho, ele recebeu uma ligação de April, no entanto, interrompendo-o enquanto ele falava com ela.

“Ouvi falar de Jo”, ela disse. “Tenho algo para ela. Você pode vir buscar para mim?” 

A casa de April ficava a apenas alguns quilômetros de distância, então por que não? Isso só acrescentaria uns quinze minutos ao seu tempo de viagem, no máximo. Quando ele chegou lá, April o deixou entrar com um sorriso caloroso, batendo na janela. Ela lhe deu um abraço antes de tudo, que ele aceitou alegremente.

A Dançarina (Raphael Hamato) - | TRADUÇÃO |Onde histórias criam vida. Descubra agora